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Homenagem a Suely Bispo: arte e resistência no 31º Festival de Cinema de Vitória

Conheça a trajetória de Suely Bispo, capixaba de coração e mulher de múltiplos talentos: historiadora, atriz, poetisa e muito mais.

Publicado em 22 de julho de 2024 às 10:38

Suely Bispo é homenageada no 31º Festival de Cinema de Vitória
Suely Bispo é homenageada no 31º Festival de Cinema de Vitória Crédito: Sergio Cardoso / Acervo Galpão IBCA

Esta semana, celebramos o Dia da Mulher Negra e o Dia de Tereza de Benguela em 25 de julho, reconhecendo as conquistas e lutas das mulheres negras no Brasil. Neste contexto, a trajetória de Suely Bispo, baiana radicada no Espírito Santo, merece destaque especial. Figura de grande importância para o movimento negro capixaba e brasileiro, Suely foi homenageada pelo 31º Festival de Cinema de Vitória, que ocorre até 25 de julho.

A homenagem aconteceu no último sábado (20), no Teatro Sesc Glória, com uma plateia lotada. Suely recebeu o Troféu Vitória e a publicação do Caderno da Homenageada, uma biografia assinada pelos jornalistas Leonardo Vais e Paulo Gois Bastos, destacando a diversidade e riqueza da carreira da artista.

“É uma emoção muito grande receber esta homenagem, sou muito grata. Precisamos valorizar os artistas pretos e destacar nossos trabalhos. É icônico receber esta homenagem justamente na semana da mulher preta e de Tereza de Benguela”

Trajetória

Suely Bispo é uma mulher de múltiplos talentos. Formada em História e mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), ela possui uma carreira de mais de vinte anos no teatro e no cinema. Em 2016, conquistou notoriedade nacional ao interpretar Doninha na novela "Velho Chico", da Rede Globo.

Seu trabalho acadêmico também é notável. Suely realizou o primeiro estudo acadêmico sobre o poeta Solano Trindade no Espírito Santo. Ela tem diversas publicações nas áreas de História e Literatura, incluindo três coletâneas de poemas: "Desnudalmas" (2009), "Lágrima Fora do Lugar" (2016) e "Conversas com o Silêncio" (2022). Suely participa ativamente do Sarau Afro-tons, em Vitória, e do Coletivo Louva Deusas, grupo de produção de textos e desenhos eróticos de mulheres negras que lançou a coletânea "Além dos Quartos" em 2015, em São Paulo.

Suely Bispo é homenageada no 31º Festival de Cinema de Vitória
Suely recebeu o Troféu Vitória e a publicação do Caderno da Homenageada Crédito: Vikki Dessaune / Acervo Galpão IBCA

Entre 2012 e 2013, Suely coordenou o Museu Capixaba do Negro. Em 2019, lançou a segunda edição do livro "Resistência Negra na Grande Vitória: dos Quilombos ao Movimento Negro". Sua trajetória no teatro inclui peças notáveis como "A Gang do Beijo" (1987), "Fausto" (1995), "O Riso Contra A Dengue" (2000), "A Flor de Nanã" (2004-2008), e muitos outros.

No cinema, Suely estreou em 1995 no curta-metragem "Fausto" e participou de dezenas de produções audiovisuais, como "Herói da Bingolândia" (2001), "3331" (2011), "Cais dos Cães" (2014), e a websérie "Capixabas de Luta" (2021). Em 2016, entrou para a teledramaturgia com a novela "Velho Chico". Recentemente, atuou em "A Coisa tá Preta" (2021), "A Matéria Noturna" (2021), e "Destinos das Sombras" (2023).

Quem foi Tereza de Benguela?

O Dia da Mulher Negra, comemorado em 25 de julho, também é conhecido como o Dia de Tereza de Benguela, em homenagem a uma das mais importantes líderes quilombolas da história do Brasil. Tereza de Benguela viveu no século XVIII e foi a líder do Quilombo do Quariterê, localizado na região onde hoje está o estado de Mato Grosso.

Tereza de Benguela
Tereza de Benguela Crédito: Reprodução de quadro assinado por F. Vallouton I.

Tereza assumiu a liderança e comandou o Quilombo do Quariterê por cerca de 20 anos. Sob seu comando, a comunidade cresceu e se fortaleceu, resistindo bravamente à opressão e às tentativas de destruição por parte das forças coloniais. Ela organizou um sistema político e econômico próprio, com um conselho deliberativo e uma estrutura de defesa bem organizada.

Tereza de Benguela é lembrada por sua coragem, liderança e habilidade em manter a autonomia e a resistência de sua comunidade contra a escravidão e a opressão colonial. Sua figura representa a luta e a resistência das mulheres negras no Brasil, e sua história é uma fonte de inspiração para a contínua busca por justiça e igualdade.

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