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Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 16:02
O Cais das Artes, em construção na Enseada do Suá, em Vitória, poderá ter um espaço para tecnologia. Com as obras paradas desde 2015 e um imbróglio na Justiça para retomada, o Governo do Estado vê na concessão do espaço uma saída para destravar os trâmites e finalizar a novela do complexo cultural iniciada em 2010.
A informação foi divulgada pelo governador Renato Casagrande durante entrevista à rádio CBN Vitória nesta quarta-feira (13). Ele afirmou que esta é uma das duas saídas pensadas pelo Executivo para a entrega do espaço à população.
O governador explicou que o Estado avalia duas alternativas para destravar as obras, pois "a discussão judicial sobre o Cais das Artes está muito ruim".
"Estamos fazendo dois caminhos. Um caminho é a tentativa no Tribunal de Contas de regulamentar um contrato de gestão para ver se um grande acordo pode nos dar caminho para resolver um imbróglio jurídico causado pelo rompimento do contrato com a empresa Andrade Valadares", conta o governador, dizendo que o Tribunal de Contas está ajudando nesta primeira possibilidade.
Para a segunda alternativa, que seria incorporar o hub de startups no Cais das Artes, Casagrande explica que o executivo está em conversas com empresas de tecnologia.
"Há outro caminho. Tem um grupo de empresas de tecnologia que está dialogando conosco para ver se a gente consegue fazer ali uma concessão daquele espaço. (A ideia é) que preserve a atividade cultural, mas que incorpore a atividade de tecnologia também com startups naquela região. E esse grupo de empresas poderia entrar concluindo as obras", afirmou Casagrande, dizendo que essa opção está em análise junto ao Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).
"O Bandes está analisando para nós (a segunda proposta). Estamos discutindo com as empresas essa possibilidade de ser ali um grande hub de startups. Hoje é muito moderno e atual você integrar cultura e tecnologia. Estamos tateando para ver se conseguimos achar um caminho pela situação que a gente assumiu, dessa ruptura unilateral por parte do governo no passado do contrato com a empresa", finaliza.
As alternativas apresentadas por Casagrande se dão após o governo ter anunciado, no início de 2020, que as obras do complexo poderiam ser retomadas no mesmo ano. Já em janeiro de 2021, o Eexecutivo tinha esperanças de fazer um acordo com a empresa Andrade Valadares e iniciar as obras até junho, dando fim ao processo judicial que paralisou a construção do complexo em 2015.
"Quando saí do governo em 2014, nós já tínhamos contratado a Andrade porque a primeira empresa, Santa Barbara, tinha quebrado e abandonou o Cais das Artes. Fizemos uma nova licitação e a empresa (Andrade), que estava construindo o Kleber Andrade, ganhou a licitação, começou a obra. Depois entrou o novo governo, rompeu esse contrato. Aí começou a luta na Justiça. E quando vai pra Justiça, isso fica sem solução. E a gente está, de fato, com diversas dificuldades de retomar (as obras) por causa do rompimento", explicou Casagrande à rádio CBN.
Em maio deste ano, o Departamento de Edificações e Rodovias do Espírito Santo (DER-ES) chegou a informar que estava "finalizando o acordo internamente com a empresa responsável pela obra", assinalando uma possível retomada. O acordo não saiu e o governo tenta uma saída com ajuda do Tribunal de Contas.
"O Tribunal de Contas está nos ajudando a ver se achamos um caminho para um entendimento, sem tirar responsabilidade de alguém que tenha cometido erro no passado, mas ver se conseguimos destravar a obra", afirmou Casagrande na entrevista desta quarta-feira (15).
Desconsiderando novas avaliações que podem revelar que o Cais das Artes necessite de algum tipo de recuperação por dano causado pela ação do tempo no período em que a obra ficou parada, a edificação ainda tem pendente a conclusão do teatro, museu e uma praça (que já estava prevista no projeto original).
Ao todo, o teatro teria 600 metros quadrados com 1,3 mil lugares e um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto. O museu compreenderia um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria. Já a praça original foi projetada para ter cafeterias, livrarias e espaços para espetáculos e exposições ao ar livre.
Além disso, em anúncio feito pelo próprio DER-ES em maio deste ano, a área que era originalmente destinada ao estacionamento do complexo cultural servirá, em parte, para uma praça. Até agora, a associação de moradores da Enseada do Suá conseguiu aprovar a construção da praça, mas não há confirmação de possíveis atrações que tenham no espaço – como cinema, que já foi ventilado.
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