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Publicado em 27 de outubro de 2021 às 19:07
Relatos sobre a viagem de um imperador brasileiro ao Espírito Santo, crônicas sobre a Vitória, coleção sobre grandes personagens capixabas e até mesmo a hipótese da Capital ser rodeada por um serial killer. Tudo isso e muito mais está na literatura feita no e sobre o Espírito Santo, que muitas das vezes retratam um momento histórico, trazem detalhes de uma cidade que se modificou com o tempo e o progresso.
A variedade de gêneros literários e de estilos de escrita, impressiona. As obras que se relacionam de alguma maneira com as cidades, os bairros ou o Espírito Santo como um todo, fazem com que as pessoas dessas localidades se sintam cada vez mais representadas e pertencentes.
"É muito interessante reconhecer uma cidade numa obra literária, quando estamos lendo um romance ou um conto e reconhecemos uma rua, um parque ou um bairro. Talvez uma história no Centro de Vitória, na Rua Sete de Setembro, na Beira-mar ou no Parque Moscoso. Temos a sensação de pertencimento e nos sentimos mais próximos da nossa cidade, das ruas, dos bairros e dos parques", diz a escritora e jornalista Lívia Corbellari.
Uma das publicações que carregam este sentido é o livro de crônicas “Guananira”, de Bernadette Lyra. O nome da obra significa “Ilha do mel” em tupi-guarani e era o nome dado à Vitória pelos índios na época da colonização.
“Foi para lembrar quem somos e de onde viemos que eu quis dar o nome de 'Guananira' a esse meu livro. E foi meu imenso e incondicional amor por esta cidade/ilha que fez com que eu escrevesse essas crônicas, que nada mais são que fragmentos da minha existência, nela tão longamente sonhada, experimentada e vivida”, conta a autora sobre o título do livro lançado em 2019 pela editora Maré.
Além da representatividade e do pertencimento, a literatura sobre o Espírito Santo é também importante para a preservação da memória do Estado. Mesmo as obras que contém traços ficcionais, valorizam aspectos históricos, arquitetônicos ou culturais capixabas, como "A Paz dos vagabundos", de João Chagas, trama que tem um serial killer rondando a cidade de Vitória de anos atrás.
Não podemos esquecer de obras descritivas, no melhor estilo enciclopédia que reúnem dados importantes de um município e região. Antonio de Pádua Gurgel, escritor e editor da Pro Texto, é um mestre nisso. Por suas mãos, já saíram livros dando detalhes de Vitória, Vila Velha, dos portos do Estado e muito mais. A mais recente obra é uma homenagem a Augusto Ruschi, contendo fotos e a história do cientista e Patrono da Ecologia no Brasil.
“Quando cresci, sempre ouvi uma frase que o Brasil não tem memória, então eu procuro dar uma contribuição nesse sentido. Todos os meus trabalhos visam a preservação da memória. O livro do Ruschi também é para ajudar a divulgar o Espírito Santo dentro e fora do Brasil”
Por falar em Augusto Ruschi, não podemos esquecer das publicações voltadas à valorização de personagens importantes da história do estado. A “Coleção Grandes Nomes do Espírito Santo”, de Antonio Pádua Gurgel, trabalha neste sentido e retrata a vida de figuras como Maysa, Nara Leão, Padre José de Anchieta e Rubem Braga.
Dentre as obras que mostram um antigo Espírito Santo, se destaca "Viagem de Pedro II ao Espírito Santo", de Levy Rocha, que conta sobre a passagem e estadia do último monarca brasileiro no estado capixaba.
Outro autor importante nas biografias é José Roberto dos Santos Neves. O membro da Academia Espírito-santense de Letras (AEL) é o responsável por trazer detalhes das vidas de Maysa, Nara Leão e outros capixabas da música. Em sua mais recente obra "Os Sons da Memória - Uma Leitura Crítica de 40 Discos que marcaram época na Música do Espírito Santo", José elenca 40 álbuns essenciais para a indústria fonográfica do Espírito Santo, fazendo um recorte da música capixaba de 1950 até os dias atuais.
A seleção de discos compreende LPs e CDs lançados, criando um mosaico de fotos, relatos, entrevistas e registros históricos que servem para resgatar (e preservar) nomes como o de Carlos Cruz, Raul Sampaio, Trio Caiçara, Aprígio Lyrio, Afonso Abreu, Ester Mazzi e Sérgio Benevenuto, entre tantos outros pioneiros da cena cultural.
"Resgato a obra de nomes como Gilberto Garcia, um pianista da década de 1960 que chegou a se apresentar ao lado de Maysa e Maria Bethânia, mas que só lançou um CD em 1995; um disco lançado em 1954 pelo Trio Caiçara, um dos conjuntos vocais mais antigos do Estado; além do raro 'Rainha do Rádio', LP lançado em 1988 por Maria Cibeli, que, longe da rivalidade entre Marlene e Emilinha Borba, era a única Rainha do Rádio Capixaba", enumerou José Roberto, em entrevista recente ao site A Gazeta.
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