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Publicado em 14 de junho de 2023 às 14:00
O Festival de Cinema de Vitória chega a três décadas com a bem sucedida missão de revelar jovens talentos do audiovisual brasileiro. Como exemplo, podemos citar Dennison Ramalho, um dos grandes nomes do cinema fantástico nacional na atualidade que, na mostra capixaba, venceu um de seus primeiros prêmios como diretor, com o excelente curta-metragem "Amor Só de Mãe", em 2003. A atuação de Débora Muniz como Pombagira ainda é impactante, mesmo 20 anos depois.
De história em história, o maior evento audiovisual do Espírito Santo celebra suas três décadas com um encontro "afetivo", resgatando títulos emblemáticos que passaram por suas telas. Batizado de Mostra Comemorativa 30 Anos do Festival de Cinema de Vitória, o encontro acontece gratuitamente de quarta (14) a domingo (18), com programação no Sesc Glória e Hotel Senac Ilha do Boi, além do Cine Metrópolis.
Nessa longa trajetória, o festival recebeu aproximadamente 500 mil espectadores, além de exibir mais de 2 mil títulos, entre curtas e longas-metragens, vindos de todas as regiões do país. Os números que cercam a mostra traduzem seu DNA: promover uma vitrine para novas produções do audiovisual brasileiro, fazendo-as chegar à população de Vitória, e também sendo um importante veículo de intercâmbio entre profissionais que desenvolvem a cadeia da produção do nosso cinema. Muitos desses títulos não chegaram ao circuito comercial por aqui e o capixaba pôde conferir exclusivamente no FCV.
"A Mostra Comemorativa 30 Anos foi desenhada para contar a história das três décadas de existência do Festival de Cinema de Vitória por meio da sua principal atração: os filmes. Desta forma, a curadoria mergulhou nos títulos que foram exibidos ao longo de quase trinta anos e construiu um recorte que também joga luz sobre a produção contemporânea do país, explorando a pluralidade de diversos temas e gêneros", aponta Larissa Delbone, diretora-executiva da mostra.
O Sesc Glória será palco das sessões especiais. Ao todo, serão exibidos 25 curtas e cinco longas-metragens divididos em três janelas de exibição: "Sessão Retrospectiva de Curtas-Metragens", com 20 filmes das mais diferentes linguagens e de várias regiões do Brasil; "Sessão Retrospectiva de Longas-Metragens", com a exibição de cinco longas que trazem um recorte da produção autoral brasileira; e a "Sessão Espírito Santo em Retrospectiva", janela que exibirá cinco curtas-metragens que jogam luz sobre a produção de realizadores capixabas.
Entre os curtas que podem ser conferidos, títulos emblemáticos, como "No Princípio Era o Verbo" (2005), da capixaba Virgínia Jorge; "Chupa-Cabras" (2005), horror cult do capixaba Rodrigo Aragão; "Rap, o Canto da Ceilândia" (2005), de Adirley Queirós, um dos queridinhos do cinema autoral do Brasil, especialmente após o sucesso de "Branco Sai, Preto Fica"; "O Duplo" (2012), de Juliana Rojas (responsável por um dos filmes mais aplaudidos da história do FCV, "Sinfonia da Necrópole", de 2014); e "Eclipse Solar" (2016), do capixaba Rodrigo de Oliveira (sucesso com "Os Primeiros Soldados").
A retrospectiva de longas traz produções igualmente emblemáticas, como "Quase Dois Irmãos" (2004), de Lucia Murat (um emaranhado sobre as raízes do crime organizado no Brasil); o documentário "Corumbiara" (2009), de Vincent Carelli; "O Som ao Redor" (2012), de Kleber Mendonça Filho (representante do Brasil no Oscar de 2013); e a obra-prima poética "A História da Eternidade" (2014), de Camilo Cavalcante. Todos os títulos são imperdíveis!
Tanta diversidade de estilos e formatos narrativos - como comprovado nas produções apresentadas acima - casa perfeitamente com um evento popular em sua essência, com sessões gratuitas e sempre lotadas.
"Ser acessível é um dos principais objetivos do Festival de Cinema de Vitória. Para nós, é fundamental que todas as nossas ações sejam abertas ao público. O festival é um espaço de fomento, que preza pela democratização de acesso à cultura, a inclusão, além de um espaço de formação constante de plateias para o cinema brasileiro", enfatiza Larissa Delbone.
Por falar em democratização e resgate da cultura nacional, o FCV, em parceria com a Sociedade Amigos da Cinemateca, promove a estreia nacional da mostra itinerante A Cinemateca é Brasileira, que reúne títulos de diferentes momentos históricos, propostas estéticas e abordagens temáticas, demonstrando a riqueza do cinema brasileiro ao longo de mais de um século de história.
O escolhido para a sessão especial não poderia ser outro título além de "Limite" (1931), de Mário Peixoto, considerado uma das produções precursoras do cinema brasileiro. Na trama, que bebe do surrealismo, três pessoas navegam sem rumo enquanto lembram de seu passado. A sessão acontece nesta quarta (14), às 14 horas, no Sesc Glória, com entrada franca.
O escolhido para ser homenageado na edição que comemora os 30 anos do Festival de Cinema de Vitória é Marcos Palmeira. Não à toa, o artista protagonizou aquele que é considerado o primeiro longa-metragem rodado no Espírito Santo, "O Amor Está no Ar" (1997), do saudoso crítico de cinema Amylton de Almeida.
A cerimônia de homenagem acontece na quinta (15), às 19 horas, no Sesc Glória, quando o ator receberá o Troféu Vitória por sua contribuição ao audiovisual e à cultura brasileira. Na sexta (16), a partir das 15 horas, no Hotel Senac Ilha do Boi, acontece o lançamento do Caderno do Homenageado, uma publicação biográfica e inédita sobre sua vida e carreira, assinada pelos jornalistas Leonardo Vais e Paulo Gois Bastos. O ator também recebe uma joia exclusiva da designer Carla Buaiz.
"Marcos Palmeira é um ator que faz parte da memória afetiva dos brasileiros. E tem uma carreira extensa, com inúmeros personagens no cinema, no teatro e na televisão. Além de ter feito 'O Amor Está no Ar', de Amylton de Almeida, um dos longas-metragens capixabas que faz parte da retomada do cinema brasileiro. Para nós, é uma honra homenagear um profissional tão talentoso e íntegro", defende Larissa Delbone.
E a garotada tem vez, sim, no FCV. Pensando na formação de público, o evento promove uma seleção especial da Mostra Comemorativa Festivalzinho de Cinema de Vitória, com títulos que fizeram história nesse braço especial do evento. As sessões acontecem no Cine Metrópolis (Ufes) e são voltadas exclusivamente para os alunos das escolas públicas da Grande Vitória.
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