Moradora do Morro do Quadro, em Vitória, Ana Luzes é a única capixaba a apresentar fotografia em exposição de Nova Iorque. Crédito: Ana Luzes
Nascida no Centro de Vitória e criada no Morro do Quadro, Ana Luzes descobriu sua paixão pela fotografia aos 13 anos. Foi com a arte de documentar a vida com uma câmera que ela encontrou a melhor forma de se comunicar.
Aos 22 anos, sua vontade de retratar a periferia de uma maneira que encantasse as pessoas vai alcançar fãs de fotografia do mundo todo. A artista é a única capixaba a expor uma fotografia na exposição "Bridging Horizons: Brazilian Photography Today", realizada no Consulado do Brasil em Nova Iorque, nos Estados Unidos.
Na ocasião, ela tem a chance de mostrar seu talento com duas fotografias da série "Só se afoga quem sabe nadar (2021)", tiradas no Rio Santa Maria, que beira a Ilha das Caieiras.
Atuando como fotógrafa documental há três anos, Ana Luzes desenvolve uma pesquisa sobre as criações que existem dentro da favela, em parceria com o Instituto Serenata de Favela. Ao todo, ela dá aula de fotografia e conduz oficinas para 200 crianças.
"Todo o meu trabalho é sobre, também, um pouco da minha história. Sempre quis abordar a favela de uma perspectiva diferente, de uma perspectiva que encantasse as pessoas e eu acho que isso acabou gerando um bom resultado", contou.
Obra da série "Só se afoga quem sabe nadar (2021)", da capixaba Ana Luzes, que estampa a capa da exposição. Crédito: Ana Luzes
A exposição é uma mostra coletiva que reúne fotografias de 13 profissionais brasileiros, com curadoria do fotógrafo Paul Clemence. Entre os dias 2 de março e 3 de abril, será possível conhecer o trabalho deles no Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque. O objetivo é mostrar como cada um dos fotógrafos têm mesclado tendências atuais da fotografia com perspectivas brasileiras.
O convite para participar da exposição veio do próprio Paul Clemence. Ana participava de um bate-papo online sobre periferia no consulado do Brasil no México, quando o fotógrafo conheceu o trabalho dela e a convidou para participar.
"Esse trabalho que eu faço com a favela sempre me emocionou muito porque eu consegui enxergar de diferente perspectiva aquilo que havia no meu cotidiano. 'Só se afoga quem sabe nadar' é uma série que fala sobre perspectivas, mesmo. É justamente tudo aquilo que meu trabalho aborda, uma perspectiva diferente do cotidiano e, principalmente, dos bairros periféricos de Vitória", acrescentou.
Obra da série "Só se afoga quem sabe nadar (2021)", da capixaba Ana Luzes, que será exposta em Nova Iorque. Crédito: Ana Luzes
A má notícia é que, infelizmente, Ana Luzes não poderá prestigiar seu trabalho e dos demais fotógrafos presencialmente. O visto não foi emitido a tempo da viagem. "Acabou que eu não vou conseguir ir, mas estou recebendo muitas imagens dos bastidores. O curador está me dando todo suporte, todo apoio", contou.
Mas, estar daqui de Vitória não diminui a emoção de ter seu trabalho exposto no exterior. Entre os 13 selecionados, o trabalho de Ana Luzes foi escolhido para ser a capa do catálogo da exposição. Segundo ela, Paul achou que a fotografia dela resumia o contexto de perspectivas e olhares que existem sobre o Brasil.
Levar a favela, essa potencialidade, para um lugar que talvez nunca fosse alcançar... Se não fosse toda a ajuda que eu recebi durante essa jornada, principalmente do Instituto Serenata de Favela, acho que eu nunca conseguiria. É um sonho que não estava passando na minha mente mas que, quando aconteceu, se tornou uma nova porta pra mim, que abre novos caminhos e jornadas"
SERVIÇO
- EXPOSIÇÃO "BRIDGING HORIZONS: Brazilian Photography Today"
- ONDE: Consulado Geral do Brasil em Nova Iorque, na 225 E 41st St, New York, NY 10017
- PERÍODO: De 2 de Março a 3 de Abril de 2023
- ENTRADA: Gratuita
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