"Paisagem Ainda Que": Manfredo de Souzanetto abre exposição em Vitória

Coletânea ficará em cartaz na Galeria Matias Brotas até 28 de julho. Obras representam um compilado do material produzido pelo artista mineiro nos últimos dez anos

Vitória
Publicado em 24/05/2023 às 18h12
Exposição de Manfredo de Souzanetto é inaugurada em galeria da Mata da Praia

Exposição de Manfredo de Souzanetto transforma paisagens naturais em obras geométricas. Crédito: Divulgação

A exposição "Paisagem Ainda Que", de Manfredo de Souzanetto, entra em cartaz na galeria Matias Brotas, na Mata da Praia, em Vitória, a partir desta quinta (25).

Esta é a primeira mostra individual do artista mineiro no Espírito Santo e reúne desenhos, pinturas e esculturas desenvolvidos por ele nos últimos dez anos. A coletânea fica em cartaz no espaço até 28 de julho, com visitação gratuita. 

A vernissage contará com programação especial. Às 17h, será exibido um documentário que conta a vida e o processo criativo do artista e, às 17h30, os convidados poderão assistir a um de um bate-papo de Manfredo com Juarez Gustavo Soares, o primeiro capixaba a chegar ao cume do Monte Everest.

"Vocês verão um conjunto diversificado da minha produção dos últimos dez anos com esculturas, pinturas, obras sobre papel e serigrafias. Expor é sempre um exercício para reavaliar o que se produziu, retirar as obras do espaço do ateliê, ocasionando uma reavaliação e redirecionamento futuro. É mais uma reflexão que satisfação. Provavelmente tirarei lições para orientar produções futuras", disse o artista a HZ.

Explorando diferentes materiais, texturas e suportes, uma característica marcante do trabalho de Souzanetto, as obras exibidas são construídas a partir de duas paixões: a natureza e a geometria. O objetivo é fazer com que as pessoas enxerguem o mundo de uma forma diferente.

"Que as pessoas ampliem sua percepção do mundo em que vivem, ressignificando e percebendo o viver de outra maneira. E claro, vendo a beleza e alegria de estar no mundo", contou.

O apreço pela forma transparece no nome da mostra, "Paisagem Ainda Que". "Significa uma visão ampliada do conceito de paisagem que pode ser geográfico, mental, sentimental ou mesmo nostálgico. A indefinição do título deixa o conceito aberto para uma interpretação do espectador ampliando o conceito das obras expostas", explicou.

A natureza é a forma do divino se concretizar, é sua visibilidade. Estar em sintonia com a natureza é participar da grandiosidade da vida. Ela está sempre mudando e se criando. A arte é a mais bela metáfora da natureza e da vida.

TRAJETÓRIA

Com uma carreira que começou nas décadas de 1970 e 1980, o mineiro Manfredo de Souzanetto desenvolveu uma linguagem específica e personalizada. Considerado um dos mais promissores de sua geração, possui um amplo trânsito no Brasil, de onde vem construindo expressivo currículo, e na Europa, onde nos últimos anos expõe com regularidade.

Os primeiros trabalhos que despertaram a atenção da crítica e do público foram seus desenhos. Uma série sobre a paisagem mineira acompanhada do slogan "Olhe bem as montanhas" marcou o olhar de mais de uma geração de mineiros e recebeu uma crônica especial do poeta Carlos Drummond de Andrade.

A partir dos anos 1980, Souzanetto desenvolveu sua obra como um jogo de virtualidade e concretude, onde muitas vezes a moldura ultrapassa o limite da pintura e o suporte se fragmenta, refletindo a busca de novas possibilidades.

Usando pigmentos de terra, óxidos de ferro, resina acrílica, juta e madeira, o artista constrói composições abstratas e geométricas de impacto visual. São obras em que a pintura é um dos elementos constituintes e que procuram atuar no espaço real, sem o filtro da representação, buscando a tridimensionalidade.

Há no trabalho do mineiro um constante vai e vem entre a sensualidade da curva e a aresta viva do ângulo agudo, onde passamos do surdo ao vivaz, do orgânico ao geométrico. Formas trabalhadas em volume - como um corpo orgânico abstrato - vão criando descontinuidades, permitindo imaginar configurações a partir de uma estrutura fragmentada que invade o espaço.

No final dos anos 1990, o significado da obra de Manfredo é ampliado pela utilização de materiais não pictóricos, cujo objetivo é falar de cor, matéria e textura, vocabulário do fazer pictural, retirando da pintura seu caráter de superfície colorida. É também um trabalho que situa numa região fronteiriça entre a pintura e a escultura, o plano e o tridimensional, utilizando materiais como madeira, porcelana, vidro, couro, barbante, plástico, metais e pigmentos que vão produzir a cor e a matéria em seu trabalho.

*Com informações da assessoria de imprensa

SERVIÇO

  • EXPOSIÇÃO "PAISAGEM AINDA QUE", DE MANFREDO DE SOUZANETTO
  • QUANDO: De quinta (25) a 28 de julho
  • ONDE: Galeria Matias Brotas Arte Contemporânea. Av. Carlos Gomes de Sá, 130, Mata da Praia, Vitória
  • FUNCIONAMENTO: De segunda a sexta, das 10h às 19h
  • ENTRADA: franca

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