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Publicado em 26 de abril de 2023 às 09:00
Em prol do Mês da Conscientização Sobre o Autismo, a Casa Porto, no Centro de Vitória, está com uma exposição inédita em cartaz: "Meu Mundo com Blocos", a primeira exibição de Davi de Oliveira, um artista de 14 anos autista. Até o dia 20 de maio, será possível conferir esculturas em peças de brinquedo coloridas que mostram a visão do jovem sobre o mundo.
Entre as criações expostas, estão monumentos famosos como a Torre Eiffel, de Paris, e a Estátua da Liberdade, de Nova Iorque, além de objetos do dia a dia, como instrumentos e brinquedos, tudo feito a partir de bloquinhos. Antes de chegarem à Casa Porto, algumas das peças da coletânea chegaram até a fazer parte da decoração da casa onde Davi mora.
Em conversa com a equipe de 'HZ', a mãe de Davi, Raphaella de Oliveira, contou como descobriu o talento do filho e como a arte o ajudou a desenvolver suas habilidades sociais.
"Desde pequenininho, ele gostava de encaixar as coisas. Eu lembro que ele era muito pequeno. A gente estava na casa do finado avô dele brincando de encaixar as ferramentas, e o avô dele comentou assim: 'É, esse menino tem uma habilidade muito grande de poder encaixar as peças. Acho que, quando ele crescer, ele vai trabalhar com algo de construir'", relatou.
Desde aquele momento, Raphaella conta que começou a incentivar o filho com quebra-cabeças e outros blocos e que a arte o ajudou a desenvolver a interação social do jovem. Mais ou menos nessa mesma época, aos seis anos, Davi foi diagnosticado com Transtorno de Espectro Autista (TAE).
"Eu comecei a dar LEGO para ele com 5, 6 aninhos e foi maravilhoso! Ele começou a desenvolver o lado social, comunicativo. Começou a interagir, a conversar", contou Raphaella.
Ainda que as habilidades sociais de Davi fossem sendo desenvolvidas com as esculturas, Raphaella ainda se preocupava com o futuro do filho. Com o passar do tempo, percebendo que a arte era algo pelo qual ele realmente se interessava e se destacava, passou a ter certeza de que o filho poderia ser o que quisesse.
"Quando a gente tem um filho e vem o diagnóstico de algo, é como se viesse uma onda e derrubasse tudo que a gente havia imaginado para aquela criança. Quando eu vi que ele gostava de LEGO, foi como se fosse uma luz. Hoje, eu vejo esse lado artístico, esse dom e não me preocupo mais. Ele pode ser um construtor, um engenheiro. Isso, de uma certa forma, tirou uma preocupação do futuro do meu filho", contou.
Hoje, no nono ano do ensino fundamental, Davi já adianta o que quer para a vida: trabalhar com o que gosta e ser engenheiro de LEGO. Para a mãe, o desejo do filho mostra como ele é capaz de fazer o que quiser.
Ciente de todo o talento do filho, Raphaella incentiva como pode e compartilha o orgulho de vê-lo exibir sua primeira exposição.
"É bacana para as pessoas entenderem que o autismo não é o fim e que o autista tem capacidade. Foi uma emoção muito grande, uma gratidão. Aquela sensação de que todo o esforço e o investimento valem a pena", finalizou.
Além das obras expostas, a exposição também contará com uma oficina gratuita de desenho de observação. Na atividade, realizada no próximo sábado (29), das 11h às 13h, serão passados os princípios do desenho com base na mostra.
O objetivo é transformar o 3D em 2D, desenhando e analisando a proposta do artista, trazendo reflexões à tona enquanto os desenhos são produzidos.
*Com informações da Prefeitura Municipal de Vitória
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