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Publicado em 16 de junho de 2024 às 08:00
Falar sobre o músico Fábio Carvalho é também falar sobre a história da música capixaba. Aos 55 anos, o ex-integrante da banda Manimal está com sua musicalidade mais viva do que nunca. Seu mais novo lançamento é o EP de afrocongobeat, como ele denomina a sua música, “Barracão”, que conta com os vocais do sambista Edson Papo Furado.
O projeto, que conta com o videoclipe de "Barracão", também traz remixes dos DJ’s Naaba, da, África. Infrared, da França. Além da prata da casa, DJ Guga Prates, o Gus What, do Espírito Santo. Essa é mais uma aposta do estilo musical que o capixaba tem moldado ao seu DNA: uma crossover de musicalidades, referências e estilo, que resultam na reafirmação da cultura negra.
No último mês, Fábio recebeu a equipe de HZ em sua casa e relembrou detalhes de sua vida. Entre as particularidades pontuadas, está a amizade com o músico Alexandre Lima, falecido em março deste ano após ficar 10 anos em coma. Assuntos íntimos como a paternidade e até um período de depressão entram na conversa. Assista.
"Eu fui me envolvendo com a música e a cultura ao mesmo tempo, desde muito cedo. Eu era um menino que gostava muito de ouvir música e gostava muito de dançar. Sempre fui uma criança que dançava, minha mãe escutava muita música. Com 19 anos eu identifiquei, reconheci que tinha uma cultura muito forte. E o nome dessa cultura era congo".
"O Alexandre (Lima) me convidou para produzir o Manimal. Desde quando eu conheci o Alexandre, com 15 ou 16 anos, eu entrei na família e ele virou meu irmão. Se pudesse para escolher um irmão na vida seria o Alexandre. Um belo dia ele me convida para produzir a banda dele. Eu disse: ' Cara, uma banda de rockongo, sem um tambor de congo não rola'".
"Antes do Manimal acabar, ele acabou pra mim. Em 2006, a gente fez uma turnê de três meses morando no interior da França. Eu acho que que foi a hora certa. Estava tudo muito bem, mas estávamos pensando coisas diferentes".
"Eu sou devoto de São Benedito. Acho que a minha primeira religião é ser devoto de São Benedito. E em um certo tempo da minha vida, eu conheci o candomblé. É uma religião que eu cultuo a natureza e os orixás que viveram: Iemanjá, Ogum, que é São Jorge na veia católica".
"Eu tive depressão durante 13 anos da minha vida. Você acordar, olhar para o mundo e achar o céu azul lindo.. é difícil. Eu saí da minha depressão agora. São mais de 20 anos de análise, tomo remédio todo dia. Estou me descobrindo".
"Conheci uma moça na universidade, na Ufes. Ela fazia música comigo. Foi um encontro que eu descobri lá no candomblé, que eu ia ter uma filha. A gente tem um desafio todos os dias de ser uma pessoa melhor, para você e para o mundo. E ter uma pessoa que você tem que educar, para ela ser uma pessoa boa, generosa, empática, é muito difícil".
"Meus objetivos de vida são outros. Eu sou um jovem de 54 anos (risos). O EP 'Barracão' nasceu no meu álbum Quintal Afrocongobeat, em 2015. Eu tenho a proposta de misturar o congo com o ticumbi, o reis de boi e o jongo, que são manifestações da cultura popular do Espírito Santo. E ainda misturo com os beats eletrônicos. Eu queria gravar o Papo Furado, que é um dos grandes baluartes do samba do ES".
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