Daniel expressa sua paixão pela arte e pelo céu em pinturas autorais feitas em giz pastel sobre papel. Crédito: Arquivo pessoal da família
Quando eu pinto não penso em nada. Quando eu pinto, me desligo na mente
Daniel Amaral Caitano tem 11 anos e foi diagnosticado com autismo aos sete. Em janeiro deste ano, ele começou a manifestar interesse e aptidão pela arte. Em pouco tempo o interesse se transformou em paixão e, com o apoio da família, Daniel reuniu suas paisagens pintadas em giz pastel para a sua primeira exposição: O Céu de Daniel Pintando o Infinito, em um Centro Municipal de Educação Infantil (CEMEI) do bairro São Geraldo, em Cariacica.
O pequeno Daniel não abre mão dos estudos nem de pintar. Crédito: Arquivo pessoal
O pequeno artista tem uma rotina disciplinada. Gosta muito de estudar, faz caminhadas com a mãe, Zilanda, e a irmã, Hadassa (que também tem transtorno do espectro autista), participa do coral e grupos de convívio na igreja e, claro, pinta muito!
Pintura em giz pastel: um poste com duas luminárias, a lua refletindo no mar e o céu azul ao fundo. Crédito: Arquivo pessoal
Indagado por sua preferência pelas paisagens, Daniel explica que gosta muito do céu. “Eu olho pro céu e penso: 'vou pintar o céu'. Eu gosto de pintar um céu um pouco rosa, um céu de noite, um pôr do sol, qualquer hora do dia”, responde e explica que o momento em que mais se inspira é quando está com a cabeça muito cheia ou morna de ideias.
Zilanda observou que o filho, geralmente, pinta após as crises, como uma forma de extravasar. “Em setembro, por exemplo, depois que teve a abertura da exposição, ele não pintou mais nada. Parece que está bem satisfeito, então não teve nenhuma pintura. A gente não sabe se é um bloqueio ou se é porque ele realmente está bem e tranquilo ou se vai seguir para uma outra vertente agora”, contou.
Os médicos que acompanham Daniel já suspeitavam de que ele poderia também ter altas habilidades, mas a família se contentava com o diagnóstico de autismo nível 1 de suporte. As pinturas, provas da escola, relatórios e depoimentos da professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE) colaboraram para a confirmação de outro diagnóstico: a superdotação.
Daniel passou, então, a frequentar uma sala para alunos com altas habilidades na Escola Talma Sarmento de Miranda, em Campo Grande, Cariacica. Em menos de um mês ele já participava da equipe de robótica e chegou à Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR) Estadual. A equipe de Daniel conquistou o 2°lugar na categoria 'artística nível 1', com a construção de um robô que representa o João Bananeira, personagem do Carnaval de Congo de Cariacica.
Daniel exibe medalha na Olimpíada de Robótica. Crédito: Arquivo pessoal
Ao conhecer a história de Daniel, a professora de Inclusão do CEMEI Pedro Vieira da Silva o convidou para montar uma exposição com suas pinturas no Setembro Verde. Além da exposição, ele também participou de uma roda de conversa com crianças de três a cinco anos, onde contou como é viver com autismo.
Exposição 'O Céu de Daniel Pintando o infinito', no CEMEI Pedro Vieira da Silva. Crédito: Arquivo pessoal
A mensagem de Zilanda, mãe de Daniel, para outros pais de crianças com autismo é de que é possível chegar ao nível que ele está.
Ele ainda está em trabalho, toma medicação, requer muitos cuidados, mas a gente já tem um retorno. Ele tem a possibilidade de fazer muitas coisas, então o importante é não se desesperar com o diagnóstico, acolher, estimular e dar o apoio que eles precisam. E acima de tudo, amar!
Paisagem - A cidade à noite - silhueta de prédios, céu escuro e lua cheia. Crédito: Arquivo pessoal da família
Uma estrada com postes iluminados e o céu azul ao fundo | Giz pastel sobre papel. Crédito: Arquivo pessoal da família
Daniel, 11, em sua exposição de arte. Crédito: Arquivo pessoal da família
*Júlio Barros é aluno do 27º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Este conteúdo foi editado pela editora Marcella Scaramella.
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