Apresentadora do g1 em 1 minuto, Carol Prado. Crédito: Reprodução/G1
Mais uma edição do Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta será realizada este ano e, para marcar o lançamento da 27ª edição, a repórter de Pop & Arte e apresentadora do g1 em 1 minuto, Carol Prado, vai ministrar uma palestra com o tema "Pop e Arte: como o jornalismo dialoga com os jovens", que na opinião dela é um dos grandes desafios da comunicação.
A palestra será realizada nesta quinta-feira (18), às 9h30, na sede da Rede Gazeta, em Vitória. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site da Sympla. Carol é repórter do g1 desde 2016 e informa sobre música, cinema, teatro, televisão e internet, conteúdos muito consumidos pelo público jovem. Mas não era essa a área do jornalismo que ela sonhava em atuar.
Quando eu estava na faculdade, meu grande sonho era ser jornalista de economia, mas as coisas foram se desenhando de um jeito que foi muito legal. Quando eu trabalhava em outro veículo, eu acabei, por acaso, em uma vaga para cobrir o 'BBB 15'. A partir dali, passei a falar de entretenimento, de música, cinema, literatura e me apaixonei
De lá pra cá, entre tantas matérias e notícias, a jornalista encontrou um jeito próprio de conversar com o público jovem, que hoje virou sua marca registrada. O g1 bateu um papo com ela sobre o assunto. Confira a seguir:
Carol Prado se apresenta na Rede Gazeta. Crédito: Reprodução/G1
Há alguns anos, jornais e revistas eram os principais meios de comunicação. Hoje, com a internet, o consumo de notícias mudou. O que você acha que mudou na cobertura jornalística de modo geral e no Pop e Arte especificamente?
A internet transformou totalmente o jornalismo. Não só os formatos mudaram, mas a gente ganhou muitas possibilidades. Toda hora surgem novos formatos. Texto, vídeo, vídeo de redes sociais, Tiktok, dancinha, podcast, videocast, jogo on-line. É tanta coisa que dá para fazer. Por outro lado, os temas se ampliaram. Hoje, como jornalista de cultura, eu cubro música, cinema, literatura, teatro, televisão e internet. A internet é uma área que se incorporou ao jornalismo com temas sobre influenciadores, fenômenos surgidos nas redes, artistas que foram criados nesse ambiente, problemas gerados pelas redes sociais. Então, tudo isso está dentro do escopo do jornalismo de Pop e Arte e são fenômenos sobre os quais a gente precisa se atualizar para conseguir acompanhar.
De que maneira você acredita que a linguagem e o estilo jornalístico devem se adaptar para se comunicar melhor com o público jovem?
Esta é a pergunta de milhões. Conseguir se comunicar com o público jovem é um dos principais desafios do jornalismo hoje. Não é só por ser um público em formação e que precisa de conhecimento, mas também por ser a audiência do futuro. Não existe fórmula certa para conseguir adaptar a linguagem. O que eu faço no meu trabalho é ter um uso muito atento das redes sociais, que é o meio mais eficaz de acessar essa audiência jovem, porque este público está efetivamente ali. Eu tento entender qual é a linguagem, o que está sendo falado ali, quais são os temas que instigam essa audiência, de que forma eu posso explicar e falar coisas para chamar a atenção desse público. Além disso, essa proximidade é importante para entender quais são os temas sobre os quais eles querem ouvir. Eu acho que é preciso ter esse uso mais atento, não só dentro da internet, mas também na vida real ao conviver com os jovens e tentar incorporar essas coisas que eles têm a ensinar para a gente e conseguir incluir isso no jornalismo. Não tem fórmula certa, mas é um trabalho diário de pesquisa para tentar fazer o trabalho mais antenado possível dentro do que está sendo consumido por essa galera.
Como o uso de redes sociais e outras plataformas digitais tem mudado a forma como os jovens consomem notícias?
A internet abriu um leque enorme de formatos possíveis dentro do jornalismo, mas tem também trouxe a rapidez das redes. No X (antigo twitter), no Instagram, no TikTok, o que a gente vê são conteúdos muito rápidos, muito fáceis de consumir, muito superficiais, no qual a gente fica horas passando de um vídeo para o outro. Tanto que é muito comum eu ver pessoas reclamando que a geração Z já nasceu com as redes e tem dificuldade de consumir coisas mais longas, mais demoradas, de parar um tempo ali e se concentrar para consumir alguma coisa. O jornalismo precisou se adaptar a essa rapidez das redes sociais e oferecer também esse tipo de conteúdo. Mas, por outro lado, acho que não dá para abandonar informação mais aprofundada, que também é essencial. Dentro do jornalismo cultural, do entretenimento, o que eu tenho percebido é uma coisa muito curiosa: a dinâmica de todo mundo querer dar opinião, retrucar, debater questões polêmicas, que é comum das redes sociais, está refletindo muito nessa área do jornalismo. Dessa forma, temos visto muito jornalismo de curadoria, como dicas dos melhores filmes de todos os tempos, os melhores álbuns de todos os tempos, dicas de livros para ler...Esse conteúdo está muito forte, justamente porque as pessoas querem dar opinião e saber a opinião alheia e retrucar a opinião. Esta é uma dinâmica que é muito inerente das redes sociais. É bem interessante como a lógica da internet vai mudando e o jornalismo também vai correndo atrás para se adaptar.
