Maria Alice Paoliello Lindenberg foi uma figura central na cultura e nas artes do Espírito Santo. Crédito: Divulgação
Morreu na madrugada desta quinta-feira (15), aos 87 anos, Maria Alice Paoliello Lindenberg, uma figura central na cultura e nas artes do Espírito Santo. Jornalista e pedagoga, Maria Alice deixou um legado que transcende sua atuação profissional, tornando-se um ícone no cenário cultural capixaba. Sua morte, decorrente de insuficiência respiratória causada por fibrose cística, marca o fim de uma trajetória dedicada ao desenvolvimento da comunicação, das artes e do bem-estar social.
Em entrevista para HZ, Ronaldo Barbosa, artista plástico, ex-diretor do Museu Vale e amigo de Maria Alice, reafirmou a importância e genialidade da jornalista. "Sempre curiosa, atenta e aberta a todas as movimentações no mundo das artes, principalmente da arte contemporânea. Foi minha amiga durante muitos anos, conheci ela na minha primeira exposição, com apenas 16 anos, na Aliança Francesa, em Vitória".
Ronaldo conta que ela sempre foi uma pessoa de cabeça aberta, que incentivava todo o momento cultural que acontecia em Vitória. "Maria Alice foi responsável, desde o início, pela construção do Museu Vale. Todas as exposições, passos ousados que demos no Museu Vale, ela estava junto. Falece uma mulher muito importante para a cultura do Espírito Santo".
“Ela foi conselheira do Museu Vale desde a inauguração. Sempre me incentivou muito nas propostas ousadas que fazíamos e me ajudava a receber os artistas e curadores. Sempre na sua elegância, discrição e curiosidade. Perco uma grande amiga, estou muito triste”
Ronaldo Barbosa
Casada por mais de 30 anos com o empresário e jornalista Cariê Lindenberg, fundador da Rede Gazeta, Maria Alice foi uma referência no mercado de comunicação corporativa no Espírito Santo. À frente de discussões culturais e sociais promovidas pela TV Gazeta, ela se destacou como uma grande incentivadora das artes plásticas, da música e da educação. Sua influência foi determinante para o fortalecimento da Orquestra Filarmônica do Espírito Santo e para a criação de importantes movimentos filantrópicos, como a Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc) e a Associação Capixaba contra o Câncer Infantil (Acacci).
Maria Alice foi mais do que uma jornalista, foi uma verdadeira missionária da transformação social. Na década de 1980, como repórter de Cultura do jornal A Gazeta, no Caderno Dois, ela se dedicou à promoção das artes e dos movimentos culturais, evidenciando seu compromisso com a cultura capixaba. Sua atuação no projeto "A Gazeta na Sala de Aula" e no "Projeto Educar" foi essencial para a formação de milhares de professores e para o incentivo a artistas, contribuindo para o desenvolvimento de uma educação mais humanista e integrada às artes.
O maestro Helder Trefzger conviveu com Maria Alice por mais de 20 anos. "Uma figura essencial para a cultura e as artes no Espírito Santo, especialmente no apoio à Orquestra Sinfônica do ES. Com sua gentileza e elegância, ela disponibilizou a estrutura da Rede Gazeta para promover a orquestra, acompanhando de perto cada conquista", lembra.
“Quando criamos a Associação de Amigos da Orquestra, ela abraçou a causa e foi a primeira a ser homenageada como Amiga da Orquestra. Seu legado vai além da música, marcando também o social e a educação"
Helder Trefzger
O comprometimento de Maria Alice com as causas sociais não se restringia ao âmbito profissional. Como vice-presidente da Ação Comunitária do Espírito Santo (ACES), ela esteve à frente de programas que ofereceram oportunidades a jovens em situação de vulnerabilidade, promovendo acesso à cultura e auxiliando na busca pelo primeiro emprego. Sua sensibilidade e determinação foram fundamentais para viabilizar projetos que transformaram e salvaram vidas, consolidando valores que permanecem na cultura da Rede Gazeta.
"Tenho por Maria Alice um carinho muito grande e agradecimentos por tudo que fez por mim e pela nossa cidade. A vida precisa de mais Marias como ela"
Hilal Sami Hilal
Maria Alice Paoliello Lindenberg deixa um legado imensurável para o Espírito Santo. Sua contribuição para a cultura, para as artes e para a educação capixaba é uma herança que continuará a inspirar futuras gerações. A sua dedicação ao bem-estar social e à promoção das artes reflete a profundidade do seu compromisso com a transformação da sociedade.
Confira as homenagens dos nomes da cultura
Penha Lima Corrêa lembra que a amiga sempre gostou das artes. “Fiquei extremamente triste com a partida da querida amiga, Maria Alice. Ela adorava arte e curtia a todo instante. Participei inúmeras vezes, na sede de A Gazeta, de eventos que ela sabiamente organizava. Foram momentos inesquecíveis! Sem dúvida, a minha querida amiga está ao lado de Deus, colhendo tudo de bom que plantou durante sua linda vida”.
A cantora e atriz Elaine Rowena, disse que Maria Alice foi fundamental para a cultura capixaba em tempos artísticos delicados, sem internet, editais e visibilidade midiática. "Sempre gentil, educada e tranquila, recebia a todos com um sorriso nos lábios e um cafezinho que aquecia as almas sonhadoras. Minha carreira certamente não seria a mesma sem o seu apoio e incentivo. Ela acreditou na cantora iniciante e me abriu as portas da Rede Gazeta, incluindo o rádio e a televisão. Obrigada para sempre, querida!".
Já a cantora Natércia Lopes lembrou da dedicação da jornalista. “Estou arrasada. A Maria Alice foi uma pessoa maravilhosa, se dedicou muito para a cultura do Estado. Ela foi uma grande amiga, me promoveu com o maior prazer. Tenho que agradecer muito a ela. Uma mulher equilibrada, que parecia até mesmo que era secretária de cultura. Sempre arregaçava as mangas”, contou.
Ângela Gomes, pintora da arte Naif, também ressaltou o legado. “Sem palavras à altura para expressar meus sentimentos a toda família Lindenberg nesse momento. A partida de Maria Alice para a eternidade é o último ato da vida aqui na terra, onde ela lutou, venceu e brilhou! Ficarão as lindas lembranças de um ser humano ímpar, mãe de família, amiga, profissional e apoiadora da cultura brasileira, principalmente a feita no Espírito Santo. Seu legado é eterno e jamais se apagará. Gratidão pelo carinho que sempre teve por mim e por toda classe artística! Deixará muita saudade”.
A cantora Flávia Mendonça diz que Maria Alice foi uma líder importante na sociedade capixaba, atuando em uma época em que poucas mulheres ocupavam cargos de destaque. "Sempre atenciosa e disponível, ela apoiou as artes e a cultura, contribuindo para a divulgação de trabalhos e dando oportunidades, inclusive como apresentadora na TV Gazeta. Sua perda é lastimável, mas seu legado de competência, atitude e carisma é inquestionável".
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