'O Menino Marrom', de Ziraldo, é suspenso das escolas em cidade de MG por pressão dos pais

Medida gerou polêmica entre pais de estudantes municipais de Conselheiro Lafaiete

Publicado em 20/06/2024 às 09h50
Capa do livro 'O Menino Marrom', retirado de circulação em cidade de Minas Gerais

Capa do livro 'O Menino Marrom', retirado de circulação em cidade de Minas Gerais . Crédito: Reprodução/EditoraMelhoramentos

Um livro infantil de Ziraldo foi retirado temporariamente das escolas municipais da cidade de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais. Segundo comunicado da prefeitura nas redes sociais nesta quarta, 19, o motivo foi as reclamações dos pais sobre o conteúdo da publicação.

"Diante das diversas manifestações e, divergência de opiniões, procedeu à solicitação de suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro O Menino Marrom, do autor Ziraldo, a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas", informou a prefeitura nas redes sociais.

Publicado em 1986, O Menino Marrom narra o convívio de dois amigos, um negro e um branco, para entender qual a diferença das cores entre eles. Nas redes, alguns pais foram contra a decisão.

"Um absurdo! Inacreditável censurarmos um livro, principalmente uma obra de um mineiro tão consagrado", escreveu uma moradora. Ziraldo morreu em abril, aos 91 anos de idade.

"O livro fala em fazer pacto de sangue. Tem um trecho de uma velhinha atravessando a rua e duas crianças olhando e desejando a sua morte", reclamou um pai, que chamou o livro de "satânico."

"Suspendem Ziraldo e liberam o uso de celular nas escolas. Alunos com celular nas mãos não prestam 1 segundo de atenção, quem dirá a uma obra dessas... Estamos perdidos!", se queixou outro morador.

Nota da prefeitura

A prefeitura de Conselheiro Lafaiete afirma que O Menino Marrom aborda de "forma sensível e poética temas como diversidade racial, preconceito e amizade" e que é um "recurso valioso na educação, pois promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade."

Apesar disso, diz que lamenta "interpretações dúbias" e que, em "respeito aos pais e a comunidade escolar", iria suspender temporariamente o uso do livro em sala de aula para uma "melhor reflexão."

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