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É diretor nacional de Ensino da Estácio.

Escolher bets em vez de educação pode não ser a melhor aposta

É por meio do conhecimento que podemos beneficiar a sociedade como um todo e, principalmente, demostrar aos jovens que, para mudarem as suas realidades, não existe outro caminho

  • Flávio Murilo É diretor nacional de Ensino da Estácio.
Publicado em 16/04/2025 às 13h15

Nos últimos anos observamos com maior entusiasmo os avanços tecnológicos que têm facilitado a vida cotidiana e encantado cada vez mais jovens e adultos. No ensino superior, área que acompanho há anos, é nítida a contribuição que as plataformas digitais, e aqui destaco a Inteligência Artificial Generativa, dão a professores e estudantes universitários, no que diz respeito ao aprimoramento acadêmico.

No entanto, a tecnologia também tem sido apontada como possível responsável por um certo “desalento universitário”. Segundo um levantamento feito pela empresa Educa Insights, a pedido da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), 35% dos interessados em cursar uma faculdade em 2024 não se matricularam por gastarem dinheiro com bets e plataformas de jogos. Nas famílias das classes mais baixas, o comprometimento da renda com apostas chega a ser superior a 70% das despesas com lazer e cultura.

O fato de a educação, sobretudo o ensino superior, permanecer como a melhor alternativa para o desenvolvimento profissional e para a mobilidade social dos brasileiros, nos remete à pergunta: por que os nossos jovens estão trocando os bancos universitários pelas casas virtuais de apostas?

A falta de educação financeira é uma resposta possível e, também, por assim dizer, de uma educação tecnológica com foco na preservação da saúde mental contribui, segundo dados de 2024 da OMS, para que cada vez mais jovens sejam seduzidos, chegando a níveis que podem ser classificados como vício.

Mas nem tudo está perdido, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o percentual de pessoas entre 18 e 24 anos que não estuda e nem trabalha, conhecidos como “nem-nem”, diminuiu no Brasil nos últimos anos. Além disso, o ensino profissionalizante, técnico de nível médio ou o superior, continua sendo um diferencial significativo no mercado de trabalho.

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Apostas em futebol. Crédito: Getty Images

De acordo com o índice ABMES/Symplicity de Empregabilidade 2023 (IASE), cerca de 75% dos egressos do ensino superior conseguiram emprego em até um ano após a colação de grau, e mais de 83% atuam em sua área de formação.

Investir em educação continua sendo a melhor alternativa para garantir ascensão social e melhores oportunidades de trabalho. Somente o ensino, sobretudo no superior, possibilita o aprimoramento e amplia horizontes individuais e coletivos. É por meio do conhecimento que podemos beneficiar a sociedade como um todo e, principalmente, demostrar aos jovens que, para mudarem as suas realidades, não existe outro caminho, é necessário esforço, tempo e dedicação, além de manter o foco nos objetivos e distância de quaisquer outras distrações.

Este texto não traduz, necessariamente, a opinião de A Gazeta.

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