Hélio de la Peña se apresenta em Vitória neste sábado (12). Crédito: Ana Quintella/ @fotossanaquintella
Não sei se ele, mesmo irreverente e descolado, gostaria de ser "rotulado", mas, vamos lá! "Uma das lendas do humor brasileiro" (sorry, não poderia perder a oportunidade!), Hélio de La Peña, um dos fundadores do "Casseta & Planeta", grupo carioca que ajudou a fomentar as bases do humor nacional nos anos 1990, se apresenta em Vitória neste sábado (12).
O carioca que estudou Engenharia, e também foi um dos redatores de outro fenômeno do humor, a "TV Pirata", nos anos 1980, apresenta um stand up no Vix Comedy Club, em que terá como convidado - dividindo o palco - o capixaba Hebert Cruz.
Para a apresentação, Hélio promete um bate-papo descontraído, mesclando situações do cotidiano e tretas políticas. "É natural que temas que estão na ordem do dia sejam explorados, como política, 'BBB' e fofocas de internet que bombaram. Acho que Bolsonaro é um 'bom prato'. Afinal, a Ucrânia elegeu um humorista (referindo-se ao presidente Volodymyr Zelensky) e nós fomos mais radicais e elegemos uma piada", dispara de La Peña, em conversa com "HZ".
Durante a entrevista, falamos da formação do "Casseta & Planeta", do (medo do) cancelamento nas redes socias e se há limites para o humor. Vem com a gente!
Como será a apresentação em Vitória, em que você dividirá o palco com o capixaba Hebert Cruz? Quais temas serão abordados? Tretas do nosso cotidiano? Problemas socioeconômicos do país? Qual assunto é o "prato cheio" para ser explorado em um stand up atualmente?
É um típico espetáculo de stand up. Depois da introdução, os comediantes se apresentam individualmente, trazendo causos, comentários e críticas, tudo, claro, na forma de humor. Cada um escolhe seus assuntos, não combinamos. Também não fazemos ensaio, então o número do colega, para mim, também será uma surpresa. É natural que temas que estão na ordem do dia sejam explorados, como política, "BBB" e fofocas de internet que bombaram. Acho que Bolsonaro é um "bom prato". Afinal, a Ucrânia elegeu um humorista (referindo-se ao presidente Volodymyr Zelensky). Nós fomos mais radicais e elegemos uma piada.
Em seu show, você traz um pouco da irreverência do "Casseta & Planeta", que revolucionou a forma de fazer humor social no país, especialmente nos anos 1990, quando a atração era uma das maiores audiências da Rede Globo?
Sou um dos fundadores do "Casseta & Planeta", portanto, a irreverência faz parte do meu DNA, assim como abordar temas que estão sendo discutidos no momento. E a política não fica de fora. Mas quero fazer as pessoas rirem, terem uma noite divertida. Falar de assuntos que são familiares para a plateia cria uma identificação.
Por falar no "Casseta", em entrevista, você disse que o humor do grupo hoje "estaria estampando memes nas redes sociais", o que achei uma colocação inusitada. Como o humor de vocês seria encarado hoje, especialmente pelo público segmentado da internet?
O humor praticamente mudou da TV para a internet. Você assistia aos programas de humor na TV aberta e hoje se diverte com os memes que recebe no celular, ou vai buscar no Instagram, tik tok, YouTube... O único programa de humor clássico em TV aberta é "A Praça É Nossa", por sinal, um dos mais antigos, pois vem dos tempos do auge do rádio. Acho que se a gente estivesse começando hoje, buscaria as mídias do momento. E se adaptaria ao momento. A TV aberta atinge um público amplo e um canal do YouTube ou um perfil nas redes se dirigem a um público mais específico. A gente não ia nadar contra a corrente. Não faríamos em 2022 o humor de 1992, quando começamos. E começamos rompendo com o humor que se fazia nos anos 1970 e 1980...
Por falar em adaptação, surge uma dúvida: Há limites para o humor? O que pode e o que não pode ser abordado em uma apresentação de stand up?
O humor não tem limites, o quem tem limite é o humorista. Ele faz o que mais o faz rir, o que acha que comunica melhor com sua personalidade ou combina mais com seu estilo. E, claro, o que atinge mais gente. Tem espaço pra tudo, tanto pro humor politicamente correto, quanto para o escatológico ou dito de mau gosto. Cabe ao público escolher o que vai consumir pra não se aborrecer. Mas se quiser se aborrecer, ele está livre pra assistir o que não gosta (risos).
E a política do cancelamento das redes sociais? Isso torna o trabalho do humorista mais "responsável", a ponto de selecionar melhor os assuntos a serem abordados? Aliás, você tem medo do cancelamento?
O humorista, de forma geral, está atrás da gargalhada, do riso solto. Mas não é uma regra, pois tem gente que curte criar um desconforto. Muitas vezes, o cancelamento é perseguido pra chamar a atenção. Às vezes, pode sair caro. Por isso, costumo dizer que o limite do humor é quanto você tem (dinheiro) pra pagar um bom advogado (risos). Quanto ao cancelamento, a gente tenta evitar, mas, às vezes, ele está te esperando na esquina. Você dobra uma curva e dá de cara com ele...
Como fazer humor em um país tão polarizado politicamente como o Brasil?
Há dois caminhos: você faz humor voltado para uma das bolhas, pra receber aplausos e risos, ou faz com tudo e uma hora vai agradar e outra hora vai ser odiado. As pessoas adoram consumir o que não gostam. Se você não gosta de quiabo, por que pede o prato no restaurante? Taí uma coisa que não entendo. Mas, deixa pra lá...
"LA PEÑA CONVIDA"
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- O QUE É: Stand up comedy onde Hélio de La Peña divide o palco com o humorista capixaba Hebert Cruz
- ONDE: Sábado (12), a partir das 19h, no Vix Comedy Club. Rua Sete de Setembro, 269, Centro, Vitória
- INGRESSOS: R$ 60 (inteira), lote único, e R$ 30, meia entrada. À venda no site da casa
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