Na sua trajetória como repórter de Pop & Arte há algum exemplo de reportagem ou cobertura que tenha tido um impacto significativo entre os jovens? O que você acredita que contribuiu para esse sucesso?
Quando a Taylor Swift veio fazer os shows no Brasil, no fim do ano passado, estava aquele alvoroço. Ninguém conseguia comprar ingresso porque esgotava em segundos, então estava aquela correria. Naquela ocasião, muita gente que não é fã da Taylor, não sabe direito quem é ela ou não está muito ligado na indústria do pop, estava sem entender aquele alvoroço, por que ela é tão famosa, por que ela tem tantos fãs. Então, eu fiz um texto de análise no g1 falando sobre a carreira dela, os trunfos, de que forma ela trabalha, sobre o fato dela ser uma grande compositora e, com isso, conseguir transformar episódios pessoais da vida dela em músicas que fazem muitas pessoas se identificarem e tudo mais. Era um texto bem elogioso, mas também falava sobre os pontos fracos da carreira da Taylor e as estratégias dela pra ser quem ela é dentro do mercado da música. Esse texto viralizou. Acho que muito por conta do título, mas foi uma repercussão muito legal porque viralizou dentro da base de fãs da Taylor, que é uma base de fãs muito jovem. Muita gente não gostou do título e do texto em si. Mas, por outro lado, o conteúdo também gerou debates muito interessantes sobre os rumos do pop e essa coisa da cultura do fandom [comunidade de fãs]. Outros veículos repercutiram e acho que foi um exemplo muito legal de como a gente conseguiu usar essa lógica de engajamento das redes sociais a favor do jornalismo em um conteúdo que tinha muita pesquisa, muita fundamentação, informação e contexto.
Como você equilibra a necessidade de informar de maneira precisa e responsável, abordando temas sérios, como assédio sexual e transtornos alimentares, com a necessidade de tornar o conteúdo atraente e acessível para os jovens?
O mais fundamental para conseguir alcançar esse equilíbrio é trabalhar para ter um texto claro, simples, direto, didático, que qualquer pessoa conseguir entender. Quando eu falo texto não é só texto de reportagem escrita; tudo é texto. Vídeo, áudio, infográfico... Seja no formato que for, é fundamental, especialmente nesses assuntos mais sensíveis, que qualquer pessoa consiga compreender o que está sendo dito ao consumir aquele conteúdo. E aí, claro, aliar isso ao rigor da apuração, a informação precisa, a empatia ao fazer as entrevistas... Um texto impecavelmente claro é bem importante para você conseguir ampliar a audiência do seu conteúdo e fazer ele chegar nesse público mais jovem.
Na sua opinião, quais são as principais plataformas e formatos que os jovens preferem para consumir notícias? E como eles consume notícias voltadas para pop e arte?
Eu não saberia dizer quais são os principais formatos, as principais plataformas que os jovens estão usando para consumir notícia, mas, para mim, está muito claro que a gente precisa dar opções de formatos para os jovens. Sempre que eu penso num conteúdo jornalístico, eu sempre tento pensar nele em diferentes formatos, como vídeo para as redes sociais, texto, infográfico, às vezes, jogo on-line, podcast. Então, acho que mais importante do que apontar um formato ou outro é a gente tentar adaptar as linguagens. A partir de um conteúdo, pensar em como ele pode se adaptar a diferentes plataformas e ir mudando a linguagem a partir do objetivo final.
A jornalista Carol Prado falará sobre novas perspectivas do jornalismo. Crédito: Reprodução/G1
Estamos em um ano eleitoral e sabemos que há muita disseminação de fake news, sobretudo nas redes sociais. Qual o desafio de informar sobre política para um público jovem em um ano eleitoral?
A cada ano que passa, se torna mais desafiador porque surgem tecnologias novas e novas formas de desinformar. Hoje, a gente tem os boots nas redes sociais e tantas outras armadilhas como páginas que se disfarçam de jornalísticas e disseminam informações sem nenhuma apuração. Então, nossa missão é continuar fazendo um jornalismo profissional com apuração rigorosa, ouvindo todos os lados e checando e 'rechecando' as informações. O trabalho de checagem que a gente faz é muito importante para desmentir essas informações falsas que circulam na internet. O público jovem é um alvo mais fácil para este tipo de problema porque é um público que usa redes sociais o tempo todo e, muitas vezes, não tem a formação necessária para entender o que é falso, o que é que é impreciso e o que é verdadeiro. Nosso dever é continuar fazendo um trabalho bem feito e adaptando nossa linguagem e nossos formatos para essa audiência mais jovem para que a gente consiga entregar para esse público um jornalismo profissional de fato.
Curso de Residência da Rede Gazeta
Esta é a 27ª edição do curso de Residência da Rede Gazeta, que desde 1997 contribui para a formação e preparo de jornalistas para o mercado de trabalho. Podem participar pessoas formadas em qualquer curso superior a partir de janeiro de 2022, ou que estejam no último período da faculdade. Ou, ainda, profissionais com curso técnico em Rádio e TV ou Audiovisual, no mesmo período.
As inscrições para concorrer a uma das 10 vagas serão abertas nesta quarta-feira (17) e vão até 28 de julho. O processo seletivo é dividido em três fases: prova de conhecimentos gerais e Língua Portuguesa, Redação e entrevistas individuais.
*Com informações de G1 ES
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