Margareth Menezes diz que Cultura ficou sem dinheiro até para pegar um avião

Ministra recém-empossada por Lula diz que equipe de transição constatou um desmonte de 80% da pasta na gestão anterior

Publicado em 04/01/2023 às 09h34
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante a posse do presidente Lula

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, durante a posse do presidente Lula. Crédito: Carlos Elias Junior /Fotoarena/Folhapress

A recém-empossada ministra da Cultura, Margareth Menezes, afirma que a equipe de transição de governo encontrou um desmonte de 80% das verbas para a área no governo de Jair Bolsonaro e que a pasta não tem dinheiro nem para comprar uma passagem de avião.

A Fundação Palmares, que ela considera "a primeira conquista do povo negro no governo", "não tem nem luz elétrica", e deve mudar para outro local.

Em entrevista à GloboNews na noite desta terça-feira, Menezes disse ainda que na gestão anterior os artistas e o setor cultural foram humilhados, maltratados e perseguidos no país.

Ela afirma que a lei Rouanet deve reganhar força no novo governo, mas busca uma distribuição "mais nacional" dos recursos arrecadados.

A legislação sofreu ataques de apoiadores de Bolsonaro e teve o cachê máximo reduzido durante o governo. Menezes diz que o mecanismo deve ser "ressignificado", para que a população entenda o papel social que cumpre. "É uma lei de fomento à cultura, não é para dar dinheiro a artistas", afirma. "Nós, artistas, produtores, também pagamos imposto."

A descentralização da cultura, para que a produção não fique restrita ao eixo Rio-São Paulo, é prioridade da ministra. "Quando você investe na cultura popular, você traz inspiração, você traz a alma do país e a história do seu lugar", diz, "um povo que não conhece seu passado fica sem referência para seu futuro".

Menezes cita países que fazem investimentos altos em cultura e afirma que a cultura é capaz de trazer retorno econômico, além de fortalecer laços diplomáticos. Para ela, a prioridade devem ser países africanos.

A ministra, de origem periférica, relembra que passou oito anos da carreira sem gravadora, mesmo no auge da música baiana e reitera que a representatividade de ser uma mulher negra, nordestina, da música foi o que a fez aceitar o convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Este vídeo pode te interessar

A Gazeta integra o

Saiba mais
Cultura
Viu algum erro?

Se você notou alguma informação incorreta em nosso conteúdo, clique no botão e nos avise, para que possamos corrigi-la o mais rápido o possível