Blocos tradicionais do ES estão animados com o retorno do carnaval nas ruas

Agremiações como Surpresa, da Barra do Jucu, Ratazanas, da Serra, e Para Rai, de Conceição da Barra, garantem desfiles nostálgicos, resgatando antigos carnavais

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 18/02/2023 às 09h00
O Bloco Surpresa, com suas tradicionais sátiras, está de volta às ruas da Barra do Jucu, em Vila Velha

O Bloco Surpresa, com suas tradicionais sátiras, está de volta às ruas da Barra do Jucu, em Vila Velha. Crédito: Acervo/Bloco Surpresa

Com a folia liberada de Norte a Sul do Espírito Santo, os blocos de rua se preparam para um carnaval inesquecível, especialmente após o hiato de apresentações por conta da pandemia da Covid-19. Chegou a hora de matar a saudade!

"HZ" fez uma matéria caprichada com blocos e atrações musicais que movimentarão o ES nestes quatro dias de carnaval. Entre as atrações voltadas para várias tribos diferentes estão agremiações tradicionais, algumas com 50 anos de atividade, que prometem desfiles nostálgicos, para toda a família, ou mesmo resgatar antigos carnavais.

Quem está animado para o retorno é o Bloco Surpresa, tradicional na folia da Barra do Jucu, em Vila Velha. "Toda comunidade estava querendo o retorno do Carnaval", declara o presidente do bloco, Leonardo Tavares, informando que, em 2023, o formato do desfile será diferente, pois contará com um mini trio (em vez das grandes alegorias), trazendo alguns moradores no chão com a batucada Surpresa.

"Vamos fazer nossa diversão e não vamos perder a essência do bloco, a qual são as sátiras. Vem novidade por aí", garante Leonardo.

O Surpresa vai desfilar de sábado (18) a terça (21), iniciando suas atividades no final da praia do Barrão, em frente ao espaço que é a atual sede do grupo (Avenida Beira Mar, 23, Barra do Jucu).

Após a saída, segue pelas ruas da localidade, indo até a Praça Pedro Valadares. Outros blocos sairão com o Surpresa, com exceção do Bloco dos Arteiros, que acontece pela manhã e fica a todo momento na Praia do Barrão.

"Temos 38 anos de tradição desfilando pelas ruas da Barra do Jucu. Somos um dos maiores carnavais do Estado, arrastando cerca de 15 a 20 mil pessoas durante os dias de folia em cima de um trio, com a banda Siri de Tamanco. Contamos com mais de 100 músicas autorais, todas criadas em cima dos enredos feitos nos últimos anos. Temos como característica a irreverência e a sátira sobre os acontecimentos do mundo, do município (Vila Velha), do Estado e do bairro", enfatiza Tavares. 

TRADIÇÃO NA SERRA

Com o grito de 50 anos, completados em 2022, "entalado na garganta", o Ratazanas sairá pelas ruas de Jacaraípe (Serra) de sábado (18) a terça (21), sempre a partir das 18h. "Por conta da pandemia, não desfilamos o ano passado e vamos comemorar nossas cinco décadas em 2023", adianta Celso Bittencourt, presidente do bloco.

"Vamos levar nossos sete sambas autorais, escritos por Eduardo Goulart, além das tradicionais marchinhas e sambas de enredo clássicos do carnaval do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Nossa expectativa é levar cerca de 10 a 12 mil pessoas por dia ou até mais", acredita, reiterando que o Ratazanas prega igualdade, sem preconceitos, defendendo a paz e harmonia.

"Nossa camisa, que não é obrigatória para desfilar, está à venda. Esse ano terá a cor fúcsia, com elementos relacionados aos 50 anos. Mas o bloco é livre. Tradicionalmente, recebemos homens vestidos de mulher e vice-versa. Todo mundo pode brincar do jeito que quiser", enfatiza.

Em tempo: quem quiser adquirir a camisa de 2023, basta entrar em contato pelo WhatsApp (27) 99999-5546.

Bateria do Bloco

Bateria do Bloco "Ratazanas", em Jacaraípe: comemorando os 50 anos de atividades. Crédito: Luiz Carlos Correia

Nessas cinco décadas de história, o que não falta a Celso Bittencourt são memórias repletas de afetividade. “Em 1972 (ano da fundação), uns amigos de Jacaraípe se juntaram e pediram alguns instrumentos emprestados na Escola Técnica de Vitória. Depois tiveram a ideia de vestir as camisolas das mães e começaram a chamar de Bloco Ratanazas de Jacarapeba, uma junção de Jacaraípe com Carapeba”, contou Celso.

