"Cinema de Griô" leva oficinas de adiovisual para comunidades quilombolas de Conceição da Barra. Crédito: Gustavo Louzada/IMA
Moradores de diferentes idades do Território Quilombola do Sapê do Norte, em Conceição da Barra, no Espírito Santo, se juntaram para contar, compartilhar e registrar em imagens e sons histórias inspiradas nas vivências de uma comunidade quilombola.
Após Porto de São Benedito, Porto Grande e Santana, agora é a vez do "Cinema de Griô" levar experimentações audiovisuais para outras localidades. Duas oficinas já foram realizadas. A segunda delas (em Sapê do Norte) foi aberta na quarta (27) com fim programado para esse sábado (29). A terceira será realizada de terça (1) a sexta (4), na Comunidade Quilombola Linharinho.
"Os encontros reúnem pessoas de diferentes idades para uma roda de conversa sobre o jeito de viver, os saberes, os fazeres, as riquezas e as memórias de cada lugar. Cada um é convidado a escrever para alguém sobre o que sente em relação à comunidade onde vive. Estas cartas dão pistas sobre quais imagens e sons devem ser registrados para contar estas histórias. Ao percorrerem o território, eles ampliam e aprofundam os olhares em torno do próprio cotidiano", conta Beatriz Lindenberg, coordenadora do Instituto Marlin Azul, responsável pelo projeto.
"Todos assistem e comentam o que foi captado e trocam impressões mediante um processo de reconhecimento, pertencimento, respeito e admiração mútuos, numa dinâmica coletiva e participativa. As vivências se entrelaçam fortalecendo esses vínculos e laços. A ideia é estimular a construção de filmes-cartas que vão resgatar e revelar as identidades e pluralidades locais e ainda dialogar com outras comunidades quilombolas por meio de um circuito de exibição", pontua.
PRÁTICA
A primeira oficina, realizada de 20 a 23 de julho, nas Comunidades Quilombolas de Porto de São Benedito, Porto Grande e Santana reuniu cerca de 50 pessoas. Os moradores acolheram o experimento de cinema de grupo proposto pelo projeto para resgatar memórias, paisagens, manifestações, versos, histórias e personalidades marcantes do território. Cada participante foi convidado a escrever uma carta direcionada a alguém que lhe trouxesse uma referência importante, seja familiar, religiosa, comunitária ou cultural.
Em um segundo momento, cada um leu o que escreveu. Ao mesmo tempo, os relatos eram gravados por membros do próprio grupo, criando uma rede de interação e conexão a partir das correspondências. Na etapa seguinte, os participantes saíram a campo para cada um escolher e registrar três cenas importantes do cotidiano relacionadas ao que escreveu. De volta ao grupo, todos compartilharam e comentaram o que sentiram e captaram em imagens e sons, ressaltando, especialmente, traços da cultura local como o Ticumbi, o Jongo e o Forró.
Os registros serão a base para a construção de um curta-metragem por oficina. Ao todo, o projeto resultará na produção de três filmes. Na etapa seguinte, as obras serão apresentadas em um telão de oito metros de altura por cinco de largura montado dentro das comunidades durante sessões gratuitas ao ar livre.
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