Administrador / [email protected]
Publicado em 11 de abril de 2023 às 13:21
O Espírito Santo entrou para o seleto grupo de potências nacionais quando o assunto é PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas do Setor Cultural. Segundo dados (referentes a 2020 e repassados em primeira-mão para HZ) divulgados pela plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas, lançado pelo Observatório Itaú Cultural na segunda (10), atividades relacionadas à cultura contribuíram com cerca de 1,24% de todo o PIB capixaba no mesmo período.
Os números, que à primeira vista podem parecer pequenos, são extremamente representativos, colocando o Estado como a sétima maior potência do país, à frente de unidades representativas, como Bahia (um dos maiores "produtores" de cultura popular do Brasil), Goiás (com toda a força econômica da música sertaneja) e Distrito Federal.
São consideradas indústrias criativas: moda, atividades artesanais, mercado editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação com foco no setor, arquitetura, publicidade, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. Ao todo, as empresas criativas do ES, em 2020, geraram R$ 4,1 bilhões em receita e cerca R$ 800 milhões em lucros.
Os dados foram levantados no período pré-pandemia da Covid-19. Com o reaquecimento e a recuperação do setor, especialmente em 2022 e no início de 2023, os próximos números divulgados devem ser ainda mais expressivos.
Dando uma vasculhada na plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas, constatamos que, no quarto trimestre de 2022, o número de pessoas ocupadas no setor era de 129.760, cerca de 6% do total de trabalhadores do Estado. Em dados levantados pelo portal até 2021, o total de empresas atuantes na área no Espírito Santo era de 2.530.
As categorias setoriais que compõem mais de 75% da quantidade de empresas criativas capixabas são Moda (37% do total), Publicidade e Serviços Empresariais (19%). Demais atividades, como Serviços de Tecnologia da Informação (10%), Atividades Artesanais (9%) e Desenvolvimento de Software e Jogos Digitais (8%) também contam com índices expressivos.
Outro dado significativo divulgado pela pesquisa é em relação ao salário recebido por fazedores de economia criativa. No ES, a remuneração média para esses trabalhadores é de R$ 3.714, rendimento superior ao da média estadual, que é de R$ 2.781. Os homens representam 71.433 trabalhadores e as mulheres 58.327.
Presente no lançamento da plataforma, Fabrício Noronha, Secretário Estadual de Cultura e Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, comemorou os bons índices conquistados pelo Espírito Santo.
Noronha credita parte desse sucesso ao massivo investimento estadual em políticas públicas relacionadas ao setor. "Também é um trabalho em conjunto com a comunidade cultural, empresas, coletivos e fazedores, que investem seu tempo e conhecimento para semear em nosso Estado uma cultura tão rica e diversa, distribuídos em vários setores da economia criativa", aponta.
"Monitoramos, em parceria com o Instituto Jones do Santos Neves, nosso campo da Economia Criativa. Desde 2019, temos o ES + Criativo, que apoia esse setor. Acompanhamos de perto essas ações de maneira estratégica. Estamos prestes a consolidar esse programa com o HUB ES +, que deve ser inaugurado nos próximos meses no Centro de Vitória", enfatizou o gestor.
Como divulgado por "HZ", a iniciativa será um espaço projetado para a realização de cursos, palestras, trabalhos multimídia, aceleração e "incubação" de projetos. Entre seus objetivos, estão a criação de redes de colaboração entre iniciativas da economia criativa e inovação, integrando ações das Secretarias de Inovação e Desenvolvimento (Sectides) e da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,4 milhões em infraestrutura e gestão, integrando inovação e cultura.
Como já ressaltado no texto, Fabrício também destaca o aumento do investimento do Governo do ES no setor cultural. "Tivemos um forte aumento do volume de fomento, criando, por exemplo, a Lei de Incentivo à Cultura e a transferência de recursos para os municípios. O Governo sabe da importância da cultura, de sua forte força de trabalho e geração de emprego e renda", complementa.
Não só no Espírito Santo a Indústria Criativa mostrou-se robusta. O crescimento do mercado de trabalho e geração de renda do setor provou estar em evidência em todo o país.
Dados divulgados pelo Observatório Itaú Cultural apontam que o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no Brasil em 2020, equivalendo a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no mesmo período.
Para se ter uma ideia da magnitude da participação, em 2020 o setor automotivo respondeu por 2,1% do PIB (dado IBGE), um ponto percentual a menos que a cultura e as indústrias criativas no mesmo intervalo.
Segundo os dados do PIB do Observatório Itaú Cultural, em 2020 existiam mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas em atividade no país.
A economia criativa respondeu por 7,4 milhões dos empregos formais e informais no Brasil em 2022 (dados do quarto trimestre), equivalendo a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. O número é 4% maior que o verificado em 2021. Só no ano passado, a cultura e a economia criativa geraram 308,7 mil novos postos de trabalho no país.
De acordo com Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, instituição à qual o Observatório Itaú Cultural está integrado, "a nova plataforma traz a real dimensão da contribuição da cultura e das indústrias criativas para o desenvolvimento econômico do Brasil". Para Saron, o novo modelo traz dados confiáveis para orientar corretamente as políticas públicas. "Agora temos um indicador para nortear o debate. A economia da cultura e das indústrias criativas são fundamentais para a geração de emprego e renda no país", complementa.
Em tempo: como algumas bases de dados não foram totalmente atualizadas em relação a 2021 e 2022, o primeiro levantamento do PIB da cultura do Observatório Itaú Cultural só conseguiu determinar o valor da geração de riquezas produzido da cultura e indústrias criativas até 2020. O Observatório do Itaú Cultural seguirá atualizando a plataforma e aprimorando os indicadores.
A plataforma "PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas" foi elaborada por um grupo de pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, coordenados por Leandro Valiati, da Universidade de Manchester, no Reino Unido. O levantamento recolheu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e do histórico de prestação de contas da Lei Rouanet.
* O repórter viajou a São Paulo a convite da Fundação Itaú Cultural
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta