O capixaba André Prando faz duas apresentações em São Paulo nesta quinta (29) e sexta (30). Crédito: Henrique Cesar
Após apresentação no Rio de Janeiro em agosto, em que teve uma elogiada performance no Circo Voador - lendário palco da MPB -, André Prando está de malas prontas para Sampa e cheio de novidades na carreira.
O artista capixaba faz duas apresentações para os paulistas nos próximos dias. A primeira delas acontece nesta quinta (29), dentro do tradicional projeto "Prata da Casa", no Sesc Pompeia, em São Paulo. A segunda rola no dia seguinte, sexta (30), no Sesc Sorocaba.
Em conversa com "HZ", Prando externou suas expectativas sobre os espetáculos. "Estamos começando a circular o show de apresentação do nosso último trabalho, 'Calmas Canções do Apocalipse', gravando em 2020, durante a pandemia da Covid-19", explica, ressaltando a importância de participar do "Prata da Casa".
"É um projeto importante, que ficou parado há alguns anos. Ele aposta na música independente, acentuando artistas que estão se destacando no cenário musical do país. Na apresentação de São Paulo, vou dividir o palco com o The Raulis, um trio instrumental de surf cumbia de muito talento", ressalta.
"É um espaço que além de reunir o público que já nos acompanha, nos apresenta pra todo um novo público interessado em cultura, atrai jornalistas, radialistas, produtores, podendo surgir várias oportunidades futuras de carreira. Circular pelo Sesc SP é uma grande realização e oportunidade. Quando pinta um convite para participar de um evento dessa importância, soa como uma legitimação dos nossos muitos anos de trajetória", adianta André, que chega a terras paulistas com a banda completa, composta por Jackson Pinheiro (baixo), Thaysa Pizzolato (teclado), Natalia Arrivabene (bateria) e Phillip Rios (guitarra)."
Nas performances, Prando adianta que, além de faixas de "Calmas Canções do Apocalipse", pretende mesclar composições de seus mais de dez anos de carreira, composta por dois EPs, dois álbuns e dois discos ao vivo, que podem ser identificados como MPB, no sentido amplo do gênero, ou na permissão experimental e "mais viajante" da sigla (Música Psicodélica Brasileira), como "Linha Torta", "Fantasmas Talvez", "Eu Vi Num Transe", "Amiga Vagabunda" e "Choro Plebeu".
"Penso que minhas músicas estimulam o imaginário, sabe?", responde pausadamente, parando para pensar antes de concluir sua linha de raciocínio. "Elas falam do nosso tempo e falam de uma expectativa de um novo tempo também. Esse novo trabalho ("Calmas Canções do Apocalipse") ainda ressalta uma necessidade de recomeço. Penso que é meio uma poesia que, de forma psicodélica, traz existencialismo. Uma mistura da nossa realidade com nossos sonhos, nossas utopias", filosofa.
"CANTA, RAUL!"
E a passagem pelo Circo Voador (no Rio), além de uma experiência incrível, também está ligada à outra importante história de Prando relacionada à Raul Seixas. O capixaba, em contato com Vivi Seixas, filha de Raul Seixas, recebeu um convite para gravar, em estúdio, uma faixa inédita do pai do rock nacional.
"Eu e Vivi nos conhecemos pela internet, ela me viu cantando Raul e trocamos mensagens. Posteriormente nos encontramos pessoalmente num Baú do Raul. Acho que foi em meados de 2017 que ela me mostrou a letra inédita de “Vívian”, música escrita por Raul e Kika (Seixas, esposa do artista baiano) em sua homenagem. A composição retratava sua infância e memórias da época. A letra é a versão original de uma música que Raul lançou em 1983 com o nome 'Segredo da Luz' e com outra letra. Ao me mostrar, pediu com carinho que a cantasse", descreve o capixaba.
"Foi impactante pra mim. Fã que sou, fiquei emocionadíssimo com o pedido. Gravei um vídeo simples na época, mas de 2019 pra ca temos trabalhado nessa gravação em estúdio. A gravação foi feita no estúdio do amigo Carlos Sales, tem participação e produção musical de Rick Ferreira (guitarrista que gravou nos discos de toda carreira de Raul) e conta também com participação de Paulo César Barros, seu baixista original.", adianta, dizendo que também gravaram um clipe, a ser lançado nos canais de Raul Seixas em data a ser definida.
Em breve, André Prando vai entrar em estúdio para gravar seu novo disco, "Iririu". Crédito: Gabriel Hand
E pensa que se acabaram as novidades? Claro que não! André Prando está preparando um novo álbum, "capixabamente" chamado "Iririu".
O novo trabalho está em fase de composição. "Conto com nove faixas compostas, mas a ideia é escrever mais. Quero fazer com calma, pois ainda estamos divulgando 'Calmas Canções do Apocalipse'. Não há previsão de entrar em estúdio, mas sei que estudo a possibilidade de trabalhar com um produtor musical. O olhar de um produtor é importantíssimo para um trabalho autoral", acredita.
Ah, sim! Pelo menos uma das músicas do novo projeto, Prando "entregou" a "HZ". "'Iririu' - a música - vai falar dos meus tempos de Ufes, na década de 2010. Estudei música, então estava sempre em contato com a galera das artes também. Tinha uma galera que falava 'iririu' como uma forma de se cumprimentar, como um axé, um salve. Passei a usar também. Também era uma forma de se referir à um grupo de pessoas. Nessa música vou contar um pouco sobre essa história, citar alguns personagens importantes, falar sobre a palavra sob minha ótica", conta.
"Quero continuar com a vibe que mistura mpb, psicodelia, rock… mas, desta vez, pretendo explorar mais elementos de brasilidade, mais percussão, diferentes ritmos… quero que seja mais brasileiro", enfatiza, também revelando que, brevemente, vai fazer feats em novas faixas de nomes como Gustavito e DJ Maholic.
PRÊMIO
André Prando foi um dos nomes mais laureado do 1º Prêmio da Música Capixaba, realizado em agosto, no Centro Cultural Sesc Glória. O artista recebeu dois troféus, o de Melhor Intérprete (ao lado de Luiza Dutra) e Melhor Show/Live, que premiou sua apresentação gravada no Virada SP, em outubro de 2021. Veja vídeo abaixo o vídeo da performance.
"Acho que é o reconhecimento de uma carreira de mais de dez anos de circulação artística, levando a música capixaba para vários estados. O troféu de live, por exemplo, foi gravado em São Paulo. São importantes iniciativas como essas (de premiar a música capixaba). Eventos assim conseguem unir diferentes gerações da cadeia produtiva do Espírito Santo", complementa.
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