Foto mostra painel de Di Cavalcanti rasgado, em meio a cacos de vidros deixados nas manifestações golpistas em Brasília . Crédito: Divulgação
A invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, neste domingo (8), trouxe prejuízos financeiros, artísticos e culturais incalculáveis. No Twitter do Ministério da Cultura, a ministra Margareth Menezes disse que o patrimônio histórico material e imaterial do Brasil foi barbaramente atacado e em parte destruído e determinou a imediata diligência do Iphan, nas atribuições que cabem ao órgão, para avaliar a destruição cometida pelos vândalos.
"É urgente avaliarmos os danos e começarmos a recuperação e restauro de todo patrimônio que foi brutal e absurdamente arrasado. Um quadro de Di Cavalcanti destruído a facadas revela tamanha ignorância e violência desses atos abomináveis", diz trecho da nota.
A tela citada é "As Mulatas", pintada em 1962 pelo modernista. Ela fica no Palácio do Planalto e não foi o único bem destruído. "A sala do presidente Lula tem um vidro mais grosso. Tem que passar por um, depois por outro, e tem umas trancas. Fica isolada, como se fosse um aquário. Conseguiram destruir a sala da Janja. A Secom foi o lugar mais destruído. Obras de arte, esculturas, obras rasgadas, furadas, quebradas", disse o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, ao jornal O Globo.
Mesmo não chegando na sala do presidente, o andar em que ela fica foi depredado. Um relógio do século 18, que foi dado de presente para a família real portuguesa pela corte de Luís XIV, na França, também foi destruído. Segundo o jornal O Globo, a peça veio para o Brasil com D. João VI, em 1808, e ficava no terceiro andar, onde está o gabinete do presidente.
Relógio raro foi destruído por terroristas que invadiram o Palácio do Planalto. Crédito: Reprodução
Segundo a Globonews, o vitral "Araguaia", de Marianne Peretti, de 1977, que fica no salão verde da Câmara também foi alvo dos ataques. Segundo um funcionário do Congresso, os golpistas quebraram todas as vidraças do prédio e fizeram pichações. Funcionários da Câmara informaram também que não encontraram a obra Bailarina, uma escultura de bronze do escultor italiano Victor Brecheret (1894-1955).
Segundo a Folha de S. Paulo, ainda no Congresso, um painel de Athos Bulcão, principal colaborador de Oscar Niemeyer nas artes plásticas, também sofreu com os ataques. Porém, até o momento, não se sabe o estado do painel.
No STF, a cadeira da presidente Rosa Weber, idealizada pelo designer Jorge Zalszupin foi arrancada. Além disso, um crucifixo foi danificado e a escultura "A Justiça", de Alfredo Ceschiatti, de 1961, foi pichada.
O brasão da República também foi retirado do plenário do STF.
Entre itens de valor histórico danificados no STF, está um tapete que pertenceu à Princesa Isabel, filha do imperador D. Pedro II e responsável por assinar a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no país. "A dilapidação do patrimônio público e da consciência livre do nosso povo não será tolerada. Os culpados serão identificados e rigorosamente punidos na forma da lei", disse Margareth no comunicado.
Vale lembrar que os prédios da Praça dos Três Poderes foram tombados, em 2007, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. "Brasília é patrimônio histórico material e imaterial do Brasil e vamos trabalhar unidos para a reconstrução de tudo que foi violado", disse Margareth Menezes no fim de seu comunicado.
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