Quem já ouviu o congo, uma manifestação cultural popular muito influente no Espírito Santo, marcado pelo som dos tambores e da casaca, com certeza já escutou o verso ''Madalena, Madalena/Você é meu bem querer''. Mas quem é, de fato, a Madalena?
Para descobrir quem foi essa marcante personagem, que é homenageada em algumas músicas do congo, é preciso passar pelas cidades da Grande Vitória atrás das bandas do ritmo, que ganhou destaque no Brasil e no mundo.
O congo é uma manifestação cultural e popular muito forte no Espírito Santo. Crédito: Imagens/ TV Gazeta ES
Madalena seria uma moça cantada de várias formas. Desde a típica música do Martinho da Vila, ''Madalena do Jucu'', até as formas mais antigas e tradicionais do Congo, ela não sai da boca do povo.
Ricardo Sá, jornalista e cineasta, produziu, no ano de 2010, um documentário chamado ''Procurando Madalena''. Em suas palavras, Ricardo se descreve como um capixaba apaixonado pela Madalena. ''[...] Essa música tem algo que mexe muito com o povo capixaba. Eu ousei entrar nesse universo para ter uma visão que refletisse o ponto de vista dos congueiros'', explica.
Ricardo Sá, cineasta e jornalista, que produziu o documentário ''Procurando Madalena''. Crédito: Imagens/ TV Gazeta ES
Na visão da Dona Juraci da Conceição, por exemplo, Madalena era uma moça namoradeira. Inclusive, a música inspirada nesta moça impactou tanto a cultura do Estado que invadiu as construções no ano de 1896. ''Por causa da música, o prefeito na época que gostava de congo, reformou a ponte e colocou o nome de Ponte da Madalena''. Essa antiga ponte era o único acesso à Barra do Jucu, antes da construção da Rodovia do Sol.
Moça que namorava um rapaz, lavadeira que cantarolava, amante, filha de seu Zé Maria ou moradora de Goiabeiras são algumas das respostas que tentam decifrar quem é a dona do nome mais cantado no congo.
Em um dos locais citados como bairro onde Madalena morava, Goiabeiras, é possível encontrar algumas pistas dessa história um tanto quanto intrigante. É nessa região de Vitória, inclusive, que fica um vinil, dos anos de 1980, onde a Madalena está registrada em um ritmo bem diferente do que o capixaba está habituado.
O mestre da Banda de Congo Panela de Barro de Goiabeiras, Valdemiro Sales, alega que ''hoje em dia, quem abre a boca para cantar 'Madalena', canta do jeito que Martinho da Vila gravou''. Além da variação dos ritmos, existem muitos versos nessa versão mais antiga que são bem diferentes da famosa música, como ''Madalena, Madalena/ O meu cordão de ouro'', ''O filho de Goiabeiras'', ''Mesmo preso na corrente'' e ''Eu sou pobre e não mereço''.
Apesar de muitas histórias marcantes desse ícone cultural capixaba, a versão que levou o congo do Espírito Santo para o Brasil, foi a do compositor e cantor Martinho Da Vila, quando lançou o álbum ''O canto das lavadeiras'', em outubro de 1989.
No documentário do Ricardo Sá, Martinho explica a história da concepção da música 'Madalena do Jucu'. O cantor conta: '' procurei sobre o folclore brasileiro de maneira geral e fui bater no Espírito Santo, que já tinha informações sobre os congos. A batida do congo é quase que uma variante da batida de um samba de roda'', completa.
Ricardo Sá ainda finaliza, exaltando que, ''seja do Jucu, de Goiabeiras, da Serra ou de Cariacica, a Madalena é capixaba''.
*Com informações da repórter Luana Esteves, do Em Movimento
Este vídeo pode te interessar
Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível