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Publicado em 7 de novembro de 2022 às 13:38
Com filmes baseados na realidade e modo de vida de territórios dos municípios de Itapemirim, Presidente Kennedy, Vargem Alta e Cachoeiro de Itapemirim, o Cine Quilombola começa seu ciclo de exibições nesta sexta (11), na Comunidade Quilombola de Graúna, em Itapemirim.
O projeto vai apresentar uma mostra composta por documentários inéditos, tendo como base o olhar de moradores de regiões quilombolas. Estão na programação, "Do Lado de Cá", de Graúna; "Vamos em Batalha", de Cacimbinha e Boa Esperança; "Era Caminho Deles", de Pedra Branca; e "Ninguém Canta Igual Eu Canto", de Monte Alegre.
Agora vem a "cereja do bolo". Um caminhão foi transformado em cabine de projeção, equipado com um telão de cinema de seis metros de altura por oito de largura, projetor, sistema de sonorização e 200 cadeiras. O objetivo é claro: valorizar identidade, pluralidade e diversidade cultural quilombola, em projetos feitos por eles mesmos.
Assim, é possível dar visibilidade aos modos de ser e às práticas tradicionais, promovendo um registro próprio, um intercâmbio de saberes e a difusão do cinema negro quilombola nas comunidades.
No sábado (12), a caravana seguirá para as Comunidades Quilombolas de Cacimbinha e Boa Esperança, em Presidente Kennedy. Na segunda (14), será a vez da Comunidade Quilombola de Pedra Branca, em Vargem Alta, se reunir para assistir aos filmes que mostram o cotidiano de seus moradores.
O circuito segue para a Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, onde a projeção será realizada na terça (15). As noites de cinema serão integradas ainda por rodas de Caxambu, Capoeira e jongo.
Durante o primeiro semestre deste ano, a equipe do Cine Quilombola visitou quatro comunidades para propor uma roda de conversa sobre as vivências locais e um experimento de cinema de grupo através do qual poderiam observar, contar e registrar em imagens e sons cenas do cotidiano.
Em cada território, moradores de diferentes idades assumiram o desafio e, ao longo de três dias, com câmeras profissionais e celular, identificaram narrativas ligadas a saberes tradicionais, personalidades, histórias, paisagens, memórias pessoais e coletivas. Cada grupo construiu seu filme-carta para dialogar com outras comunidades através de correspondências audiovisuais.
"Inicialmente, o objetivo era circular estes conteúdos em telas de cinema montadas nas comunidades quilombolas capixabas. Porém, o projeto ultrapassou a proposta de exibição ao levar experimentos de cinema de grupo a partir da produção de correspondências audiovisuais. Foi uma convocação abertas a todos! Vieram crianças, adolescentes, jovens, pessoas mais idosas e griôs dos mais antigos, reunindo moradores de cinco a 95 anos em oficinas de construção coletiva realizadas no primeiro semestre", afirmou Beatriz Lindenberg, coordenadora do Instituto Marlin Azul e idealizadora do Cine Quilombolas.
"Agora, esse lançamento é um momento de júbilo e de culminância, pois voltaremos para estes mesmos lugares para exibir os filmes feitos a partir de imagens e sons captados pelos moradores. É um momento de autorreconhecimento e uma oportunidade de colocar em prática o intercâmbio e a correspondências entre as quatro comunidades", acredita.
"No dia seguinte à exibição, faremos uma roda de conversa sobre os filmes, ampliando esta integração, contribuindo para estreitar ainda mais os vínculos, os laços de convivência e de pertencimento", complementa Beatriz.
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