Administrador / [email protected]
Publicado em 31 de março de 2023 às 10:53
Um espaço de fala, de escrita e da 'imortalidade' das pessoas, especialmente as que não tiveram oportunidades na literatura tradicional, tornando-se invisibilizadas. Este é um dos mantras da recém-criada Academia Capixaba de Letras da Diversidade, que conta como presidente a escritora e servidora pública Luciana Medeiros dos Santos.
Em conversa com "HZ", Luciana - que lançou no ano passado "Poesia é a Vida no Papel" e participa de coletivos literários, como o Teresa de Benguela - afirma que o espaço pretende dar vez e voz a quem, quase sempre, não têm espaço nas academias tradicionais. Entre os acadêmicos, estão indígenas, quilombolas, negros, mulheres, pessoas com deficiência, membros da comunidade LGBTQIAP+ e de religião de matriz africana, moradores de espaços periféricos e detentos. A iniciativa é pioneira no Brasil.
"Muitas das academias tradicionais ainda privilegiam quem está dentro do padrão do homem branco e heterossexual. Nossa ideia é dar oportunidade para que artistas com pouco espaço possam lançar seus livros. Tenho um irmão trabalhando na Secretaria de Justiça que me mostrou presos escrevendo memórias literárias. Esses trabalhos precisam ser valorizados e difundidos", defende Medeiros, afirmando que, entre os participantes, também estão pessoas de outros estados, adolescentes e até Chirley Pankará, ativista que trabalha com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas do Brasil.
A Academia Capixaba de Letras da Diversidade até agora conta com 16 membros, sendo 14 escritores e dois que atuam na área administrativa. O estatuto está pronto e o regimento deve ser montado até abril. O grupo busca uma sede, que provavelmente deve ser em Vila Velha. "Hoje nossas reuniões acontecem no Morro do Moreno, na casa de um dos membros", informa Luciana.
A ideia - segundo o estatuto - é fomentar a cultura literária entre povos de diversos segmentos da sociedade, dando prioridade a escritores que tenham pelo menos um livro publicado, privilegiem a língua portuguesa e que versem sobre temáticas voltadas para a diversidade, respeitando e difundindo a pluralidade de pensamentos e usando a escrita para defender bandeiras de inclusão propostas pelo órgão.
"Devemos lançar um edital no meio do ano para selecionar novos acadêmicos. Por enquanto, estamos atrás de um registro e um CNPJ. Também pretendemos abrir vagas para imigrantes e refugiados", acrescenta. Ao todo, o órgão deve contar com cerca de 50 membros após todo o processo seletivo.
Entre os patronos da academia, pessoas atuantes da cultura e política nacional, como Machado de Assis, Cazuza, Elza Soares, Cassandra Rios, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Marielle Franco.
Na última semana, Luciana Medeiros foi convidada pela Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Espírito Santo para apresentar a iniciativa aos parlamentares. "Foi importante receber as 'bênçãos' dos deputados", exalta a presidente da academia. "Recebemos o apoio de deputados como Iriny Lopes (PT) e Sergio Meneguelli (Republicanos). No geral, a proposta foi bem aceita".
Iriny - que preside o colegiado de Cultura - colocou a comissão à disposição da nova academia e lembrou que os espaços do Palácio Domingos Martins podem receber feiras literárias. A deputada estadual também sinalizou que viabilizará um lugar na ALES para a cerimônia de posse dos acadêmicos.
E por falar em feiras, Luciana Medeiros afirma que uma de suas próximas metas é criar a 1ª Feira Literária da Mulher Capixaba, que tem como propostas divulgar as obras de nossas inúmeras escritoras, vender livros e promover encontros e debates com editoras.
"Estamos em busca de patrocínio para a realização da feira. Penso em negociá-la com um estabelecimento comercial de Vila Velha. Será um espaço de difusão do trabalho da mulher capixaba", complementa.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta