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Hepatite viral: conheça a doença diagnosticada no jogador do Flamengo

O zagueiro David Luiz deixou o campo na vitória do Flamengo sobre o São Paulo por causa de um quadro de hepatite viral. A doença é uma infecção que atinge o fígado, podendo causar alterações leves e até graves

Publicado em 25 de agosto de 2022 às 17:12

David Luiz
David Luiz deixou o jogo entre Flamengo e São Paulo por estar com uma hepatite viral Crédito: Reprodução @davidluiz

O zagueiro David Luiz, do Flamengo, foi substituído no intervalo da partida contra o São Paulo pela semifinal da Copa do Brasil, na quarta-feira (24), por estar com uma hepatite viral. Segundo informações do site GE, o departamento médico do Flamengo fará novos exames nesta quinta-feira (25) para observar a seriedade do quadro e posteriormente se pronunciar sobre o caso.

Nos últimos dias, o jogador David Luiz estava com quadro de virose, dormindo mal e apresentando muitos sinais de cansaço. Após ser substituído, o atleta demonstrou um semblante abatido no banco de reservas.

A hepatite viral é uma infecção que atinge o fígado, podendo causar alterações leves e até graves. No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus dos tipos A, B e C. Apesar de serem detectados em menor frequência, existem ainda os tipos D e E. Eles podem não apresentar sintomas durante um período da infecção e passam despercebidos por pelo menos 1 milhão de pessoas no Brasil, que convivem com a infecção sem saber. 

O hepatologista Leonardo Mota, da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, conta que todas as hepatites compartilham algumas semelhanças, mas é importante ter em mente que são doenças diferentes. “De forma geral, todas vão ter um quadro clínico agudo e um quadro clínico crônico, ou seja, um quadro inicial que depois se desenvolve para uma doença de longo prazo”. 

A hepatite A é a única que se caracteriza apenas pela fase aguda. Nela, sintomas como náuseas, mal-estar, dor de barriga, vômito, diarreia e pele amarelada são comuns e melhoram espontaneamente. "As hepatites B, C e D podem evoluir para uma fase crônica, em que não há muitos sintomas, mas existe a presença de lesões progressivas no fígado, que ocorrem de forma silenciosa e podem levar à cirrose. Esse é o maior risco destas hepatites a longo prazo”, diz o médico.

COMO SE PREVENIR A HEPATITE?

  • A hepatite pode ser decorrente de diversas causas: infecção, uso de medicamentos, uso de álcool e outras drogas, doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas. A médica Juliete de Fátima Rocha, do Hospital Universitário (UFSCar/Ebserh), explica que o fígado é um órgão essencial do corpo que desempenha mais de 500 funções vitais, como remover as substâncias prejudiciais ao organismo, regular os níveis de açúcar no sangue, produzir hormônios, enzimas e proteínas, entre outros.

Alguns dos sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. A médica conta que a prevenção das hepatites B, C e D requer atitudes e práticas e seguras, como o uso adequado do preservativo e o não compartilhamento de instrumentos perfurocortantes e objetos de higiene pessoal, como escovas de dente, alicates de unha e lâminas de barbear ou depilar.

"Exija sempre materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e piercing, consultórios médicos, odontológicos e manicures", diz Juliete.

Já as medidas de prevenção para hepatites A e E incluem melhorias no saneamento básico, além de evitar o contato com água contaminada e lavar bem os alimentos antes do consumo. "Há vacina contra as hepatites A e B. Em relação à hepatite B, temos a imunoprofilaxia com imunoglobulina hiperimune (para casos indicados). A testagem para hepatite B das mulheres grávidas ou com intenção de engravidar também é fundamental para prevenir a transmissão da mãe para o bebê", esclarece a médica.

TRATAMENTOS

Para o diagnóstico, é comum a realização de testes rápidos para a obtenção de resultados, mas, segundo Leonardo Mota, só essa testagem não é suficiente. “Só o teste rápido não é o bastante, pois ele só traz a resposta imunológica. É necessário confirmar a infecção através do PCR, que é feito nas Hepatites B, C e D. Geralmente, é possível encontrar esses testes em regiões que realizam campanhas contra hepatite ou em postos de saúde”, diz o hepatologista.

Juliete diz que, em geral, a doença é diagnosticada com uma combinação de exames de sangue, de imagem e, em alguns casos, pode ser necessária a biópsia hepática. "Como já foi exposto, os pacientes podem se apresentar com quadro de hepatite aguda (sintomático), como também podem não apresentar sintomas por um longo período. Ou mesmo já ser diagnosticado em uma fase com sequelas no fígado decorrentes da infecção".

A médica explica que, se houver suspeita de hepatite viral, exames de sangue são realizados para detectar a presença de um vírus específico da hepatite ou de anticorpos produzidos pelo sistema imunológico para combater esse vírus.

VEJA OS TRATAMENTOS

  • Hepatite A: não há nenhum tratamento medicamentoso específico disponível até o momento; assim, o tratamento consiste em cuidados de suporte. Na maioria dos casos, ocorre resolução completa do quadro e não deixa sequelas no fígado.

  • Hepatite B: na fase aguda, deve ter cuidados de suporte. Na fase crônica, o monitoramento regular de sinais de progressão da doença no fígado; alguns pacientes são tratados com medicamentos antivirais específicos e indicados durante o seguimento com seu médico. Atualmente, o tratamento visa a “cura funcional”, onde o vírus da Hepatite B pode persistir em estado latente. Esses pacientes estão potencialmente em risco de reativação se expostos à quimioterapia do câncer ou terapias imunossupressoras (após o transplante, por exemplo).

  • Hepatite C: as pessoas devem ser consideradas para tratamento se a infecção se tornar crônica. Nesta fase, existem vários medicamentos disponíveis para tratar a hepatite C crônica da classe conhecida, como antivirais de ação direta (DAAs). Os tratamentos atuais geralmente envolvem de 8 a 12 semanas de terapia oral (pílulas) e curam mais de 90% das pessoas com poucos efeitos colaterais.

  • Hepatite E: também não existe medicação específica para o tratamento. Geralmente a infecção é autolimitada e com eliminação espontânea do vírus, alcançando a cura sem deixar sequelas no fígado. Alguns casos podem gerar infecção crônica.

  • Hepatite D: é mais rara. A indicação do tratamento medicamentoso vai depender da ausência de contraindicações à medicação usada e conforme indicação médica.

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