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Publicado em 16 de maio de 2022 às 07:00
Totalmente integrado à paisagem urbana da Serra, município mais populoso do Estado, o Centro Cultural Eliziário Rangel faz "sua voz ecoar" pelas ruas de São Diogo I, movimentado bairro localizado às margens da BR-101, há cerca de seis anos.
Tendo como "cartão de visita" (logo na entrada) um tambor em couro legítimo, daqueles que batucam nos terreiros, e, nas paredes, pinturas de figuras ligadas às lutas sociais, o Eliziário, além de outros espaços, conta com uma biblioteca e um teatro, promovendo oficinas de formação artística, exposições, shows e espetáculos, entre outras atividades socioeducativas. O intuito é promover um sentimento de pertencimento do povo serrano às suas raízes.
"HZ" fez uma visita ao aparelho cultural e aproveitou para conversar com Antônio Vitor, gestor do espaço, produtor e um dos componentes desta "teia cultural" que cada vez aglutina mais gente.
"Fundamos o centro em novembro de 2016. Estamos em um prédio dividido em 12 ambientes. Tem biblioteca, teatro, galeria de artes e um café bar. Cada espaço acolhe uma manifestação artística em uma certa direção", aponta Vitor, dizendo que sua ligação com cultura começou desde a infância.
"Foi na passagem de criança para a adolescência que comecei a ter noção da cena cultural que acontecia no centro da cidade (Vitória). Me questionava por que ela não acontecia na Serra ou nas regiões de Novo Horizonte e São Diogo. Durante meu mestrado, entre 2013 a 2015, estudei (a movimentação cultural) de alguns países latino-americanos, como Uruguai, Chile, México e Argentina, e pude perceber a existência de um espaço ativo, polifônico e vibrante, que reverberava em uma cidade com as mesmas características", aponta, dizendo que a coexistência de espaços culturais com essa proposta é o que o impulsionou a criar o Eliziário.
Antônio Vitor acredita que cultura e sociedade se confluem de maneira positiva. "A aposta na cultura, na verdade, é uma forma de apostar em um outro modo de pensar a cidade e a vida. Foi por essa aposta, pensando na nossa memória, que é o Queimado e Eliziário Rangel, que a gente pensou na criação desse centro cultural", define.
"A gente entende que cultura é o modo como vivemos. E o modo como a gente vivia aqui (na região de São Diogo e Novo Horizonte), desde a minha infância, era marcado pela violência. Neste contexto, fazer arte e cultura é uma aposta política e ética", sintetiza.
"A produção da arte é 'produzir' o bagunçar, um desencaixe, sabe?", brinca, para completar a linha de pensamento de forma pouco ortodoxa, se assim podemos definir. "Então, também é nossa preocupação cotidiana a produção de perturbação da ordem. Nesse sentido, para pensar em uma outra configuração", explana.
Durante anos sendo o único teatro do município (em 2021, foi inaugurado o Teatro Municipal da Estação Cidadania de Cultura de Novo Porto Canoa), o Eliziário Rangel, de acordo com Antônio Vítor, após algumas tentativas, ainda não conseguiu um aporte financeiro da Prefeitura Municipal da Serra para continuar tocando suas atividades. Resistência, decididamente, é a palavra que reverbera.
"Temos diálogos e conversas, mas, efetivamente, ainda não existe nenhum termo de convênio ou edital vindo da prefeitura que nos apoie", lamenta.
"Somos uma associação sem fins lucrativos e estamos em via de se tornar uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), com todos os predicados jurídicos para obtermos uma parceria pública, mas isso não acontece realmente por falta do desejo político das gestões municipais", complementa.
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