Publicado em 19 de novembro de 2024 às 10:49
No Dia da Consciência Negra, celebrado nesta quarta-feira (20), será lançado o livro “Onde se vê música: o lugar do videoclipe de rap do Espírito Santo”, de Luiz Eduardo Neves. O evento acontece às 18h na tabacaria Baze Club, em Itapuã, Vila Velha, com entrada franca, e apresentação do DJ Jader Mansano.
A obra, publicada pela Editora Pedregulho, mergulha na cena do hip-hop capixaba, explorando o papel dos videoclipes como um espaço de resistência e expressão cultural. Neves, que atua na produção audiovisual local, traça uma análise sobre como o rap produzido no Espírito Santo dialoga com o cenário global, ao mesmo tempo em que mantém suas singularidades regionais e reflete as realidades sociais do Estado.
Além do livro, o evento contará com apresentação do DJ Jader Mansano, conhecido por sua pesquisa musical que começou com ritmos nordestinos, brasilidades, samba rock, soul e jazz. Para o lançamento, ele preparou uma playlist voltada para a cultura urbana, com foco em rap, resgatando as influências de resistência e inovação que dialogam com o tema do livro.
A mesa de bate-papo que integra o lançamento do livro contará com intérpretes de Libras e mediação da editora literária Marília Cafe. O debate reunirá profissionais e pesquisadores para discutir temas centrais da obra, como o impacto do rap e da produção audiovisual na cultura urbana e nas dinâmicas sociais contemporâneas.
Entre os convidados, Patrícia Paveis, professora da UFES e pesquisadora em cibercultura e antropologia digital, trará uma visão sobre a relação entre música, tecnologia e consumo cultural. Já Suellen Vasconcelos, cineasta premiada, discutirá a importância dos videoclipes como meio de expressão artística e resistência.
O escritor Marciel Cordeiro, que explora temas de identidade e relações sociais em suas obras, vai abordar como o rap e a literatura podem ser ferramentas de afirmação cultural e diálogo com as questões sociais do país.
No livro, Luiz Eduardo analisa videoclipes que capturam as nuances da cena local, como “Canção Infantil”, de Cesar MC, que traz uma mensagem poderosa de indignação e afeto, gravada em uma escola pública no Morro do Quadro, em Vitória, explorando aspectos visuais e narrativos que conectam a música ao ambiente escolar e urbano, dando um tom reflexivo ao cotidiano registrado.
Já “CherryBlossom”, do Solveris, diferencia-se por uma estética que se afasta dos elementos comuns do rap, como o grafite e o cenário urbano, levando o público a outro tipo de territorialização da canção e explorando referências do soul e do R&B.
A faixa “Primavera Fascista”, que reúne os MCs capixabas Bocaum, Leoni, Adikto, Axant, Mary Jane, Vk Mac e Dudu, expressa a indignação e reflexões sobre a política e os desafios sociais do Brasil. A música e seu videoclipe se tornaram símbolos de resistência no cenário do rap nacional quando foi lançada, em 2018.
“Esse registro é essencial para compreender como o hip-hop no Espírito Santo ultrapassa a condição de apenas um estilo musical, é um movimento cultural que afirma identidades e questiona desigualdades", destaca Neves.
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