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Pocah lança "A Braba é Ela", EP que resgata suas raízes no funk carioca

Com cinco faixas, trabalho traz como destaque "Assanhadinha", batidão que conta com clipe gravado em Duque de Caixas, terra da cantora

Publicado em 19 de setembro de 2023 às 08:00

Pocah acabou de lançar o EP
Pocah acabou de lançar o EP "A Braba é Ela" Crédito: Ernna Coast

Avisa que, sim, a 'braba' é ela! Além disto, também é talentosa, empoderada e sabe respeitar sua ascendência. Assim Pocah pode ser definida em seu novo projeto, o EP "A Braba é Ela".

Disponível nas plataformas digitais, o trabalho traz cinco faixas que resgatam as raízes da cantora - quando ainda assinava como MC Pocahontas - e homenageiam o funk clássico carioca, claramente inspirado em grandes nomes femininos da cena, desde MC Sabrina, passando por Tati Quebra Barraco e Gaiola das Popozudas, até chegar a Anitta.

"Quis fazer um EP que tivesse minha identidade. Seja Pocah, Mc Pocahontas ou Viviane, meu passado é esse. Minhas raízes seguem iguais. O funk é a origem de tudo em minha carreira. O que já conquistei e ainda vou conquistar é resultado direto do funk e da transformação que ele causou em minha vida", afirmou a carioca, em entrevista coletiva que contou com participação de HZ.

O destaque do trabalho fica para "Assanhadinha", um batidão das antigas acompanhado de MC Durrony, outro funkeiro de Duque de Caxias, município do Rio (RJ), terra da arista. Na música, quase autobiográfica, Pocah canta sua juventude e a época em que pulava o muro de casa escondida de sua mãe (que hoje é evangélica) para curtir o tradicional baile de favela.

A faixa também é acompanhada de um clipe gravado em Campos Elísio, comunidade que sedia o Baile da RQ, que a carioca frequentava em outros tempos. "Eu vou passar 'sarrando'/Jogando o cabelo nele" é o refrão do momento.

Durante o bate-papo, a ex-BBB revelou ter recebido críticas de parte da opinião púbica por gravar o clipe em sua antiga comunidade. "Tive o desprazer de ouvir pessoas falando: 'Mais uma cantora entrando na favela e se apropriando da nossa cultura'. Essas pessoas nem sabem quem sou, não sabem da minha história e estão falando besteira, porque gravei na minha comunidade, onde cresci", desabafou, completando sua linha de raciocínio.

"Não pisei na comunidade como estrela, mas revivendo uma fase gostosa, com gratidão e humildade. Tem uma frase do Filipe Ret que diz, 'para saber onde se quer chegar, é importante lembrar de onde veio'. Sou grata à minha comunidade de Duque de Caxias por todas as vivências", enfatizou.

Sempre simpática, Pocah também falou sobre a liberdade que sua música, no caso o funk, lhe dá para expressar a sexualidade. "Me empodera como mulher quando canto 'passar sarrando jogando o cabelo nele'. Não posso cantar sobre a minha liberdade sexual? Posso e canto. Vão criticar, mas crítica nenhuma vai mudar o que penso", dispara. 

NOVOS ARES

"A Braba é Ela" também traz Pocah cantando em espanhol na faixa "Solta-Te", ao lado do grupo colombiano Piso 21. Uma mistura de funk e reggaeton que deu liga. 

“Tem uns três anos que estudo espanhol, mas não me sentia à vontade para cantar na língua. Gravei com o Piso em 2020. Gravei de um jeito e achei que meu espanhol evoluiu, então, regravei neste ano para poder relançar a música. Mesmo assim, ainda não tenho como objetivo me lançar na carreira internacional", afirma, dizendo que "A Braba é Ela" é apenas o início de um projeto que deve desembarcar no lançamento de um álbum em breve.

"('A Braba É Ela') Nasceu do álbum 'Cria de Caxias'. Dei uma empolgada e produzi mais de 50 músicas (risos). São faixas novas e ótimas, que me identifico bastante. Nossa ideia foi dividir o projeto em três partes: lançaremos dois EPs e um álbum. Neste, pretendo fazer uma mistura de ritmos, com o trap, o afrobeat, o R&B e o pop", adianta. 

Segura de si, e do sucesso da carreira, Pocah fala da representatividade do funk para estimular movimentos sociais, mesmo com todo o preconceito que o estilo musical ainda carrega.

"O funk me abraçou de forma libertadora. Até porque, sempre soube tratar-se de um ritmo marginalizado. A primeira vez que falei em uma roda de família (que queria ser funkeira), muita gente não entendeu o que queria quando ingressei na carreira como MC. Aquilo só me motivou. Quem desacreditou, achou que estava louca. Isso também me motivou (risos). Hoje, o mesmo estilo faz com que ganhe o meu sustento e de várias famílias que trabalham na minha equipe. Não há prova maior de valor", complementa. 

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