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Publicado em 28 de dezembro de 2024 às 05:00
No Espírito Santo, a arte vai muito além dos palcos. Afinal, conciliar a paixão pela música com uma profissão fora dos holofotes é uma realidade para muitos músicos capixabas. Entre ensaios, apresentações e os desafios do dia a dia, esses artistas equilibram sua dupla jornada com o cenário musical capixaba, que ainda enfrenta barreiras e precisa ser mais valorizado.
Para esses cantores, viver da arte é um desafio diário que exige criatividade não apenas para compor ou performar, mas também para ser conciliada com outras profissões. Seja no atendimento terapêutico, em investigações policiais ou no comércio, eles transformam desafios em inspiração. E suas histórias mostram que, mesmo com as adversidades do mercado musical capixaba, é possível se reinventar e fazer da música um canal de expressão.
Enquanto sobe ao palco e solta a voz ao som de clássicos do rock nacional e internacional, Fran Jacomin – mais conhecida como Dona Fran – encanta o público com sua presença e versatilidade. O que muitos não sabem é que, além de cantora e compositora, ela também atua como psicanalista e ajuda pessoas diariamente a lidar com os desafios e bloqueios da mente.
Sua relação com a música começou ainda na adolescência, em Linhares, onde nasceu e cresceu. De lá pra cá, ela foi integrante de uma banda de baile e aos poucos foi se aperfeiçoando e descobrindo seu estilo. Influenciada pelo ambiente musical de sua família, Dona Fran sempre se viu apaixonada pela música.
Sua trajetória profissional tomou vários rumos. Se formou em Direito e atuou na profissão antes de realizar um sonho antigo: dedicar-se à psicanálise. Hoje, ela divide sua rotina entre consultas terapêuticas e os palcos, adaptando com leveza as duas paixões. Para ela, o segredo está em conectar pessoas, seja com palavras profundas ou por meio de acordes envolventes.
Jefinho Faraó dispensa apresentações. Com carreira na música capixaba há mais de 30 anos, o MC dono do hit "Faraó" é um dos precursores do funk e do movimento cultural negro no ES. Nascido e criado no Morro do Bonfim (Vitória), o funkeiro divide sua rotina entre shows, versos de rima e o atendimento ao público.
Com versos embalados por um discurso consciente e social, o artista começou a carreira em 1993, onde integrava a dupla Jefinho e Flavinho. Após o término da parceria em 97, ganhou o apelido de “Jefinho Faraó”, que marcou uma nova fase em sua vida musical. Desde então, sua musicalidade evoluiu, tornando-se uma referência no rap e funk capixaba.
Paralelo à música, Jefinho trilhou o caminho das vendas, inspirado pela mãe, uma ex-sacoleira que virou empresária. Essa experiência permitiu que ele transitasse entre gerações e se aproximasse mais do público, algo que é mútuo tanto no comércio quanto nos palcos. “Acabo lidando com o mesmo público, isso é maravilhoso!”, conta, ressaltando como as duas áreas se complementam.
Graciella D'Ferraz é a definição de versatilidade. Nascida em Vitória, a artista divide sua rotina entre a música e a investigação criminal. Cantora profissional desde 1997 e investigadora da Polícia Civil desde 1998, ela equilibra essas jornadas há mais de duas décadas.
Sua trajetória musical começou ainda na infância, ao cantar em festas de família. Mais tarde, ingressou em sua primeira banda, Essências da Bahia, e também participou de outros projetos. Hoje, além de cantar clássicos das décadas de 70, 80, 90 e músicas autorais, também atua nas delegacias como policial civil.
Apesar dos desafios, ela enxerga equilíbrio nas duas profissões: “Prender um criminoso pela manhã e subir ao palco à noite exige força emocional, mas a música é minha válvula de escape”, revela. Para Graciella, cantar é tão transformador quanto promover a justiça.
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