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Publicado em 27 de março de 2023 às 12:18
A Orquestra Sinfônica do Espírito Santo (Oses) começa 2023 repleta de novidades. Com abertura da temporada prevista para 12 de abril, com a "Quarta Clássica", no Sesc Glória (Vitória), a sinfônica inicia seu novo modelo de gestão, em uma parceria firmada entre o Governo do Estado - via Secult/ES - e a Companhia de Ópera do Espírito Santo (Coes), realizadora, entre outros projetos, do Festival de Música Erudita do Espírito Santo.
A Cia de Ópera - que tem como presidente Tarcísio Santório e diretora-executiva Natércia Lopes - foi a organização social (pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos) que ganhou o edital de convocação pública lançado em setembro de 2022.
A Coes deve garantir a gestão administrativa e a curadoria dos concertos, com parceria que objetiva dinamizar as apresentações da orquestra. Na área da cultura, esse é o primeiro contrato de gestão celebrado em parceria com uma organização social pelo Governo do ES. O modelo, contudo, já foi adotado no Estado por outras secretarias, como a da Saúde (Sesa) e da Justiça (Sejus).
É importante destacar um ponto, até para não confundir o público: a Oses continua a integrar a estrutura organizacional da Secult/ES e os servidores efetivos continuarão na lotação atual, sem qualquer alteração em seus vínculos empregatícios estatutários. Antes, boa parte dos músicos eram contratados em regime de designação temporária (DT). A partir de agora, com a nova gestão e novas contratações, os profissionais terão um regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
"A orquestra conta com 70 músicos, sendo 22 servidores do governo do Estado. Agora, por meio de seleção, contratamos mais 48, além de funcionários administrativos. Priorizamos os profissionais que estavam trabalhando como DTs. As outras vagas, foram preenchidas por avaliação de currículo e entrevista. Quanto à avaliação artística, ela será feita durante o período de experiência do contrato, que pode chegar a três meses", explica Tarcísio Santório, informando que apenas cinco profissionais cocontratados foram de fora do Estado. O resultado do edital de seleção de novos profissionais - realizada este mês - está disponível na internet.
Segundo a Secult/ES, o novo modelo de gestão da Oses permitirá mais flexibilidade para contratar músicos convidados, adquirir instrumentos de ótima qualidade - compatíveis com o repertório e também com o nível de execução pretendido -, alugar partituras de obras que ainda não estão em domínio público e encomendar novas obras musicais, renovando o repertório da orquestra.
Espera-se que o número de apresentações aumente, possibilitando o alcance de um público maior, incluindo municípios fora da Região Metropolitana e mais atividades com alunos das escolas públicas do Estado. Esse modelo vem sendo adotado no país desde o final da década de 1990. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), por exemplo, foi a primeira a ser gerida nacionalmente por uma organização social. Desde então, é reconhecida como a melhor da América Latina.
"A orquestra terá mais liberdade para a contratação de solistas, escolha de repertório e até de fazer anúncios nas redes sociais. O modelo anterior era mais burocrático, dificultando as inovações necessárias às ações culturais. Claro, vamos cumprir as metas estabelecidas por contrato com a Secult/ES, como trazer solistas de renome nacional", adiciona Santório.
Por falar em contrato, ele foi assinado neste domingo (26), em solenidade realizada no Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha, a partir das 9h. Na ocasião, aconteceu um concerto do Grupo de Câmera da Oses, que reúniu nove músicos, com um repertório descontraído e leve, trazendo obras clássicas e populares de Bach, Mozart, Saint-Preux, Gardel e Tom Jobim.
Do governo estadual, a Cia de Ópera deve receber o valor global da proposta, que é R$ 7.519.231,65. Por se tratar de contrato firmado com uma entidade do terceiro setor, sem fins lucrativos, a verba será totalmente destinada à gestão da orquestra, sendo a maioria para as despesas da folha de pagamento dos profissionais, além da programação, aquisição de documentos e logística.
Em tempo: o contrato, inicialmente, é de três anos, podendo ser renovado por até 25 anos, a depender do cumprimento das metas estabelecidas. Em caso de não cumprimento, pode ser repactuado ou até mesmo rescindido.
"A Companhia não receberá uma taxa administrativa para a gestão, mas ganhamos em prestígio. Gerenciar uma orquestra da importância da Oses acrescenta, e muito, em nosso currículo, pois ganhamos projeção nacional", reitera Tarcísio.
Ao "HZ", o presidente da Companhia de Ópera do Espírito Santo anunciou a primeira novidade que será implantada na orquestra em sua gestão. "Teremos a curadoria musical do maestro Gabriel Rhein-Schirato. Pretendemos criar uma temática específica para as as apresentações da temporada. Com ela, poderemos selecionar o repertório musical. Em 2023, vamos explorar assuntos relacionados ao meio ambiente", ressalta, se negando a dar mais detalhes. A novidade já chega na primeira apresentação, em abril.
Antes contratado como cargo de confiança, agora trabalhando com registro via CLT, pela companhia de ópera, Helder Trefzger, maestro titular da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo, aposta em bons frutos da nova gestão. "Acredito que o novo modelo nos permitirá passar para um novo patamar de qualidade", defende.
Secretário Estadual de Cultura, Fabrício Noronha destacou as mudanças benéficas que a nova parceria pode trazer. "Este é um momento muito importante e aguardado. A gestão da Orquestra Sinfônica do Espírito Santo em parceria com uma organização social, neste caso a Companhia de Ópera do Espírito Santo, vai possibilitar uma nova dinâmica para as apresentações", destaca.
"É um momento crucial para o fortalecimento da imagem da orquestra como patrimônio cultural do Estado. Estamos muito felizes e animados. Esperamos que isso se reflita em mais concertos, mais projetos e mais alcance, inclusive nacional", complementa.
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