Morre, aos 71 anos, a cantora lírica Maria Ewing

A norte-americana ficou famosa não só pela versatilidade, mas por aparecer nua na cena final da ópera Salomé, de Richard Strauss, montagem realizada em 1988

Publicado em 12/01/2022 às 18h21
A cantora lírica Maria Ewing

A cantora lírica Maria Ewing. Crédito: Reprodução YouTube

Ousada, a cantora lírica norte-americana Maria Ewing, que morreu na terça-feira (11), aos 71 anos, ficou famosa não só pela versatilidade, mas por aparecer nua na cena final da ópera Salomé, de Richard Strauss, montagem realizada em 1988 e dirigida por seu marido Peter Hall, da Royal Shakespeare Company. A ideia de despir Maria Ewing, contudo, não partiu do encenador, mas da própria cantora, que pretendia dar mais veracidade à dança dos sete véus de Salomé - realismo que foi aceito e transmitido pelo Channel 4 na Inglaterra, causando sensação entre fãs.

Maria Ewing, que é considerada pelos críticos como uma das melhores intérpretes da ópera Carmen, de Bizet, e foi aclamada como Katerina Ismailova em Lady Macbeth do Distrito de Mtsensk, de Shostakovich, na Ópera de Paris, em 1993, estava afastada das grandes produções desde 1997, quando passou a dedicar seu tempo a recitais em que misturava standards do jazz e árias de óperas.

A cantora começou a carreira com uma bem popular, Così fan Tutte, de Mozart, fazendo o papel de Dorabella, em 1978. Quatro anos depois ela conheceu o diretor Peter Hall. Casaram e tiveram uma filha, Rebecca Hall, que estreou recentemente na direção com o cativante Identidade, filme da Netflix que tem muito a ver com a própria vida da mãe, mestiça, filha de uma holandês com um afro-americano.

Nascida em Detroit, em 1950, Maria Ewing foi a mais nova de uma família de quatro irmãs. Em Identidade, ela se identifica com a personagem Clare (Ruth Negga), que é negra, mas vive como branca, tendo como amiga uma outra mulher negra, Irene (Tessa Thompson).

Cantando papéis de soprano e de mezzo-soprano, seu amplo repertório foi de Don Giovanni, O Barbeiro de Sevilha e Tosca, até obras contemporâneas como O Castelo do Barba Azul, de Bartók, e Wozzeck, de Alban Berg.

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