Repórter / aline.almeida@redegazeta.com.br
Publicado em 10 de abril de 2025 às 09:00
Reconhecida por sua vasta contribuição à literatura brasileira e à luta antirracista, a escritora e linguista Conceição Evaristo receberá o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A honraria será entregue em sessão solene do Conselho Universitário, marcada para o dia 15 de abril, às 18 horas, no Teatro Universitário, em Vitória.
A proposta da homenagem surgiu a partir de uma articulação entre docentes da Ufes, militantes negros capixabas e o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab). A iniciativa reconhece o impacto transformador da obra e da trajetória de Conceição Evaristo na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
“Conceição Evaristo representa todas nós. Ela inaugurou um processo formativo-identitário a partir de suas próprias vivências – ‘escrevivências’ –, e sua poesia pode representar nossas vozes negras e um sentimento de grande parcela das mulheres negras que sobreviveram às adversidades”, ressalta a professora Patrícia Rufino, pesquisadora do Neab e assessora de Relações Políticas com a Comunidade Acadêmica da Ufes.
Com uma carreira marcada pela pluralidade, Conceição Evaristo transita entre a ficção, a poesia e o ensaio, sempre ancorada em experiências negras, femininas e periféricas. Autora de obras emblemáticas como Ponciá Vicêncio, Insubmissas Lágrimas de Mulheres e Olhos D’água — este último premiado com o Jabuti em 2015 —, a escritora é considerada um dos principais nomes da literatura brasileira contemporânea.
Segundo Patrícia Rufino, além da potência literária, Evaristo se destaca como uma figura de enorme relevância cultural e política. “Ela traz a memória, a narrativa e a identidade para os seus poemas. Uma senhora que viveu tantas gerações e conheceu tanto a desigualdade do nosso país. A outorga do título é um reconhecimento simbólico e político da sua contribuição inestimável”, afirma.
Apesar de não integrar formalmente o corpo docente da universidade, a autora mineira é constantemente estudada por grupos de pesquisa da Ufes, especialmente no que diz respeito ao conceito de “escrevivência” — termo cunhado por ela para unir escrita e experiência.
“Essa homenagem é uma inspiração para tantas mulheres com a mesma trajetória. Isso nos faz pensar o quanto a universidade é um espaço de luta e resistência, mas também de fortalecimento da identidade e de ressignificação de vidas. E que essas vidas precisam ser valorizadas”, conclui Patrícia.
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