O casal que foi vítima de um ataque a tiros em Planalto, Vila Velha, no mês de janeiro deste ano, não tinha qualquer envolvimento com o tráfico de drogas. Foi o que concluiu o inquérito da Polícia Civil, que foi detalhado em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (28). À época, o homem morreu e a esposa ficou ferida. Uma adolescente de 15 anos, vizinha do casal, também foi assassinada.
O ataque aconteceu na madrugada de 21 de janeiro. Os bandidos invadiram o prédio e entraram primeiro na quitinete de Gabriela Moreira Faqueres, de 15 anos. Ela morreu na hora. Um rapaz que estava com a moça conseguiu fugir.
Em seguida, eles arrombaram a porta do casal vizinho e dispararam. O mecânico Jabes César Ribeiro, de 28 anos, morreu no local. A esposa dele, uma estudante de Engenharia Civil, foi socorrida com vida para um hospital da região, ferida com um disparo na barriga.
Segundo as investigações, o homem que estava com a adolescente Gabriela era o verdadeiro alvo dos criminosos. "Vimos que esse crime tem relação com a disputa do tráfico de drogas entre dois grupos que dominam a região de Zumbi dos Palmares: um denominado Casinha e o outro Índio Carajás. É tão complexo, porque, com as investigações, a gente viu que o pano de fundo para uma série de mortes, além de ser a disputa do tráfico de drogas, ainda teve a questão do relacionamento conturbado entre um dos líderes e sua companheira", explicou a delegada Raffaella Aguiar, da Divisão de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM).
Após uma briga durante o relacionamento, a namorada de um dos líderes do tráfico dessas gangues foi pedir abrigo na casa de uma amiga, a adolescente Gabriela. O problema é que o namorado de Gabriela era de uma gangue rival. Sendo assim, no período em que ficou lá, essa namorada, identificada como Virgínia, conseguiu saber detalhes da rotina do casal e repassar as informações para o companheiro dela, o Paulo Vitor.
"Sorrateiramente ela continuou mantendo contato com seu companheiro — isso é muito comum nas relações tóxicas —, e aí eles tramaram em três dias como seria a ação para conseguir matar o alvo pretendido. A garota passou informações privilegiadas para os autores, facilitou a entrada, indicou qual era o apartamento que eles teriam que entrar. Tem informações de que ela sempre dormia com o colchão atrás da porta e nesse dia ela dormiu no sofá, para o acesso ser mais rápido e eles conseguirem entrar", detalhou a delegada.
Os suspeitos chegaram a usar colete e armamento típico das forças de segurança, na tentativa de se passarem por policiais. Logo que entraram na quitinete, o alvo fugiu na direção do apartamento vizinho, que nada tinha a ver com o tráfico e tinha acabado de chegar de uma viagem.
"Lá moravam pessoas de bem, que não tinham passagem pela polícia. Estavam passando férias na Bahia e tinham acabado de chegar naquela noite. Com a confusão e execução da outra vítima, ele (Jabes) foi para a porta para ver o que estava acontecendo, nisso, quando ele resistiu, os autores acreditaram que ele poderia ser o alvo e efetuaram o disparo; conseguiram executar ele, já tinha alvejado a mulher e vasculharam o apartamento. Quando viram que o alvo não estava lá, todos fugiram", disse Raffaella.
Três dos suspeitos foram presos ao longo das investigações. São eles:
A polícia está em busca de dois foragidos, identificados como Virgínia Costa Rodrigues Souza, a "Viviane", de 21 anos, e Juliano de Oliveira Marriel, o "Juliano Flexal", de 31 anos. Quem tiver informação sobre o paradeiro deles pode ajudar pelo Disque-Denúncia, no telefone 181. O anonimato é garantido.
Na ocasião, a Polícia Militar foi acionada e encontrou a adolescente já morta na primeira quitinete. No imóvel foram encontradas porções de drogas, touca ninja e um coldre de arma de fogo.
Em outra quitinete, os policiais ouviram, por uma janela, uma mulher pedindo socorro, informando estar baleada e que seu companheiro estava morto atrás da porta, também atingido por disparos de arma de fogo.
À época, familiares do casal contaram que eles viviam no local há cinco anos e nunca tinham tido nenhum problema com a vizinhança. Eles acreditavam que o apartamento tinha sido invadido por engano. Já a adolescente morava no prédio havia menos de um mês.
Após coletiva de imprensa, o texto foi atualizado com mais detalhes do caso e imagens dos suspeitos foragidos.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta