Músico Elias Belmiro. Crédito: Adam Soares
O músico Elias Belmiro, encontrado morto na manhã deste sábado (27), tem uma história emocionante com a música. Ele começou a tocar violão ainda criança, influenciado pelo pai, que era trombonista da Polícia Militar. Desde cedo, Elias demonstrou um talento singular, tocando apenas com o polegar. Foi essa habilidade única que chamou a atenção de Maurício de Oliveira, renomado violonista capixaba, que o incentivou a estudar com seu filho, Tião Oliveira, professor da Escola de Música do Espírito Santo (Fames).
Sua trajetória musical foi marcada por grandes conquistas. Elias teve uma carreira brilhante que o levou a palcos nacionais e internacionais, sendo referenciado no Dicionário da Música Brasileira. Ele se destacou como solista de violão e gravou dois CDs instrumentais, incluindo composições próprias. Tocou com a Orquestra Sinfônica do Espírito Santo e integrou o quinteto de Maurício de Oliveira. Seu álbum de estreia, lançado em 1996 e dedicado a Villa-Lobos, teve duas faixas incluídas no CD do grupo Time-Life, ao lado de artistas como John Williams.
Apesar do sucesso, Elias enfrentou batalhas pessoais. Em 2018, a história de sua vida nas ruas foi mostrada pelo Gazeta Online, quando ele vivia em um banco na praça em frente à Igreja do Carmo. A repercussão gerou uma rede de solidariedade para ajudá-lo. Em 2020, sua história de superação foi exibida no programa “Fantástico”, da TV Globo, emocionando o país. Elias havia se afastado da música devido ao alcoolismo e chegou a morar nas ruas de Vitória, mas conseguiu se recuperar após tratamento em uma clínica de reabilitação.
Elias retornou aos palcos no ano seguinte. Em dezembro de 2021, ele participou como solista convidado do concerto de Natal da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses), sob a regência do maestro Helder Trefzger, tocando a famosa “Concerto de Aranjuez” de Joaquim Rodrigo. Sua interpretação da obra de Heitor Villa-Lobos foi amplamente reconhecida, levando-o a se apresentar na Espanha, Inglaterra, França e Alemanha.
No entanto, mesmo após tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Vitória e uma breve passagem por uma clínica particular, Elias voltou às ruas. A história do músico é um lembrete da complexidade e dos desafios enfrentados por aqueles que lutam contra a dependência. Elias será lembrado por sua música e por sua luta pessoal. Nas redes sociais, amigos e instituições prestam homenagens a ele.
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