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Cineasta do ES, Eliza Capai concorre a prêmio da Academia Brasileira de Arte

"Incompatível com a Vida" registra o processo do próprio aborto da diretora. Obra concorre a "Melhor Roteiro de Documentário" ao lado de Racionais MC's e Belchior

Felipe Khoury

Administrador / [email protected]

Publicado em 9 de maio de 2024 às 11:55

Cineasta do ES, Eliza Capai concorre a prêmio da Academia Brasileira de Arte
Filme “Incompatível com a Vida”, da cineasta Eliza Capai Crédito: Divulgação

Indicado a "Melhor Roteiro de Documentário" no 7º Prêmio da Associação Brasileira de Autores Roteiristas (ABRA), o filme “Incompatível com a Vida”, da cineasta Eliza Capai, é mais do que um relato pessoal, é jogar luz sobre um tabu. Capixaba de coração, a diretora mostra o processo da sua própria gravidez - e de outras mulheres - após receber um diagnóstico delicado.

Com temas que permeiam a vida, morte, luto e políticas públicas, o filme traz o lado mais íntimo de Eliza. E de muitas mulheres brasileiras. Talvez tenha sido esse o motivo de tanta aclamação da indústria cinematográfica. A cineasta conversou com HZ sobre sua mais recente indicação e também sobre seus projetos para o futuro.

“Eu fiquei super feliz com a indicação e também com a receptividade que o mundo cinematográfico tem dado ao filme. Isso é muito importante, considerando o teor do conteúdo. É um filme muito íntimo e pessoal, que eu expus o momento mais difícil da vida”, destaca a cineasta que concorre na mesma categoria que “Racionais MC´s” e “Belchior”.

Em abril de 2023, o longa levou o prêmio principal no festival paulista "É tudo verdade", que, inclusive, colocou o documentário na pré-lista dos selecionados para o Oscar. O filme também ganhou como melhor documentário da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). E apesar do sucesso, Eliza conta que, no início, o intuito era apenas fazer registros da gravidez - que aconteceu durante a pandemia.

Cena do filme
Cena do filme "Incompatível com a Vida", da cineasta Eliza Capai Crédito: Divulgação

Ao falar sobre a maior dificuldade em construir o documentário, Capai fez questão de colocar alguns números sobre o aborto no Brasil. “Cerca de 30% das gravidezes terminam com aborto espontâneo. E 500 mil mulheres fazem abortos todos os anos no país, princiopalmente clandestinos. Encontrar a melhor linguagem para falar com essas mulheres talvez tenha sido essa a minha maior dificuldade”, revela.

RELAÇÃO COM VITÓRIA E MUNDO AUDIOVISUAL

Filha do fotógrafo Humberto Capai, Eliza veio com a família morar na capital capixaba aos dois anos de idade. E por aqui ficou até o final da escola. Diante de muitas memórias, a diretora revelou para HZ que sua relação com Vitória moldou suas referências e impactou também na própria arte.

“Retornei a Vitória em 2018 para trabalhar em uma oficina de audiovisual com homens que estavam em centros de detenção aguardando pelo julgamento da Lei Maria da Penha. Eu queria entender como crescer em uma cidade que está no ranking das cidades mais violentas contra mulheres me influenciou de alguma forma. Isso foi decisivo no meu caminho profissional"

Cena do filme
Cena do filme "Incompatível com a Vida" Crédito: Divulgação

“Sempre que posso estou participando de projetos no Espírito Santo, como o Cine Marias, o Crias Lab, que conversa com o público mais jovem. Me faz sentir em casa. Além disso, é muito bom saber que sou essa pessoa que pode dar algumas ‘chaves’ para esses jovens. É uma troca muito boa”, continua.

SÉRIE NO GNT E NOVO FILME

“Incompatível com a Vida” é o quarto longa de Eliza, que também conta na bagagem com outros 15 curtas-metragens, quatro séries para TV e três séries para web. A lista, segundo ela, vai aumentar com a finalização de mais uma séria para o canal GNT sobre o prazer femenino.

Cena do filme
Cena do filme "Incompatível com a Vida" Crédito: Divulgação

Outra novidade é a produção do seu novo longa-metragem, iniciado em 2013 no sertão do Piauí. “É um filme que eu tenho muito carinho, tem 10 anos que eu penso nele. Ele se baseia em uma viagem que eu fiz para Guaribas, no sertão do Piauí, e fala sobre como o impacto do bolsa família estava afetando a vida de mulheres de lá. Agora eu volto para tentar montar um retrato do que foi construído. Na verdade estou bem aberta ao que posso encontrar”, finaliza.

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