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Publicado em 30 de abril de 2022 às 07:00
Certas habilidades são difíceis de explicar. Há quem chame de dom, outros de talento, mas o poder de impressionar pessoas é sempre o mesmo. Esse é o caso do jovem Lucas da Silva Neves, de João Neiva, interior do Espírito Santo. Desde os sete anos, ele desenha rostos de forma realista. Aos 23 anos, o capixaba mostra aptidão nos traços e curvas de cada obra que faz.
Autodidata, Lucas conta que foi a sua primeira professora de artes que acreditou no seu potencial. Na época, o capixaba ainda rascunhava rostos de mulheres que via nas revistas de perfume de sua mãe. Segundo ele, a educadora logo percebeu que havia algo diferente das outras crianças.
Morando com a mãe e duas irmãs, o capixaba diz que a família e os amigos também começaram a elogiar suas obras. “A minha mãe acha uma alegria, ela chora quando fala de mim. E a galera comenta que eu não desenhei, falam que eu imprimi os desenhos, ficam assustados com o resultado. E claro, eles pedem para fazer o rosto deles também (risos)”.
Para o artista, a inspiração vem do próprio olhar com o mundo. Apesar de ter a preferência por rostos, Lucas conta que é capaz de desenhar um pouco de tudo, desde retratos falados até captura de cenas em tempo real.
Lucas explica que cada obra possui um ponto de partida. Segundo ele, o começo é de acordo com a posição do modelo. “Depende muito da fotografia. Se a pessoa estiver com uma postura de lado, eu olho a referência e vejo os pontos dos cantos. Como eu não sou canhoto, começo o desenho da esquerda para a direita. Isso me permite que a minha mão não volte borrando o trabalho”.
Todas as imagens são feitas em preto e branco, utilizando apenas lápis e carvão vegetal. Até a finalização de um desenho, são aproximadamente duas a três semanas de produção. "É muito detalhe. Dá muito trabalho colocar no papel uma referência realista. Estou em busca do hiper-realismo, que supera o realismo. A intenção é de que o desenho seja mais que uma fotografia. Como se você estivesse olhando uma pessoa frente a frente", salienta.
O artista de 23 anos conta que nunca teve condições de fazer aulas para aprimorar sua habilidade e adquirir mais técnicas. Além disso, Lucas revela que precisou dividir o tempo dos desenhos com o trabalho de operador numa empresa de ferro e aço para poder ajudar em casa. Apesar do esforço em prol da família, o jovem ainda tem o sonho de estudar arte.
Atualmente, ele tenta conciliar o tempo entre o trabalho e a produção de algumas encomendas de obras. E enquanto ainda não é possível viver apenas da arte, Lucas segue sendo grato a tudo que o desenho representa para ele.
“A arte é um escape pra mim. Eu sou uma pessoa muito reservada e posso dizer que, com tudo que já aconteceu de ruim comigo, o desenho me trouxe paz, tranquilidade e me faz pensar melhor. É uma terapia. Quando estou desenhando, é como se não estivesse pensando em nada, me desligo do mundo todo”, finalizou o artista.
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