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Publicado em 1 de dezembro de 2021 às 18:56
Após repercussão da ilustração que ficou conhecida como “meme do ônibus”, que inclusive foi assunto no programa Mais Você, da TV Globo, nesta quarta-feira (01), a reportagem de A Gazeta ouviu o artista gráfico e professor de Artes do Espírito Santo, Genildo Ronchi. Ele contou sobre a inspiração que teve para desenvolver a criação, bem como sobre os prós e contras da arte ter se tornado viral ao longo do mundo.
No desenho, dois homens aparecem sentados em diferentes lados do veículo. Um deles, olha para uma paisagem bonita, cheia de vida, ensolarada. O homem do outro lado, as pedras da montanha em que o veículo circula.
Sobre o assunto, Ronchi explicou que a inspiração veio de uma realidade vivida por ele no local onde mora. “Moro em Vila Capixaba, em Cariacica. Aqui tinha um terreno ocupado por mato e tinha um valão, era uma coisa muito feia, que fedia muito. Eu tinha que passar ao lado para ir ao ponto de ônibus. Em alguns dias, eu pensava que não precisava passar por isso, então eu fechava os olhos e ia andando como se aquilo não existisse. Aí eu percebi que, do outro lado, havia o pôr do sol, que estava ali brilhando todos os dias”, iniciou.
A imagem feita pelo capixaba rodou o mundo em versões de memes reproduzidos até pela Netflix americana. O professor e cartunista já foi ilustrador de A Gazeta e, na manhã desta quarta-feira (1), virou pauta do programa "Mais Você", da Ana Maria Braga, na Globo. Com as famigeradas e famosas reflexões desta hora do dia, a apresentadora aproveitou para fazer o questionamento aos telespectadores. "É uma pergunta boa: de que lado você está hoje?", indagou.
Para a reportagem de A Gazeta, Genildo afirmou também ter recebido o convite do jornal espanhol “El País” para uma entrevista e falou de como tudo começou. “Falei sobre o cartoon, que foi criado em 2013 e a partir daí sempre teve muita visibilidade, então todos os sites e redes que postavam recebiam muitas curtidas. Ele é carregado de muita profundidade humana, sentimental e espiritual e voltou agora com força porque uma pessoa compartilhou fazendo meme. Inclusive, era assim: de um lado do ônibus, pessoas que saem de casa sem ir ao banheiro e, do outro, outras que foram ao banheiro. Isso foi sendo replicado e as pessoas começaram a criar outros memes. Estava popular no Twitter e o El País quis conversar”, disse.
O autor da ilustração atribui o sucesso da imagem ao tratamento do interior humano. Ele comentou, no entanto, que nem tudo que veio com a exposição do cartoon foi positivo, principalmente porque muitas vezes ele era replicado sem os devidos créditos.
“Ficava chateado porque cortavam a assinatura, então parecia que era igual uma música de ‘parabéns’, que todo mundo canta mas não sabe quem compôs. Mas muita gente, inclusive a pessoa que traduziu e fez sair pela primeira vez na página ‘9gag’, manteve a assinatura. Isso para mim foi muito bom porque as pessoas poderiam dar uma mapeada e encontrar o autor e ver outros trabalhos meus. Graças a isso, um autor americano lançou um livro e dá palestras sobre este cartoon e todo ano renova a publicação com 3 mil exemplares e me paga os direitos autorais. É uma fonte de renda quase certa”, pontuou o chargista.
Sobre as reflexões possíveis, que surgem de interpretações do cartoon, o professor destaca a questão de lidar com o lado psicológico de levar uma vida feliz ou infeliz. “Por vezes a infelicidade vem de motivos de força maior, claro. Mas o que eu acho é que a charge é mais profunda do que o olhar simplório de dizer que ‘uma pessoa em depressão não vai conseguir ser feliz sozinha’. É um debate mais profundo, de apoio psicológico, de entrar em contato com a própria essência. Ninguém é obrigado a sentar do lado ensolarado, mas se olha para o lado bom, pode enxergar que ele pode ser a saída para um problema. É sobre sempre ter um caminho, sobre viajar nessa vida de maneira mais confortável”, finalizou.
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