Administrador / [email protected]
Publicado em 13 de abril de 2023 às 14:59
Reunindo itens do acervo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) e obras inéditas de quatro artistas capixabas, a exposição "Memórias do Futuro" foi aberta nesta quinta (13), no Palácio Anchieta. A coletânea, que une artigos históricos e itens de arte contemporânea, fica em cartaz no espaço localizado no Centro de Vitória até o dia 18 de junho.
Com realização do Instituto Cultural Vale/Museu Vale, em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo, a exposição conta com a curadoria de Marco Lucchesi. Ao todo, são 11 espaços — ou dispositivos —, que fazem o visitante repensar o passado, o presente e o futuro.
Além das obras de artistas capixaba, a coleção ainda conta com itens especiais nunca antes exibidos fora do IHGB, como uma das cartas enviadas por Tarsila do Amaral a Oswald de Andrade, a partitura original do hino da independência escrita por Dom Pedro I e um manuscrito em grafia árabe que era usado pelos muçulmanos que moravam no Rio Grande do Sul, em 1840. Peças do próprio Palácio Anchieta também fazem parte da exposição.
"A ideia é chamar o público para olhar. Primeiro, para compartilhar essa riqueza com a sociedade. Mas, sobretudo, nos interessa fazer com que as pessoas levantem outras questões em torno dessas peças e olhem para elas de um modo que sejam capazes de perceber que essa história representada nesses documentos de época, nesses livros e nessas obras raras é muito contemporânea", disse Paulo Knauss, vice-presidente do IGHB.
Coletiva de Imprensa da exposição "Memórias do Futuro", no Palácio Anchieta, no Centro de Vitória
Nesta quarta (12), a equipe de 'HZ' conferiu de perto a exposição antes da abertura oficial, além de conversar com os curadores e artistas sobre a importância de revisitar o passado para se pensar no futuro. "A gente procurou não colocar heróis, figurões. Queríamos que os estudantes, professores e o público em geral se sentissem protagonistas, espelhados nessas condições. Que saíssem daqui portadores das várias imagens porque, se a República é alguma coisa que é de todos, é coisa pública, ela também é um espelho. E, atenção, se é um espelho, ela precisa refletir a todos. Ninguém pode ficar de fora. No sofrimento, na dor, na esperança, na cor da pele, porque somos todos brasileiros", explica o curador da exposição, Marco Lucchesi.
Pelas paredes coloridas com cores vibrantes, estão expostas quatro obras que fazem com que a coletânea converse com a história capixaba: a convite de Ronaldo Barbosa, quatro artistas do Estado colaboraram com a exposição, cada um, com uma obra inédita. Todas as obras foram produzidas dentro do próprio Palácio e a confecção pode ser conferida na sala "Making Off", pouco antes da saída.
A primeira tela a ser encontrada é a de Luciano Feijão. A "Antianatomia Negra" é um retrato enigmático do próprio artista e que busca valorizar o corpo negro. O tema já é desenvolvido por Feijão desde 2016, quando começou a pesquisar a relação entre a arte e questões raciais.
A obra que é exposta em seguida é a "Névoa Rasteira", de Andreia Falqueto. O quadro mostra um catador de caranguejo dentro do manguezal de Vitória. Para Andreia, o que a pintura traz é a relação entre a subsistência humana e a importância da natureza.
"Acho que é esse casamento de passado, presente e futuro. É a gente perceber o que o que foi trago o que foi construído aqui no Brasil e o que que a gente está fazendo ainda hoje e que vai que vai ter o nosso legado no futuro", detalhou.
Na sala "O Livro da Memória", se encontra a tela "Vó Cabocla", de Juliana Pessoa. No quadro, toda a vivacidade de dona Josefa — uma senhora de 94 anos, moradora de Canudos, na Bahia — conversa com a violência histórica do município em que vive.
"Ela não é uma grande heroína, não tem uma grande história, mas é uma mulher brasileira, mestiça, idosa, forte, ativa, satisfeita, cantante. Eu quis trazê-la com toda a sua altivez mas sem esquecer dessa construção histórica de violência", contou.
Antes de finalizar o tour, Jocimar Nalesso apresenta o conjunto "Vendedor de Cadeiras". Natural de Marechal Floriano, o artista traz na tela e na escultura o seu ponto de partida: espaços vazios. Quem encarar a madeira e os tons azuis do quadro pode sentir um pouco do que o próprio artista sentiu pintando dentro do Palácio Anchieta.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta