A cantora Sol Pessoa. Crédito: Divulgação
Para celebrar o Dia da Mulher Negra, nada melhor do que dar voz e vez a mulheres com histórias incríveis. Sol Pessoa é uma dessas mulheres. Mulher de garra, com uma história inspiradora.
Solimar Pessoa de Oliveira, mais conhecida como Sol Pessoa, nasceu em Nilópolis, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, e mudou-se para o Espírito Santo há 24 anos. Hoje, aos 57 anos, ela mora na periferia da Serra e é um dos maiores nomes do samba capixaba. “Vim passar umas férias com minha família aqui no ES e nunca mais voltei para minha cidade, a não ser para visitar. Me apaixonei pelo estado”, contou.
Sol Pessoa com os netos. Crédito: Acervo Pessoal
Sol teve dois filhos e atualmente tem dois netos. Desde jovem, ela sonhava em cursar Direito, mas a realidade a obrigou a trabalhar como faxineira por muitos anos. Foi só depois dos 50 anos que ela conseguiu pagar a faculdade com o dinheiro da faxina e com financiamento estudantil. A realização do sonho, no entanto, foi interrompida tragicamente quando seu filho Luiz Henrique foi assassinado. Sol entrou em uma depressão profunda e precisou trancar a graduação.
“Quando meu filho morreu, achei que eu morreria junto. A música me tirou da depressão e me livrou da morte. É uma dor insuportável que aprendi a lidar. Cantar me ajuda a lidar com essa dor”
Sol Pessoa
Amigos próximos a incentivaram a cantar durante esse período difícil, e foi assim que ela começou a se apresentar na noite. O samba, que ela nunca havia considerado antes, se tornou sua tábua de salvação.
Após se recuperar da depressão, Sol Pessoa conseguiu retomar e concluir a faculdade de Direito durante a pandemia da Covid-19, embora não tenha podido participar da formatura devido às restrições sanitárias. Posteriormente, fez uma pós-graduação em Processo Criminal. Hoje, ela divide sua vida entre a música e o direito, exercendo suas duas profissões com paixão.
“Após muitos anos e muita luta, eu finalmente consegui concluir minha graduação. Sou apaixonada pelo Direito, principalmente a área criminal. Hoje sou pós-graduada em Direito Criminal. Posso dizer que sou muito realizada em poder trabalhar com duas coisas que amo”, diz Sol, com a voz cheia de emoção.
A luta por respeito e igualdade sempre esteve presente em sua vida. Ela lembra com firmeza dos episódios de preconceito que enfrentou por ser mulher e cantar em rodas de samba predominantemente masculinas. Confira o relato:
Sol se inspira em grandes nomes do samba, como Alcione e Zeca Pagodinho. Ela acredita que o samba capixaba tem evoluído bastante, mas precisa crescer ainda mais. “Os músicos deveriam se unir mais e lembrar que a estrela é o samba. Música é vida e posso afirmar com propriedade que quem canta é mais feliz e espanta o mal".
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