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Publicado em 1 de julho de 2022 às 14:56
Os escritores Marco Lucchesi e Antônio Carlos Secchin, ambos imortais da Academia Brasileira de Letras (ABL), anunciaram hoje (1º) que se recusam a receber a medalha de Ordem do Mérito do Livro, concedida pela Biblioteca Nacional, porque o deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) também será um dos agraciados.
A assessoria do parlamentar confirmou que Silveira irá à premiação hoje, às 15h30, no Auditório Machado de Assis, localizado no centro do Rio de Janeiro.
Pelo Twitter, Lucchesi afirmou que não tem "condições" de receber a homenagem devido à indicação de Silveira e de "outros bolsonaristas".
"Se eu aceitasse a medalha seria referendar Bolsonaro, que disse preferir um clube ou estande de tiro a uma biblioteca. Agradeço, mas não posso aceitar", escreveu em publicação.
Já Antônio Secchin confirmou sua recusa ao jornalista Ancelmo Gois, do jornal O Globo, e disse ter imaginado primeiramente que a medalha seria destinada a pessoas com vivências com a Biblioteca Nacional "e o universo do livro".
"Pelo que soube há pouco a cerimônia vespertina se constituirá na celebração de uma única diretriz política, agraciando pessoas sem relação com livros, biblioteca e cultura", declarou. "Não me sentiria bem vendo compartilhada a Medalha do Mérito de Livro a personalidades que provavelmente não veem no livro mérito nenhum", concluiu.
O UOL contatou a Fundação Biblioteca Nacional para confirmar os demais nomeados a receberem a homenagem hoje e também questionou a Fundação a respeito das recusas feitas em público. Ainda não houve retorno.
A medalha já foi entregue a grandes autores brasileiros, como Gilberto Freyre e Carlos Drummond de Andrade, noticiou a coluna da jornalista Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo. Segundo a coluna, os nomes escolhidos deste ano foram selecionados pelo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Luiz Carlos Ramiro Júnior, e pelo secretário Especial da Cultura, Hélio Ferraz de Oliveira.
Daniel Silveira, ex-policial militar do Rio de Janeiro, foi condenado em abril pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a oito anos e nove meses de prisão por ameaças às instituições democráticas, inclusive ataques aos ministros do STF, mas logo recebeu o perdão presidencial de Jair Bolsonaro (PL).
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