O maestro e compositor Letieres Leite morreu nesta quarta-feira (27) em Salvador, aos 61 anos. A informação foi confirmada por Mauro Rodrigues, produtor-executivo do Instituto Rumpilezz, que abriga a orquestra conduzida pelo maestro desde 2006.
Nascido na capital baiana, Letieres tinha trajetória sólida na música brasileira como instrumentista e arranjador. Ganhou maior notoriedade a partir de 2006, quando fundou a Orkestra Rumpilezz.
Com formato inspirado nas big bands, a banda mesclava instrumento de sobro e de percussão e buscava dar uma nova roupagem à tradição afro-brasileira, inspirada na música sacra do candomblé, em grupos de percussão como o Olodum e elementos do jazz.
O nome Rumpilezz é a representação dos três atabaques do candomblé: o rum, o rumpi e o lé, acrescido do "zz" de jazz. A orquestra foi a realização das ideias esboçadas por Letieres nos anos 1980, quando estudava em conservatório em Viena e teve a ideia de criar a partir do universo percussivo baiano.
O artista baiano Letieres Leite morreu nesta quarta-feira (27). Crédito: Foto de Bruno Santiago para o Instagram @letieresleite
Além de reger a orquestra, Letieres foi o responsável pelo conceito, composições e arranjos da banda. Em 2009, o grupo lançou o álbum "Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz".
Letieres teve relação com a arte desde muito jovem. Aos 13 anos, enveredou pelas artes plásticas como pintor e gravurista. Chegou a fazer uma exposição coletiva na Biblioteca Central em Salvador.
Em 1977, começou a cursar Artes Plásticas da UFA (Universidade Federal da Bahia), que frequentou por três anos. Ao mesmo tempo, começou a estudar música como autodidata. Era multi-instrumentista, mas sua especialidade eram instrumentos de sopro como a flauta e saxofone.
FAMOSOS
Tornou-se músico profissional em Salvador, trabalhando com artistas como Gerônimo Santana e Saul Barbosa. Foi para a Áustria em 1985 e ingressou no conservatório Franz Schubert em Viena. Retornou ao Brasil em 1994, passando a trabalhar com artistas como Elba Ramalho, Daniela Mercury e Ivete Sangalo.
Atuou como maestro e arranjador na banda de Ivete Sangalo, com quem gravou oito discos e foi o responsável pelos arranjos de grandes sucessos da cantora como "Festa" e "Sorte Grande".
Artistas e autoridades lamentaram a morte do artista, destacando o seu trabalho como músico e também como educador. "Meu amigo genial! Letieres Leite. Só aprendi coisas maravilhosas convivendo com você. A Deusa música nos uniu e me presenteou com essa alma linda que é a sua. Estou triste por sua partida", disse Ivete Sangalo.
A cantora Daniela Mercury afirmou que Letieres "trouxe beleza e novidade" à música brasileira: "Hoje é dia de chorar a partida de Letieres Leite e agradecer pelo seu legado", disse a cantora em uma rede social.
O rapper Emicida lamentaram a morte de Leite. "Meu peito está em frangalhos. Olhos cheios de água e uma saudade que a partir de agora, só aumenta. Obrigado por todas as aulas mestre. Não estou acreditando", escreveu o último.
O governador da Bahia, Rui Costa (PT) emitiu uma nota na qual lamentou a morte do músico baiano.
"Recebi com muita tristeza a notícia do falecimento de um dos mais importantes músicos baianos em atividade no país, Letieres Leite. Maestro, compositor, arranjador e educador, Letieres revelou talentos com o projeto Rumpilezz e levou nossa percussão para o mundo", disse.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), disse que Letieres Leite era um dos maiores músicos do país. "Sua história e legado com a Orkestra Rumpilezz jamais serão esquecidos da nossa memória".
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Mais recentemente, Leite colaborou com Maria Bethânia. A parceria começou no show "Claros Breus", que passou pela capital paulistana em 2019 e no qual Leite assinou a direção musical, e culminou em alguns arranjos do disco "Noturno", lançado em julho deste ano. Ele também assinou arranjos de "Meu Coco", disco recém-lançado de Caetano Veloso.
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