Bittencourt relembra que tinha apenas oito anos quando começou a frequentar o grupo, já que seus pais gostavam de participar todos os anos. Sua vida foi se envolvendo cada vez mais com o Ratazanas. Inclusive, foi em um dos eventos que o presidente conheceu a esposa.

"Minha família sempre saía e fui começando a participar. Em 1981, coloquei um jipe puxando um reboque com o pessoal da bateria em cima. Já em 1985, passamos para um caminhão emprestado até que, em 1990, conseguimos nosso trio (elétrico). Conheci  minha esposa no bloco. Com seis meses, minha filha já tinha subido no trio", rememora.

ETERNO AMOR DE VERÃO

Histórias bem vividas e que marcaram gerações também embalam as memórias do Bloco Para Rai, de Conceição da Barra, o mais tradicional no Norte do Espírito Santo.

Essa narrativa quem vai contar é Adail Sampaio, um dos organizadores. "Nossa trajetória começou com um grupo de amigos que jogava futebol de salão, no início dos anos 1980. Em 1983, saímos no Bloco Cazuza, aqui da cidade, que nem existe mais", detalha.

"Também temos uma Roda de Samba na cidade, que ganhou fama em todo o Estado. Em 1987, desfilamos com instrumentos maiores e, no início de 1990, pintou o trio elétrico. O resto da história é sucesso", rememora, com emoção.

Multidão participa do Bloco Para Rai, em Conceição da Barra

Multidão participa do Bloco Para Rai, em Conceição da Barra. Crédito: Acervo/ Bloco Para Rai

Adail adianta que, dentro da corda, com abadás, o bloco já chegou a receber três mil componentes. "Mas sempre tem a pipoca, que é bem-vinda (risos). Com ela, já puxamos até 30 mil pessoas. Muita gente chegava, especialmente quando o Praia Rai passava pela orla de Conceição da Barra".

Para 2023, a expectativa é levar 1,5 mil foliões usando o abadá, fora a pipoca, claro! "Vamos desfilar na segunda (20), a partir das 17h, em um trio na Avenida Atlântica. Queremos resgatar os carnavais antigos, especialmente dos anos 1990, com um axé raiz. Tanto que contratamos André Lelis para puxar o bloco, uma das vozes mais representativas do carnaval baiano", complementa. 

* Com informações de Felipe Khoury

PROGRAME-SE

  • BLOCO SURPRESA, NA BARRA DO JUCU, COM ENTRADA FRANCA
  • SÁBADO (18)
  • Das 14h às 17h: Batucada Surpresa, Bloco Surpresinha e Bloco das Piranhas, com a banda Siri de Tamanco

  • DOMINGO (19)
  • Das 14h às 17h: Batucada Surpresa e Teatro Carnavalesco do Bloco Surpresa, com a banda Siri de Tamanco
  • Das 14h às 17h: Bloco Atocha (Ala do Bloco Surpresa)
  • Das 14h às 17h: Bloco do Bode (Ala do Bloco Surpresa)

  • SEGUNDA (20)
  • Das 14h às 17h: Bloco do Chibil (Ala do Bloco Surpresa)
  • Das 14h às 17h: Batucada Surpresa e Siri de Tamanco
  • Das 14h às 17h: Blocos dos Mascarados, da Vaquinha e da Mulinha

  • TERÇA (21)
  • Das 14h às 17h: Batucada Surpresa e Teatro Carnavalesco do Bloco Surpresa, com Siri de Tamanco
  • Das 14h às 17h: Bloco Atocha (Ala do Bloco Surpresa)
  • DESFILES DO RATAZANAS 
  • SÁBADO (18), DOMINGO (19), SEGUNDA (20) E TERÇA (21)
  • HORÁRIO: das 18h às 22h30, pela orla de Jacaraípe, na Serra, com entrada franca  
  • CAMISAS: Não é obrigatório adquirir a camisa para desfilar com o bloco. Os interessados em comprar, basta entrar em contato pelo WhatsApp (27) 99999-5546. O valor não foi divulgado pela organização.  
  • DESFILES DO PARA RAI  
  • SEGUNDA (20) 
  • HORÁRIO: a partir das 17h, em trio elétrico desfilando pela Avenida Atlântica, em Conceição da Barra. Convidado: André Lélis 
  • ABADÁS: À venda no valor de R$ 100. Pode ser adquirido em Conceição da Barra nos seguintes estabelecimentos: Cafeteria Mariana, Loja Na Onda, Loja Preserve e Loja Ipê  

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