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Publicado em 17 de novembro de 2021 às 18:28
Símbolo da presença jesuíta no Brasil, o Santuário Nacional de São José de Anchieta será entregue nesta quinta-feira (18). Após quase três anos em restauração, o monumento religioso passou por obras de conservação e melhorias, além da criação de novos espaços para recepção e visitação do público.
Localizado no município de Anchieta, litoral sul do Espírito Santo, o complexo formado pela Igreja Nossa Senhora da Assunção e pela antiga residência jesuíta, recebeu reformas de climatização, sonorização, restauro do patrimônio arquitetônico, iluminação monumental e acessibilidade. O local ainda terá café, loja e paisagismo cultural no entorno. O valor total do projeto, de responsabilidade do Instituto Modus Vivendi, foi de R$ 10,5 milhões.
O projeto ainda conta com passarelas acessíveis no paisagismo e plataformas elevatórias para que os visitantes tenham acesso à Cela de São José de Anchieta e ao Centro de Documentação. Também foram colocados intérpretes em libras nos vídeos da visitação, além de adequar os banheiros conforme as normas técnicas de sinalização em braile.
Entre as novidades, estão os Centros de Interpretação, com roteiros textuais em inglês e espanhol, e de Documentação. As obras chegaram a ser interrompidas por causa da pandemia, mas a expectativa é de que o turismo religioso no Santuário seja retomado nos próximos meses, com a abertura para visitação.
O novo layout da templo traz peças da iconografia cristã, como o ambão, mesa da palavra e a cadeira do sacerdote, produzidas em mármore chocorosa (mistura de chocolate com rosa), do Sul do Estado do Espírito Santo. Além disso, o altar, centro simbólico do espaço celebrativo, também é de pedra natural capixaba.
Já os dois altares laterais foram restaurados recebendo douramentos em folhas de ouro. O teto do espaço recebeu de volta obras de arte, sendo uma delas do século XVI, com a imagem de Anchieta. O projeto ainda trouxe uma reforma piso do presbitério e melhorias no âmbito de sonorização, segurança e climatização.
Durante a restauração das pinturas do altar-mor e do Arco Cruzeiro, foram recuperados detalhes originais que estavam abaixo de camadas de tintas há mais de 450 anos, como uma pintura em relevo do século XVI encontrada na cor negra, feita com carvão, rara numa Igreja, provavelmente criada pelos indígenas.
A sacristia, mesmo resguardada, mantém uma área expositiva aberta à visitação com objetos litúrgicos que vão do século XVII ao século XX. Um dos armários, foi construído no espaço para abrigar algumas das peças mais sagradas do monumento, como relicários de Anchieta e de outros santos. O precioso acervo tem ainda, em especial, uma relíquia com fragmentos da Cruz de Cristo.
Para fazer a obra foram retirados 40 centímetros de terra da Igreja. O trabalho resultou numa descoberta arqueológica importante: cerca de 80 ossadas humanas que estavam, há mais de 100 anos, enterradas embaixo do piso do templo religioso. Os arqueólogos acreditam que essas pessoas tenham sido vítimas da gripe espanhola, uma pandemia do século XX.
O restauro de toda a imaginária do Santuário de Anchieta ainda registrou descobertas relevantes no que se refere à importância e ao valor das peças trabalhadas. Entre elas, estão imagens que vão do século XVII ao século XIX. Algumas delas com douramento e, por isso, também foram restaurados com folhas de ouro.
Considerada o coração de São José de Anchieta, a Cela foi o local onde o jesuíta morou e fez o último milagre antes de falecer. A Cela será o local para celebração do mistério, da fé e dos milagres. Logo na entrada, o espaço traz duas telas touch para orações. Suas paredes em pedra ficarão à mostra, bem como o teto em duas cores de madeira.
Dentro da Cela há apenas quatro elementos: um quadro com a imagem do santo, que veio de Roma no início do século passado, uma relíquia da tíbia, um crucifixo do século XVI e uma a bula de canonização, livro assinado pelo Papa Francisco que determina que o religioso é Santo.
O Santuário Nacional de São José de Anchieta passa a contar com um centro interpretativo, de dinâmica e comunicação maior e mais interativa. Todo o roteiro museográfico, desde a recepção, está ligado à história da vida e obra de São José de Anchieta, dos jesuítas do Estado do Espírito Santo e dos jesuítas do Brasil.
Há, ainda, o Centro de Documentação Jesuítica, espaço onde os visitantes poderão pesquisar importantes documentos catalogados e digitalizados. A sala é dedicada a estudos e reflexões sobre a vida de São José de Anchieta, dos Jesuítas e dos “Ameríndios”, e apresenta material único sobre todo o processo de canonização. Todos os espaços contarão com QR Codes.
*Com informações da Prefeitura de Anchieta
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