Em 2020, empresas criativas do ES geraram mais de R$ 4,1 bilhões em receita, segundo dados levantados pelo Observatório Itaú Cultural . Crédito: Shutterstock
O Espírito Santo entrou para o seleto grupo de potências nacionais quando o assunto é PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas do Setor Cultural. Segundo dados (referentes a 2020 e repassados em primeira-mão para HZ) divulgados pela plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas, lançado pelo Observatório Itaú Cultural na segunda (10), atividades relacionadas à cultura contribuíram com cerca de 1,24% de todo o PIB capixaba no mesmo período.
Os números, que à primeira vista podem parecer pequenos, são extremamente representativos, colocando o Estado como a sétima maior potência do país, à frente de unidades representativas, como Bahia (um dos maiores "produtores" de cultura popular do Brasil), Goiás (com toda a força econômica da música sertaneja) e Distrito Federal.
São consideradas indústrias criativas: moda, atividades artesanais, mercado editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação com foco no setor, arquitetura, publicidade, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio. Ao todo, as empresas criativas do ES, em 2020, geraram R$ 4,1 bilhões em receita e cerca R$ 800 milhões em lucros.
Os dados foram levantados no período pré-pandemia da Covid-19. Com o reaquecimento e a recuperação do setor, especialmente em 2022 e no início de 2023, os próximos números divulgados devem ser ainda mais expressivos.
Dando uma vasculhada na plataforma PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas, constatamos que, no quarto trimestre de 2022, o número de pessoas ocupadas no setor era de 129.760, cerca de 6% do total de trabalhadores do Estado. Em dados levantados pelo portal até 2021, o total de empresas atuantes na área no Espírito Santo era de 2.530.
As categorias setoriais que compõem mais de 75% da quantidade de empresas criativas capixabas são Moda (37% do total), Publicidade e Serviços Empresariais (19%). Demais atividades, como Serviços de Tecnologia da Informação (10%), Atividades Artesanais (9%) e Desenvolvimento de Software e Jogos Digitais (8%) também contam com índices expressivos.
Outro dado significativo divulgado pela pesquisa é em relação ao salário recebido por fazedores de economia criativa. No ES, a remuneração média para esses trabalhadores é de R$ 3.714, rendimento superior ao da média estadual, que é de R$ 2.781. Os homens representam 71.433 trabalhadores e as mulheres 58.327.
FORÇA CAPIXABA
Presente no lançamento da plataforma, Fabrício Noronha, Secretário Estadual de Cultura e Presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, comemorou os bons índices conquistados pelo Espírito Santo.
Noronha credita parte desse sucesso ao massivo investimento estadual em políticas públicas relacionadas ao setor. "Também é um trabalho em conjunto com a comunidade cultural, empresas, coletivos e fazedores, que investem seu tempo e conhecimento para semear em nosso Estado uma cultura tão rica e diversa, distribuídos em vários setores da economia criativa", aponta.
Secretário de Estado da Cultura, Fabricio Noronha credita parte do sucesso capixaba ao massivo investimento estadual em políticas públicas relacionadas ao setor. Crédito: Rodrigo Araujo/Governo-ES
"Monitoramos, em parceria com o Instituto Jones do Santos Neves, nosso campo da Economia Criativa. Desde 2019, temos o ES + Criativo, que apoia esse setor. Acompanhamos de perto essas ações de maneira estratégica. Estamos prestes a consolidar esse programa com o HUB ES +, que deve ser inaugurado nos próximos meses no Centro de Vitória", enfatizou o gestor.
Como divulgado por "HZ", a iniciativa será um espaço projetado para a realização de cursos, palestras, trabalhos multimídia, aceleração e "incubação" de projetos. Entre seus objetivos, estão a criação de redes de colaboração entre iniciativas da economia criativa e inovação, integrando ações das Secretarias de Inovação e Desenvolvimento (Sectides) e da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,4 milhões em infraestrutura e gestão, integrando inovação e cultura.
Como já ressaltado no texto, Fabrício também destaca o aumento do investimento do Governo do ES no setor cultural. "Tivemos um forte aumento do volume de fomento, criando, por exemplo, a Lei de Incentivo à Cultura e a transferência de recursos para os municípios. O Governo sabe da importância da cultura, de sua forte força de trabalho e geração de emprego e renda", complementa.
BRASIL
Não só no Espírito Santo a Indústria Criativa mostrou-se robusta. O crescimento do mercado de trabalho e geração de renda do setor provou estar em evidência em todo o país.
Dados divulgados pelo Observatório Itaú Cultural apontam que o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no Brasil em 2020, equivalendo a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no mesmo período.
Para se ter uma ideia da magnitude da participação, em 2020 o setor automotivo respondeu por 2,1% do PIB (dado IBGE), um ponto percentual a menos que a cultura e as indústrias criativas no mesmo intervalo.
Segundo os dados do PIB do Observatório Itaú Cultural, em 2020 existiam mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas em atividade no país.
A economia criativa respondeu por 7,4 milhões dos empregos formais e informais no Brasil em 2022 (dados do quarto trimestre), equivalendo a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. O número é 4% maior que o verificado em 2021. Só no ano passado, a cultura e a economia criativa geraram 308,7 mil novos postos de trabalho no país.
De acordo com Eduardo Saron, presidente da Fundação Itaú, instituição à qual o Observatório Itaú Cultural está integrado, "a nova plataforma traz a real dimensão da contribuição da cultura e das indústrias criativas para o desenvolvimento econômico do Brasil". Para Saron, o novo modelo traz dados confiáveis para orientar corretamente as políticas públicas. "Agora temos um indicador para nortear o debate. A economia da cultura e das indústrias criativas são fundamentais para a geração de emprego e renda no país", complementa.
Dados divulgados pelo Observatório Itaú Cultural aponta que o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no país em 2020, o que equivale a R$ 230,14 bilhões. Crédito: Lucas Vieira/Pixabay
Em tempo: como algumas bases de dados não foram totalmente atualizadas em relação a 2021 e 2022, o primeiro levantamento do PIB da cultura do Observatório Itaú Cultural só conseguiu determinar o valor da geração de riquezas produzido da cultura e indústrias criativas até 2020. O Observatório do Itaú Cultural seguirá atualizando a plataforma e aprimorando os indicadores.
A plataforma "PIB da Economia da Cultura e das Indústrias Criativas" foi elaborada por um grupo de pesquisadores, brasileiros e estrangeiros, coordenados por Leandro Valiati, da Universidade de Manchester, no Reino Unido. O levantamento recolheu dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e do histórico de prestação de contas da Lei Rouanet.
* O repórter viajou a São Paulo a convite da Fundação Itaú Cultural
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