Morre Peter Bogdanovich, o diretor que amava a teoria do cinema, aos 82 anos

Autor de filmes como 'A Última Sessão de Cinema', americano de 82 anos era um dos grandes nomes da geração de 1970

O cineasta americano Peter Bogdanovich, que se consagrou por filmes como "A Última Sessão de Cinema" e "Lua de Papel", morreu nesta quinta-feira (6), aos 82 anos. A causa da morte não foi informada.

Bogdanovich era considerado um dos mais importantes diretores da Nova Hollywood dos anos 1970, quando também despontaram Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Brian de Palma.

Peter Bogdanovich morreu nesta quinta-feira (6)

Peter Bogdanovich morreu nesta quinta-feira (6). Crédito: IMDB/Reprodução

Elogiado pela sua persistência em privilegiar os mestres do cinema americano do início do século passado - como Scorsese, era um campeão acadêmico dos cineastas americanos da velha guarda -, Bogdanovich era, no entender do estudioso David Thomson, "um valioso crítico de inspiração francesa que insistia no diretor como autor, tanto que muitos americanos começaram a levar os diretores mais a sério por causa do que ele escreveu".

Bogdanovich foi assistente de direção de Roger Corman em "Os Anjos Selvagens" (1966) e foi o próprio Corman quem o incentivou a estrear como diretor em "Na Mira da Morte" (1968).

OBRA-PRIMA

Logo veio "A Última Sessão de Cinema", rodado em 1971 e em preto-e-branco. O filme representa uma sincera declaração de amor ao cinema, ao mesmo tempo em que exibe um retrato melancólico do "american way of life", que então agonizava. O longa estabeleceu em definitivo a reputação de Bogdanovich como grande diretor (cuja carreira entraria depois em declínio), além de garantir o Oscar de coadjuvante para Cloris Leachman e Ben Johnson.

Cena do clássico

Cena do clássico "A Última Sessão de Cinema". Crédito: Reprodução

Ele deixou sua marca, porém, como um importante documentarista da chamada Idade de Ouro do cinema americano. Nos anos 1960 e 1970, quando grandes cineastas viviam um ocaso, esquecidos por público e crítica, Bogdanovich foi atrás dos principais, entrevistando-os para documentários que hoje se tornaram clássicos e imprescindíveis.

Uma das cenas tornou-se clássica - Bogdanovich, então um iniciante promissor, entrevista John Ford, ícone do cinema americano, na década de 1960, perguntando-lhe sobre influências psicológicas na construção de personagens masculinos em seus faroestes. Impassível, Ford, que já era obrigado a usar um tapa-olho por causa da cegueira progressiva, apenas respondeu, secamente: "Corta!".

Mais que o inusitado da resposta (Ford fazia questão de revelar seu mau humor com perguntas), a cena demonstrava Bogdanovich em ação, algo significativo, enquanto na época os críticos americanos endeusavam cineastas europeus, como Godard e Antonioni, ele, gravador em punho, buscava os velhos mestres, como Ford, Howard Hawks e Alfred Hitchcock, que praticamente desenvolveram quase tudo da linguagem cinematográfica.

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