Banda Manimal faz show na Praia de Camburi após desfile do Bloco Tô Bêbo, em 2006. Crédito: Edson Chagas
Uma carreira meteórica. Assim podemos definir a trajetória de Alexandre Lima (1969-2024), ícone da música capixaba no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Foi como vocalista e guitarrista da banda Manimal e Radio Esperienza que o músico deixou seu nome registrado na história do Espírito Santo. E mais do que isso, inspirou gerações.
Mas antes de relatar os últimos anos de Alex, HZ abriu o baú do tempo para recordar os momentos mais marcantes da vida do artista. Inclusive, a maior parte desses eventos foi com a banda Manimal, que predominou a cena musical capixaba entre 1995 e 2008.
Na época, a banda era composta por Amaro Lima (baixo e vocal), Alexandre Lima (vocal e guitarra), Queiroz (bateria), Fábio Carvalho (percussão) e Ronaldo Rosman (percussão). Esse era o começo de um ritmo que viria a ser bastante popular no ES: o “rockongo”, uma mistura de rock e congo.
Manimal com Da Gama e Claudio Zoli . Crédito: Mônica Zorzanelli
Na bagagem, a banda coleciona diversas conquistas. Entre elas, o prêmio de melhor arranjo do Festival de Alegre, em junho de 1996. No mesmo ano, o grupo ainda foi escolhido pelo concurso da rádio francesa France Internationale (RFI) como um dos oito melhores trabalhos da América Latina e Caribe.
PRIMEIRO CD E TURNÊ NA EUROPA
Em maio de 1997, a banda Manimal comemorava seu CD de estreia, que levou o nome do grupo. Entre os sucessos do primeiro disco, podemos destacar “Tequila Brown”, “De Que Vale Tudo Isso?” e “Não Nasci Pra Ser Pobre”. Nesta época, o grupo começou a emplacar algumas faixas nas rádios e, paralelo a isso, aumentar o número de shows - com apresentações em outros estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Diante de tanta energia e intensidade, os precursores do rockongo também não se limitaram as fronteiras capixabas - e nem brasileiras. Foi em 1998 que os jovens músicos levaram seus ritmos para sua primeira turnê europeia, onde se apresentaram na Expo’98, em Lisboa, Portugal.
Em 1999, os meninos voltaram ao continente europeu para realizar mais uma série de shows. Ao todo, foram mais de 80 apresentações pela Europa, com passagens na Itália, Alemanha, Suíça, Bélgica e Espanha.
Os irmãos Alex e Amaro Lima. Crédito: Instagram/@realamarolima
SEGUNDO CD E NOVOS HITS
Sucesso absoluto, o Manimal virou o milênio com novidade na pista: um novo CD. Foi em setembro de 2000 que o disco “Tow Tow” começou a ser produzido. “Chegávamos no estúdio no começo da tarde e só saímos de madrugada”, contou Alexandre para o jornal A Gazeta na época.
Com “Água de Benzer” no repertório - que viria a ser um dos seus maiores hits - , o segundo CD do Manimal mesclou músicas inéditas com canções que foram testadas no palco nessa época. O trabalho contou com onze faixas, como “Rainha Do Congo” e “Ficção Cientifica”. Peço licença para dizer que, nesta época - e talvez até hoje -, os capixabas poderiam ser chamados de “Galera da Ilha”.
À essa altura do texto, aposto que os fãs mais apaixonados por Manimal jamais esquecerão do famoso Dia D, festival que caminhou junto da cena da música capixaba. No dia 3 de julho de 1999, oito mil pessoas se reuniram na Praça do Papa, em Vitória, para ver bandas como Manimal, Dead Fish, Casaca e Mukeka di Rato.
Ensaio do Concerto de Natal da CST, no Centro de Convenções (Banda Manimal). Crédito: Ricardo Medeiros
ÚLTIMOS TRABALHOS E PERDA DO BATERISTA
O Manimal ainda lançou mais dois CDs: “Espírito Congo” (2003) e “Manimal Ao Vivo” (2005). Em 2008, a banda perdeu o seu baterista Queiroz, devido a um infarto na manhã do dia 10 de abril. Desde o ocorrido, o grupo não continuou mais com as atividades.
Grupo Manimal na escola de samba Unidos de Jucutuquara. Crédito: Mônica Zorzanelli
SECRETÁRIO DE CULTURA DE VITÓRIA
Em 2013, Alexandre Lima iniciou uma nova etapa em sua carreira. O músico foi convidado pelo então prefeito da época, Luciano Rezende, para exercer o cargo de secretário municipal de Cultura de Vitória. Lima chegou a cuidar da parte musical da campanha do político e foi apontado como o responsável por encontrar a voz do “gesto da mudança”, com a cantora Cris Monteiro.
ANEURISMA E COMA
No dia 29 de dezembro de 2013, Alexandre passou mal durante uma reunião na Prefeitura de Vitória e foi socorrido pelo prefeito Luciano Rezende, que é formado em Medicina. O músico sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma cirurgia para a retirada de um aneurisma na aorta - o que acarretou em um coma induzido.
CAMPANHAS PARA ARCAR COM TRATAMENTO
Ao longo dos anos seguintes, amigos e familiares de Alexandre realizaram diversos eventos para arcar com o tratamento, como o “Viva Alex!”. A mãe do artista, Vera Lima, também criou campanhas com vendas de latas personalizadas - recicladas da alimentação do artista. A título de curiosidade, os custos chegavam a R$ 20 mil por mês.
Alexandre Lima e suas filhas Sofia (loira) e Victória (cabelo preto), em 2003. Crédito: Edson Chagas
ÚLTIMOS ADEUS
Após 10 anos em coma, Alexandre Lima morreu aos 54 anos na madrugada desta quinta-feira (28). Nas redes sociais, o músico Amaro Lima, irmão de Alex, escreveu suas últimas homenagens. “Meu irmão, Deus te chamou, mas o barco do amor que você fez continua a navegar".
Renato Casanova, da banda Casaca, também prestou uma homenagem ao colega de profissão e disse que a música do ES está de luto nesta quinta-feira (28).
O velório acontece das 10h às 17h, no Palácio Sônia Cabral, no Centro de Vitória, e será aberto ao público. Já o sepultamento será restrito aos familiares no cemitério Parque da Paz. Entre as primeiras homenagens, uma bandeira e um estandarte da escola de samba Unidos de Jucutuquara foi colocada por cima do caixão.
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