Administrador / [email protected]
Publicado em 18 de maio de 2023 às 17:36
Dependência, empatia, esperança, superação. São esses alguns pontos que Marisa Orth aborda em cena durante o espetáculo "Bárbara", em cartaz no Teatro Universitário da Ufes, neste final de semana em três sessões - sendo a de sábado (20) já esgotada. Inspirada no livro "A Saideira", da jornalista e escritora Barbara Gancia, a atriz mescla humor, emoção e momentos de interação para fazer a plateia refletir sobre um assunto importante: o alcoolismo.
A atuação marcante no espetáculo rendeu a Marisa o prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz de Teatro no ano passado. "É tocante. Tem gente que sai gargalhando, tem gente que sai mexido. A peça fala claramente de dependência. Dependência alcóolica, no caso, mas vai acabar tocando em outros assuntos, como dependência de substâncias, de situações, de compulsão. Essa dificuldade que a gente tem de dosar a vida sem ter nenhum 'hábitozinho' mais forte", contou à equipe de HZ.
As montagens, no sábado (20) e no domingo (21), marcam o retorno da atriz ao Espírito Santo, após oito anos desde seu último espetáculo encenado no Estado, "Romance Vol. II". Sobre as três apresentações aqui, incluindo uma sessão extra para o segundo dia, Marisa revela estar animada em se reencontrar com o público capixaba.
"Do Espírito Santo, só penso coisa boa, só penso na comida (risos). Eu sempre me surpreendi com o Espírito Santo. Eu acho que o brasileiro sempre se surpreende com o Espírito Santo. Eu não sei o que acontece com Vitória, que o povo não lembra sempre de mencionar. É uma delícia ir para aí porque você descobre uma cidade deliciosa, um povo super atento, que curte cultura, que te recebe bem, que não é aquela tietagem louca. É uma capital muito surpreendente em muitos aspectos e sempre positivos", disse.
Iniciando uma turnê pelo Brasil, a atriz apresenta seu primeiro monólogo em 40 anos de carreira. Feliz com o retorno aos palcos, a novata em apresentações solos compartilha o frio na barriga em conduzir o público sozinha.
"É difícil para caramba. Ainda bem que esperei tantos anos para fazer (risos) porque agora eu tenho recursos, firmeza, prática para poder segurar qualquer desespero. E dá muito desespero porque você é responsável pelo ritmo todo. É uma experiência maravilhosa, uma aula, uma escola. Em cada espetáculo, eu aprendo. É exigente, uma aventura, exige concentração. E nem que seja só por isso, vão assistir (risos)", disse.
As décadas de carreira, porém, não significam que Marisa já tenha esgotado suas atividades artísticas. Com participações em novelas, programas de humor, filmes e até um álbum musical lançado, a atriz ainda deseja mais participações no cinema e papéis em personagens características ou vilãs.
"Eu me sinto novata. Eu tenho tanto para aprender. Arranjei uma profissão bem legal, em que você não fica velho, você não se sente velho. Tem sempre muita coisa para fazer", disse.
Intérprete de personagens marcantes da televisão brasileira, como a Magda, de "Sai de Baixo", e a Rita, de "Toma Lá Dá Cá", Marisa Orth revisita sua trajetória e compartilha seu maior orgulho: "ter conseguido viver de arte nesse país. Ter conseguido realizar meu sonho de infância. Desde que eu nasci, eu queria ser atriz e consegui. Vocês acreditaram que eu era".
Marisa Orth chega para a apresentação em Vitória após perder uma grande amiga, Rita Lee. A cantora, que faleceu no dia 8 de maio, apresentou o programa "Saia Justa", em 2002 e 2003, ao lado da atriz. Assim como na peça "Bárbara", em que se inspira na história de Barbara Gancia para construir a peça, Marisa diz ter Rita como uma inspiração para a vida.
A atriz não pôde estar presente no velório da cantora, no dia 9, por estar infectada com Covid-19, mas compareceu à missa de sétimo dia, na quarta passada (16). Hoje, alguns dias depois do ocorrido e prestes a continuar uma turnê pelo Brasil, Marisa compartilha como tem se sentido.
"Estou triste para caramba. Eu estava aqui pensando que tive uma enorme sorte dela ser uma amiga. Mas eu acho que, no Brasil, nós mulheres somos meio feitas de Rita Lee. A Rita Lee está dentro da gente. Ela é estrutural. As mulheres pós-Rita são todas um pouco feitas dela, têm ela dentro. O brasileiro tem. Acho que só estamos nos dando conta do tamanho, da importância e da genialidade da Rita Lee agora", comentou.
Ainda em conversa com HZ, Marisa Orth compartilhou mais informações sobre a peça "Bárbara". Confira, abaixo, as perguntas e respostas na íntegra.
É a história bem-sucedida de uma mulher que vence sua dependência. É uma peça que fala de assuntos difíceis mas, já aviso, que tem final feliz. Tudo com muita graça, porque a personagem retratada é uma mulher engraçada - e eu, modéstia parte, também sou. Com uma dramaturgia a partir do livro, é uma peça muito rápida, muito porrada, muito forte. A gente fez de tudo para que o monólogo não parecesse tedioso
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta