Redes Sociais

Game capixaba lembra luta contra a escravidão em São Mateus

Criado pelo game designer Leonardo Zamprogno, "Capoeira, o jogo" será apresentado em evento na Argentina para tentar aporte para atualização

Publicado em 30 de maio de 2023 às 20:05

Jogo se passa em lugares históricos de São Mateus
Jogo se passa em lugares históricos de São Mateus Crédito: Reprodução/"Capoeira, o Jogo"

Vila de São Mateus, no Norte do Espírito Santo, século XVIII. Um negro tenta fugir do seu escravizador e livrar outros escravos da fazenda. Essa é a sinopse do jogo de celular “Capoeira, o jogo”, criado pelo game designer Leonardo Zamprogno, morador de Nova Venécia, no Noroeste do Estado. A ideia inicial era fazer um jogo sobre a história da capoeira, mas ele se transformou em uma luta ainda maior.

Disponível para Android e IOS, o game é inspirado na história de alguns ícones na luta contra a escravidão no país. É o caso da princesa angolana Zacimba Gaba, que foi escravizada no Brasil e tem a história contada no livro “Os Últimos Zumbis”, do escritor capixaba Maciel de Aguiar. A obra, inclusive, foi uma referência para o roteiro do jogo da Mobo Games.

“Eu joguei capoeira na minha juventude. É um patrimônio imaterial do Estado, mas não há muito registro histórico sobre o expoente da capoeira. Fui procurar uma obra para me inspirar e encontrei este livro. Ele conta a história de personalidades que existiram. Há histórias interessantíssimas de luta. A que mais me interessou foi a de Zacimba Gaba, escravizada em São Mateus, que fundou um quilombo”, disse o criador.

Ela vigiava os navios negreiros que chegavam no mar, abordava e salvava as pessoas de dentro do navio. O personagem principal do jogo é uma das pessoas libertadas pela Zacimba, que luta com ela pela libertação. O jogo se passa na Insurreição do Dia de Sant’Anna com Zacimba e seus homens preparando uma grande rebelião. O jogo se passa todo nessa tentativa. No final, ela acaba sendo frustrada por uma grande repressão do governo

Zamprogno é formado em design gráfico pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Ele relata que sempre gostou da área de desenvolvimento de jogos, mas que apenas seguiu para o segmento no começo da pandemia de Covid-19. Foi o momento em que ele percebeu que queria trabalhar com o que de fato gosta.

Para produzir e lançar o jogo, o designer obteve recursos a partir de um edital “Cultura Digital” da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), por meio da Lei Aldir Blanc, em 2021, e também o trabalho conjunto com outros três profissionais.

Game está disponível para smartphones por Reprodução/"Capoeira, o Jogo"

OPORTUNIDADE DE IR PARA OUTRAS PLATAFORMAS

O objetivo de Zamprogno agora é desenvolver ainda mais o jogo. Há um novo projeto para ele chamado “Capoeira, Origens”. A intenção é incrementar o game que já existe e lançá-lo para PCs e consoles.

O trabalho foi selecionado em um edital do Ministério da Cultura (Minc) para participar de um evento de empreendedorismo que acontece em Buenos Aires, na Argentina, entre os dias 1 e 4 de junho. Será a oportunidade para que o designer apresente o projeto e receba o aporte financeiro de investidores.

"A finalidade do evento é empresarial, uma rodada de negócios para captar compradores da sua ideia. Vou apresentar esse projeto 'Capoeira, Origens' e acrescentar mais recursos. Queremos que ele chegue ao PC e ao videogame. Tenho um protótipo, mas ainda falta muito trabalho. A minha empresa é pequena. Com mais recursos, eu poderia contratar pessoas", disse Zamprogno.

E não vai parar por aí, não. Zamprogno está desenvolvendo um outro jogo, o “Quilombo Survivor”. O projeto também passou em um edital da Secult e a produção está em andamento. Esse game terá uma nova jogabilidade e um enredo diferente, também baseado na história de Zacimba Gaba, segundo o designer.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação