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Publicado em 1 de março de 2023 às 09:23
A trajetória dos Titãs, que completou 40 anos em 2022, segue o clássico e essencial roteiro de uma grande banda de rock: sucesso, histeria de fãs, desentendimentos entre integrantes, dissidências, drogas, rivalidade com outros grupos, álbuns menos inspirados e renascimento artístico.
Com uma turnê que vai reunir a formação clássica do grupo paulistano marcada para abril (leia mais abaixo), os Titãs têm sua carreira contada no livro "A Vida Até Parece Uma Festa - A História Completa dos Titãs" (Ed. Globo), escrito pelos jornalistas Hérica Marmo e Luiz André Alzer - que volta ao mercado em edição ampliada após vinte anos.
A publicação é uma espécie de "show de abertura" para quem quer conhecer o grupo, uma das melhores bandas de todos os tempos dos últimos quarenta anos - para parafrasear a canção escrita por Sérgio Britto e Branco Mello, dois dos oito titãs que ainda seguem na banda, ao lado de Tony Bellotto.
O livro percorre as diversas fases do grupo. E elas estão muitas vezes atreladas às saídas, ao longo dos anos, dos integrantes - e a obra vai a fundo nas histórias e motivos que levaram a isso. Arnaldo Antunes foi o primeiro, em 1992. Depois, deixaram o grupo Nando Reis, Charles Gavin e Paulo Miklos. Marcelo Fromer morreu de forma trágica, em 2001. Os Titãs sempre seguiram em frente e, sobretudo, souberam se reinventar.
Na orelha da biografia, o músico e produtor Liminha afirma que os Titãs nunca tiveram um líder. Eram oito cabeças pensantes que chegavam sempre a um consenso. Será que isso pode ter contribuído para a longevidade da banda, mesmo com tantas mudanças?
Hérica acredita que sim. "O que faz os Titãs ser uma banda interessante é ela ter sido formada por oito caras geniais. Oito compositores, cinco vocalistas. A frase que o Britto usou na conversa com o Branco e o Tony sobre a saída do Paulo é forte e serve para os outros episódios: "não vou terminar a banda porque alguém quer sair", diz.
Para além de tudo isso, os integrantes sempre tiveram referências para além do rock - basta ver as carreiras solos de ex e atuais membros para entender isso. De um encontro com Clementina de Jesus no início da carreira à vontade de se apresentar para a massa comandada por Chacrinha. Do rock radical de Cabeça Dinossauro ao pop do disco Televisão. O Acústico com orquestra e o repente em Õ Blésq Blom que abre a faixa Miséria.
"Os Titãs sempre foram antenados. Estiveram na vanguarda por conta das influências que seus integrantes carregavam. Eles se cobram muito por ter material inédito, de surpreender o público", diz Alzer.
Em novembro de 2022, os Titãs anunciaram, em comemoração aos 40 anos de carreira, a turnê Encontro - Todos ao Mesmo Tempo Agora, uma reunião de sete integrantes da formação clássica do grupo: Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.
Em um primeiro momento, 10 shows seriam realizados, a partir de 28 de abril deste ano, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Brasília, Curitiba e São Paulo, a capital que receberia o encerramento, em 17 de junho.
Com o sucesso das vendas de ingressos - em São Paulo, 50 mil ingressos da primeira data se esgotaram em duas horas - novas apresentações foram agendadas. A capital paulista ganhou duas novas datas. Belo Horizonte mais uma.
Recentemente, foram incluídas no roteiro da turnê as cidades de Manaus, Belém, Aracaju, João Pessoa, Goiânia, Vitória e Ribeirão Preto (interior de São Paulo). A produção diz que, com isso, alcançará um público de 500 mil pessoas.
Em entrevista ao Estadão, Nando Reis se mostrou entusiasmado com a reunião dos antigos parceiros de banda. Voltou a tocar contrabaixo, instrumento que ele pilotava nos Titãs, substituído pelo violão a partir do momento em que saiu em carreira solo.
Nando disse que, para ele, essa nova temporada com os Titãs tem um estímulo extra: mostrar aos seus três filhos mais novos, Zoé, Sebastião e Ismael - o músico é pai de cinco no total - que não acompanharam sua trajetória na banda o que é estar nos Titãs.
Ele estende esse sentimento ao público em geral. "Há uma ou duas gerações que não viu essa formação junta no palco. Algumas músicas, não toco há mais de vinte anos. Eu imaginava que isso ocorreria um dia. E, mais, eu esperava", disse à época.
Hérica e Alzer acompanharam, enquanto terminavam essa segunda edição do livro, as primeiras movimentações para que a turnê pudesse ocorrer. "A maior prova de que os Titãs são um sucesso é essa turnê. Em São Paulo, são 50 mil lugares por noite. Mostra a força da banda e do rock nacional", diz Alzer. "Os Titãs estão revivendo em grande escala os que eles chamam de golden years, que é a época dos álbuns Cabeça Dinossauro, Jesus não tem dentes no país dos banguelas, Go Back e Õ blésq blom (entre 1986 e 1989), quando eles faziam grandes temporadas", complementa Hérica.
Os autores acreditam que, apesar dos compromissos individuais com a carreira que cada um tem, a turnê pode ainda ganhar mais força. Por ora, não há confirmação de que um registro audiovisual dos shows ocorra.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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