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Publicado em 20 de novembro de 2023 às 16:09
No Dia da Consciência Negra nada é mais significativo do que prestar homenagem às pessoas que, infelizmente, vivem à margem da sociedade e cercadas por estereótipos. Nas palavras de ativista norte-americana Angela Davis: "Quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela".
Nesta vibe, HZ elaborou uma lista destacando mulheres negras que não apenas revolucionaram a indústria da música, mas também servem de inspiração para inúmeras mulheres pelo Brasil e pelo mundo.
Não havia outra maneira de começar a lista sem ser com a pioneira do samba, Dona Ivone Lara. A artista foi a primeira mulher a fazer parte de uma ala de compositores de escola de samba no Rio de Janeiro, o Império Serrano. Yvonne Lara da Costa, mais conhecida como "Grande Dama do Samba", nascida em 1921 na capital carioca, ficou conhecida por usar composições em seu trabalho como enfermeira. Além de cuidar dos pacientes, cantava para todos como forma de terapia. O sucesso "Sonho Meu" é o retrato da sua dupla jornada. A sambista conseguiu unir duas paixões e hoje é a maior referência feminina no samba.
Conhecida como "a mulher que cantou até o fim do mundo", Elza Soares se tornou uma das maiores vozes do Brasil. Sua trajetória foi marcada por muita luta e, desde o início da carreira, a música sempre foi questão de sobrevivência em sua vida. Nascida em 1930 na favela carioca Moça Bonita (Zona Oeste do Rio de Janeiro), a cantora abriu o caminho para mulheres negras no Brasil. Os sucessos "Mulher do fim do mundo", "Maria da Vila Matilde" e "Carne" marcam sua importância na MPB. Sempre lutando pelo direito das mulheres negras, a sambista, vítima de violência doméstica, se tornou um símbolo de empoderamento feminino. Mesmo após sua morte, em 20 de janeiro de 2022, Elza ainda é, e sempre será, uma referência na música nacional.
Chegou a hora de falar da Marrom. Aos 75 anos, sendo 50 de carreira, Alcione Dias Nazareth, também conhecida como Alcione, se destacou como ícone no fortalecimento da presença feminina no mundo do samba. Desde seu álbum de estreia, lançou o emblemático "hino", "Não Deixa o Samba Morrer", consagrado como um sucesso atemporal e marco crucial na história do ritmo. A cantora maranhense também é responsável por hits como, "Gostoso Veneno", "Meu Ébano", "A Loba" e "Você Me Vira A Cabeça (Me Tira do Sério)". Além de suas faixas, seu estilo singular, caracterizado por unhas e batom vermelhos, joias e os cabelos ruivos, serviram de inspiração para mulheres negras explorar sua beleza natural.
Impossível falar de MPB sem citar a atual Ministra da Cultura, Margareth Menezes. Nascida em Salvador, em 1962, a artista é cantora, compositora e atriz. Eleita por um periódico norte-americano como sendo a Aretha Franklin brasileira, a cantora é a voz que deu vida a música "Faraó" um dos maiores hits do carnaval baiano. Margareth conquistou dois troféus Caymmi, dois troféus Imprensa, quatro troféus Dodô e Osmar e também recebeu indicações para o Grammy Awards e Grammy Latino. Com 21 turnês mundiais em sua trajetória, a baiana revolucionou a música brasileira.
Ao mencionarmos ícones do rap nacional, não podemos omitir a presença de Negra Li. Com quase 30 anos de carreira, é reconhecida por sua versatilidade, colaborando com artistas como Caetano Veloso, Akon, Pitty e Skank. Além de cantora, a rapper é atriz, tendo participado de produções da Rede Globo e de peças de teatro. Suas composições representam o ponto de vista da mulher no universo do rap, desafiando um cenário musical predominantemente masculino.
Primeira mulher trans a ganhar o Grammy Latino, a paulista Liniker de Barros Ferreira Campos, mais conhecida como Liniker, é uma das artistas mais talentosas da nova geração. Sua carreira começou em 2015 e em pouco tempo ela se tornou referência na MPB. Dona dos sucessos “Zero”, “Baby 95” e “Intimidade”, tem o poder de conquistar o público com sua voz potente. Liniker venceu a categoria Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com o disco "Indigo Borboleta Anil". Além de cantora e compositora, também é atriz e protagonizou a série "Manhãs de Setembro", disponível no Prime Vídeo.
A "rainha da favela" não poderia ficar de fora! Ludmilla iniciou sua trajetória no funk carioca em 2012, adotando o nome artístico "MC Beyoncé" e, desde então, emplacou vários sucessos, incluindo "Fala Mal de Mim". Seu álbum de estreia, "Hoje" (2013), apresentou hits como "Sem Querer" e "Te Ensinei Certin". A cantora busca, por meio de suas composições, desmistificar os estereótipos associados aos moradores das favelas. Além de ser um ícone, a artista é uma mulher bissexual, casada com Brunna Gonçalves. Indo além do funk, Ludmilla também se destaca como ícone do pagode nacional, conquistando o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode em 2022 com seu álbum "Numanice #2".
Convidado para analisar a lista de HZ, o jornalista e pesquisador musical José Roberto Santos Neves enfatizou a importância de cantoras negras no cenário atual da música brasileira.
Jessica Coutinho e Leiriane Santana são alunas do 26º curso de residência em jornalismo da Rede Gazeta. Esse conteúdo foi orientado e e editado pelo repórter de HZ, Gustavo Cheluje.
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