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Publicado em 15 de junho de 2022 às 07:00
Com um timbre único de voz - que remete às divas do jazz americano, como Billie Holiday, sua maior inspiração -, Leila Maria volta aos palcos capixabas para uma apresentação especial, em comemoração aos cinco anos do 244 Club, em Vitória.
Com mais de 30 anos de estrada, e uma carreira que ganhou visibilidade após a segunda colocação no "The Voice +", em 2021 (vamos falar sobre isso mais tarde), a artista promete - em apresentação nesta sexta (17), às 21h - um espetáculo repleto de emoção, com faixas que compõem dois de seus álbuns mais emblemáticos: "Off Key", com versões em inglês de clássicos da Bossa Nova, e "Leila Maria - Canta Billie Holiday in Rio". Pelo último, venceu o 25º Prêmio da Música Brasileira.
"Será um encontro bem intimista. O público capixaba gosta muito de jazz, e tem conhecimento desse estilo musical", afirma Leila, dando detalhes de algumas faixas que serão apresentadas, como "Off Key", sua roupagem para "Desafinado", de João Gilberto, e "Summer Samba (So Nice)", inspirada no clássico de Marcos Valle.
De "Leila Maria - Canta Billie Holiday in Rio", não podem faltar verdadeiros "hinos" jazzísticos, como "Comes Love" e "I’ll Be Seeing You", um deleite para os ouvidos vindo da voz aveludada da artista carioca de 66 anos. "São composições consagradas na voz Billie Holiday, mas canto de meu jeito, do jeito que sei cantar. Ela (Billie) fala isso, que a melhor forma de apresentar uma música é do jeito que você sabe fazer", responde Leila, com sua tradicional doçura e simpatia.
"Minha inspiração vem de cantoras clássicas, de divas como Billie Holiday, Ella Fitzgerald e Nina Simone. Billy, inclusive, praticamente inaugurou uma nova forma de cantar, transformando o jazz tradicional em blues", aponta, retornado para o início da conversa: seu carinho pelo Espírito Santo.
"Só tenho boas recordações. Já tivemos várias noites de conversa no extinto Spirito Jazz, o que fez virar fã de Vitória. Lembro da minha ida ao Estado em 2005, em uma apresentação no Teatro Carlos Gomes. Foi nessa época que conheci um grande conhecedor de jazz, Luiz Paixão (1925 - 2021). Isso sem dizer da performance no Santa Jazz, em 2019", rememora, dizendo que fez vários amigos em Santa Teresa, local onde é realizado anualmente o evento.
"Até hoje mantenho contato com os moradores. Fiz vários amigos, sabe? Tem uma senhora que me manda doces e favos de mel. Que artista tem esse luxo?", sorri, carinhosamente, dizendo que a participação no "The Voice +" mudou os rumos de sua carreira.
"Uma produtora musical me mandou o link para fazer a inscrição. Me perguntei, por que não? E consegui o queria, visibilidade. Meu público acabou se renovando. Estar na tela da Rede Globo, realmente, faz seu trabalho ser mais reconhecido e por uma outra parcela de público, não só aqueles que pertencem ao nicho do jazz. Meu Instagram deu um salto (risos). De 200 seguidores, passou para 25 mil", explica, dizendo que a atração abriu portas, como um contrato com a gravadora Biscoito Fino.
"Nas Audições às Cegas, queria apresentar uma música de Djavan. O produtor musical sugeriu 'Night and Day', que é de Cole Porter, mas já ganhou várias performances nas vozes de nomes como Billie Holiday e Frank Sinatra. Me senti em casa", detalha a cantora, que já se apresentou com nomes como Philippe Baden Powell, Yamandu Costa, Jorge Mautner e Luiz Melodia, e que acaba de lançar seu sexto disco de carreira, "Ubuntu", que vem recebendo elogios efusivos da crítica.
"No álbum, faço um resgate da minha ancestralidade africana, tendo como base músicas de Djavan em outra sonoridade. Embarquei na ideia por conta de Guilherme Kastrup (produtor do disco) e Ana Basbaum, da Biscoito Fino. Quem nunca teve uma ligação afetiva com alguma música de Djavan? Ele fez parte da trilha sonora da minha vida", aponta Leila, dizendo que o trabalho também contou com a participação de talentos como François Muleka, brasileiro, mas filho de congoleses, além do grupo Kuimba, com músicos congoleses que moram em São Paulo. De fora do país, a moçambicana Selma Uamusse e o malinense Ahmed Fofana, embarcara no projeto.
"Maria Bethânia também foi parceira em algumas faixas. Em 'Seca', por exemplo, ela declama trechos da letra de Djavan. Trabalhar com ela é um sonho, pois sou grande fã. Cresci ouvindo Bethânia. Minha mãe me apresentou 'Carcará', na década de 1960. Ela é uma das minhas grandes referências de interpretação, carisma e presença de palco", complementa, dizendo que pretende, em breve, apresentar a turnê de "Ubuntu" em Vitória.
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