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Publicado em 11 de dezembro de 2021 às 09:00
Em tratamento contra um câncer no peritônio, Cláudio França, da Banda Big Bat Blues Band, ainda aguarda que o Poder Público libere o remédio Erdafitinibe (que custa cerca de R$ 60 mil mensais), essencial na sua batalha pela sobrevivência. Após entrar com um processo na Quinta Vara Federal Cível de Vitória, uma juíza deu ganho de causa a Cláudio no dia 5 de novembro, ordenando que a União disponibilizasse a medicação em 20 dias úteis, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. O prazo venceu na última terça-feira (7) e Cláudio ainda não recebeu o fármaco.
A situação é alarmante, pois o artista não pode ficar sem o remédio, correndo o risco do tratamento regredir e o carcinoma voltar a atuar de forma agressiva. Após a mobilização de amigos com doações, França - internado no Hospital das Clínicas, em Vitória, há cerca de 40 dias - conseguiu o Erdafitinibe para o primeiro mês (são dois comprimidos por dia), mas as doses acabaram na quarta-feira (8).
"No último dia 25, percebendo que o procedimento administrativo da União encontrava-se estagnado, fizemos uma requisição para que a Justiça fizesse um depósito (conhecido como sequestro de verbas), pedindo os R$ 60 mil. A juíza da Quinta Vara Federal Cível de Vitória, nesta quinta (9), indeferiu o nosso pedido, ainda dando um prazo de mais cinco dias para o Poder Público disponibilizar o fármaco", lamenta Kátia Moreira, esposa do artista.
Nesta sexta (10), considerando que a União requereu nos autos o adiamento de prazo para o cumprimento da decisão, o advogado do músico reiterou o pedido de sequestro de verbas, mas ainda espera a decisão judicial.
"Vamos continuar lutando, pois estamos correndo contra o tempo. Se o remédio não chegar, vamos abrir um processo em segunda instância. Enquanto isso, continuamos mobilizando os amigos para conseguir o dinheiro para comprar o medicamento. A minha tristeza é saber que muitas pessoas estão brigando na Justiça e muitos sem sucesso. Alguns até não sabem que têm esse direito. O Estado tem obrigação de prover pela nossa saúde", acredita Kátia.
Em suas redes sociais, a Big Bat Blues Band continua fazendo uma campanha de doações. Qualquer valor é bem-vindo!
O Ministério da Saúde foi demandado sobre o processo e o prazo de entrega do medicamento ao músico e até o momento do fechamento não tivemos resposta. Quando a reposta chegar, a matéria será atualizada.
Na tarde desta sexta (10), "HZ" conversou com Cláudio França, que confirmou sua condição de melhora na saúde após passar por uma cirurgia para refazer o trânsito intestinal, realizada no Hospital das Clínicas, em 1ª de dezembro.
"Os médicos estão confiantes após o procedimento bem sucedido. Já estou me alimentando por via oral e o intestino se regularizou. Tudo só transcorreu tranquilamente porque estava tomando a medicação. Preciso continuar com ela, pois o risco dos tumores voltarem a crescer, ou mesmo aparecerem novos, é muito grande, se o tratamento for interrompido", explica.
Animado, e muito emocionado com o apoio que vem recebendo da classe artística e de amigos ("é um amor que te deixa sem palavras e faz você seguir lutando pela vida"), Cláudio França afirma que, em breve, deve voltar para casa. "Se tudo continuar correndo bem, devo ter alta nos próximos dias. Quem sabe no domingo (12)?", festeja.
Conforme adiantou "HZ", Cláudio França descobriu um carcinoma urotelial papilar de alto grau, um câncer originado do trato urinário. Em tratamento no hospital, ele contou à reportagem que passou por quatro cirurgias. Após a retirada do rim direito e ureter, em setembro de 2019, passou por uma cirurgia, em março de 2020, para avaliação de um tumor no peritônio, a membrana que reveste o interior do abdômen.
"A retirada desse tumor não foi indicada nesse primeiro momento e fui encaminhado para a quimioterapia com o objetivo de reduzi-lo para, só então, poder retirá-lo. Esse primeiro protocolo de quimioterapia foi bem-sucedido e o tumor reduziu além da expectativa dos médicos. Assim, fui para a terceira cirurgia, que resultou na retirada desse tumor. Depois de um período estável, exames regulares para controle da doença indicaram a presença de um tumor no pulmão e, em fevereiro, foi diagnosticado um tumor em suboclusão intestinal com a quarta cirurgia. Assim, iniciamos uma nova rodada de quimioterapia com o mesmo protocolo utilizado anteriormente", relata.
Mesmo em tratamento quimioterápico, houve uma recidiva do câncer no fígado. Após isso, um novo protocolo de quimioterapia foi adotado pelos médicos para o tratamento, já que o anterior não vinha mais tendo êxito.
"Felizmente, esse novo tipo de quimioterapia surtiu efeito positivo. Mas pouco tempo depois, soubemos que, apesar de toda positividade dessas duas quimioterapias, os tumores voltaram a se desenvolver no intestino. Diante desse quadro, o tratamento de quimioterapia foi encerrado e partimos em busca do tratamento pleiteado na Justiça. Esse tratamento é considerado um dos mais modernos e focado para o meu tipo de câncer, mas era preciso esgotar todas as outras possibilidades de tratamento disponíveis. E elas foram esgotadas", diz Cláudio.
Todas as etapas do tratamento do músico realizadas até o momento foram feitas no Sistema Único de Saúde (SUS). Em função das respostas ao tratamento, ele não poderá mais fazer a quimioterapia tradicional, tanto que precisou entrar com um medicamento de alto custo, R$ 60 mil por mês, que também é fornecido pelo SUS, mas que precisa ser liberado pela Justiça. Os amigos fizeram uma mobilização para comprar o primeiro mês de medicação.
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