Fernando Torres, pai da atriz Fernanda Torres nasceu em Guaçuí . Crédito: TV Globo
Você sabia que Fernando Torres, pai de Fernanda Torres, a "Eunice Paiva" do filme "Ainda Estou Aqui", nasceu em Guaçuí, na região do Caparaó, ao Sul do Espírito Santo? Sim, ele era membro de uma família tradicional do município capixaba, e o pai dele foi o primeiro prefeito da cidade.
HZ foi atrás da história. Fernando Torres, casado desde 1952 com a atriz Fernanda Montenegro, teve dois filhos: o cineasta Cláudio Torres e a atriz Fernanda Torres. Nascido em 14 de novembro de 1927, em Guaçuí, ele faleceu aos 80 anos, em 4 de setembro de 2008, em seu apartamento em Ipanema, no Rio de Janeiro, vítima de um enfisema pulmonar.
Em 2020, em um raro registro em família, onde aparece ainda criança ao lado dos pais e do irmão, o cineasta Cláudio Torres, Fernanda compartilhou seu carinho pela figura paterna com um tom nostálgico.
"Quem me ensinou a ser mãe foi meu pai. Ele vinha de uma família bem brasileira, mineira, maranhense com índio, em que as crianças são 'a casa'. Me levava para pescar em Itaipu, comprava boneca, montava aeromodelismo. Saudades", publicou.
Fernanda Torres publicou homenagem para o pai, Fernando Torres, em 2020. Crédito: Redes sociais
Em novembro de 2021, Fernanda Torres usou as redes sociais para fazer nova homenagem ao pai. Publicou um trecho da crônica "A Dança da Morte" estrita por ela um dia após a morte de Fernando Torres, e publicada no livro "Sete Anos".
Devo ao meu pai toda a minha curiosidade científica, devo a ele dizer o que penso, devo a ele o cinema, a infância, Veneza, Machu Picchu, Buenos Aires e as montanhas russas. Devo a ele tudo o que sou que não é ser atriz, e certamente devo ao meu pai a promessa de alguma serenidade diante da velhice e da morte. Um salva de palmas para ele. Foi um guerreiro discreto, forte e corajoso
Fernando Torres, casado desde 1952 com a atriz Fernanda Montenegro, teve dois filhos: o cineasta Cláudio Torres e a atriz Fernanda Torres . Crédito: Acervo pessoal
Pai de Fernando Torres foi 1º prefeito de Guaçuí
Seu pai, Manuel Monteiro Torres, foi o primeiro prefeito de Guaçuí, e marcou a história do município. A reportagem de HZ apurou que na sede da prefeitura de Guaçuí há uma foto da família do primeiro prefeito, onde Fernando Torres aparece ainda criança.
Em Guaçuí, Fernando Torres dividia seu tempo entre os cuidados da mãe e as visitas às fazendas com o pai, que era médico. Uma memória curiosa desse período que ele costumava relembrar era o desgosto que sentia ao ser obrigado a tomar leite com nata, algo que o incomodava profundamente. Aos sete anos, sua família mudou-se para Vitória, onde o pai iniciou uma carreira política.
Na Capital do Espírito Santo, Fernando viveu até os 11 anos, em uma pequena praia chamada Santa Helena, que com o passar dos anos deixou de existir. Ele guardava lembranças afetuosas dessa época, referindo-se ao local como um verdadeiro “paraíso”. Contudo, carregava certa frustração por não ter aproveitado plenamente a infância, devido à superproteção da mãe, que o proibia de brincar descalço ou na chuva, afastando-o das travessuras típicas de outras crianças. Obediente, ele acompanhava as brincadeiras alheias apenas pela janela.
Na escola, Fernando era um aluno dedicado. No entanto, a tranquilidade da família foi interrompida pelo golpe de Estado de Getúlio Vargas em 1937, que instaurou o Estado Novo. Esse evento político forçou a família a recomeçar a vida no Rio de Janeiro, marcando o fim de sua infância na pacata Vitória.
Paixão pelo teatro
Formado em medicina, Fernando Monteiro Torres, encontrou sua verdadeira paixão no teatro, onde construiu uma carreira como ator, diretor e produtor de grande destaque. Participou de dezenove filmes e inúmeras novelas, marcando a televisão brasileira com personagens icônicos. Entre seus papéis mais memoráveis estão o médico aposentado Plínio Miranda, em "Baila Comigo" (de Manoel Carlos), e o sábio Tio Romão, em "Amor com Amor Se Paga" (de Ivani Ribeiro). Sua última atuação foi em "Laços de Família" (também de Manoel Carlos), no papel de Aléssio Lacerda, pai das personagens Helena (Vera Fischer) e Íris (Deborah Secco), que emociona o público ao falecer no início da trama.
Sua carreira teatral começou aos 22 anos, com a peça "A Dama da Madrugada" , de Alejandro Casona. Como diretor, estreou em 1958 com a montagem de "Quartos Separados" pelo Teatro Brasileiro de Comédia. No ano seguinte, fundou o Teatro dos Sete, ao lado de Fernanda Montenegro, Sérgio Britto, Ítalo Rossi e Gianni Ratto. Em 1961, recebeu o prêmio de diretor revelação por sua adaptação de "O Beijo no Asfalto", de Nelson Rodrigues.
Fernanda Montenegro e Fernando Torres se conheceram em 1950 durante uma peça teatral, se cansando dois anos depois. Fernando dizia que tinha sorte de ter se casado com Fernanda Montenegro e se dizia 'marido consorte'.
O teatro municipal de Guaçuí, sua cidade natal, leva seu nome em homenagem ao filho mais ilustre do município, com assinaturas suas e de Fernanda Montenegro no salão principal. São Paulo também abriga um Teatro Fernando Torres, localizado no bairro do Tatuapé.
Teatro Fernando Torres em Guaçuí
Fernando Torres morreu em 4 de setembro de 2008, no Rio de Janeiro, em decorrência de enfisema pulmonar. Em 2017, foi homenageado com a inauguração do Largo Fernando Torres, em Ipanema, eternizando sua relevância para a cultura nacional.
Largo Fernando Torres no Rio. Crédito: TV Globo
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